Saturday, December 26, 2009

O Natal

Não é que eu tenha alguma coisa contra, não, até porque cada um faz dos dias aquilo que muito bem lhe apetecer, mas eu não festejo o Natal. Para mim é apenas mais um dia, tal e qual os outros – sem árvore, sem presépio, sem nada. Recebi um casaco, um livro e uns filmes, mas isso também vou recebendo ao longo do ano.
Porquê festejar Jesus Cristo no dia do seu nascimento (que já nem se tem a certeza que seja mesmo dia 25 de Dezembro, mas isso é outra história)? Porque não festejá-lo todos os dias, enchendo a nossa vida de tolerância, de fraternidade e partilha com o próximo, de paz. Qual o sentido de nos acharmos muito católicos por festejarmos o Natal e a Páscoa, quando o resto do ano deixamos que as nossas vidas sejam regidas pelo ódio, pela ganância e pela guerra.
Eu cá prefiro festejar a nossa existência, festejar a natureza. E toma um sentido especial para mim festejá-la no solstício de inverno, festejando também o início de um novo ciclo, uma data celebrada desde tempos imemoriais pelos mais diversos povos. Sinto que é algo menos artificial do que o Natal - mais primordial, mais mágico. Este ano passei-o com os amigos e com a família. Foi um dia especialmente bem passado.

E quanto ao Natal ser um pretexto para juntar a família, talvez fosse melhor deixarmos todos de passar a vida a correr, e começar a partilhar cada momento da nossa existência com as pessoas de quem realmente gostamos – a nossa família e os nossos amigos.

Vivamos a vida, em vez de ficarmos imóveis a vê-la passar.
Carpe Diem!

Sunday, December 13, 2009

Vigília por Aminetu Haidar

Em greve de fome há 24 dias num parque de estacionamento do aeroporto de Lanzarote, Aminetu Haidar continua a morrer aos poucos. O governo espanhol não se limita ao silêncio e comporta-se como autêntico delegado diligente da ditadura marroquina. Do resto da Europa, governo português incluído (o partido que o sustenta nem a favor de um voto de solidariedade conseguiu estar), o silêncio cobarde. O Sara luta pelo mesmo que Timor lutou. A história é aliás quase igual. Mas os negócios falam mais alto. Aminetu Haidar, prémio Sakarov entre tantos outros, pode morrer a qualquer momento. Em solo europeu. Perante o silêncio cobarde de todos. Apenas porque não deixam regressar ao seu país, à sua casa, aos seus filhos. Apenas porque os mesmos que a elogiam e a premeiam são incapazes de aprender alguma coisa com o seu exemplo: o da dignidade e da coragem.
Quando Marrocos fez saber que ela só poderá regressar se pedir desculpas ao rei Mohammed VI, o seu filho mais novo, de 13 anos, disse: “A minha mãe nunca vai voltar a casa porque nunca vai pedir perdão ao rei.” Não por frieza, mas pela coragem de uma combatente, Aminetu mediu todas as palavras: “podem viver sem mãe, mas não sem dignidade”. Por mim, ao ver esta mulher firme e de paz morrer na Europa que se diz da liberdade sinto uma vergonha sem fim. E um desprezo enorme pelos cobardes que nos governam. Tivessem os nossos líderes um pingo do que tem Aminetu e estaríamos muito melhor servidos.


recebido por e-mail
(autor desconhecido)


Vai ter lugar amanhã, dia 14 de Dezembro das 18h30 às 20h30, uma Vigília de Solidariedade com Aminetu Haidar, na Praça da República, em Coimbra. Marcarei presença. Por um mundo mais justo. Por um mundo de efectiva liberdade.


[Página da Vigília no Facebook.]