Wednesday, September 30, 2009

De Revistas e Confrarias

Parabéns João, parabéns Márcio.

Aguardo ansiosamente pela distribuição da revista na nossa maravilhosa cidade de Coimbra. :)


Revista Confraria chega a Portugal

Periódico binacional oferece um amplo e irreverente panorama da arte, literatura e reflexão crítica contemporâneas.

Após quatro anos de contribuição para a literatura e crítica de língua portuguesa, com um formato online de prestígio internacional e mais de cinco milhões de acessos, a Revista Confraria converte-se numa edição impressa bimestral, editada simultaneamente no Rio de Janeiro e em Lisboa e com contribuições regulares de autores brasileiros e portugueses.

Após o lançamento no Brasil no passado dia 14 de Setembro, o número inaugural da Confraria chega finalmente a Portugal, numa distribuição que procurará chegar a número crescente de bancas e livrarias.

Para além de dossiês sobre vanguardas internacionais, perfis de autores menos conhecidos e entrevistas, a revista oferece também textos críticos, filosóficos, contos e poesia, sendo cada edição ilustrada por um artista plástico convidado. Adicionalmente, a revista conta com um conjunto de colunistas fixos de importante projecção, entre eles Luiz Costa Lima, Silviano Santiago, Gonçalo M. Tavares, Carlos Felipe Moisés, Clóvis Bulcão e valter hugo mãe.

Neste primeiro número o leitor pode encontrar, entre outras pérolas, material inédito de Arnaldo Antunes, Gonzalo Rojas, Maria do Rosário Pedreira, Octávio Paz, Raimundo Carrero e E.M. de Melo e Castro

Em Portugal, a Revista Confraria é coordenada por João Miguel Henriques (para qualquer contacto editorial ou pedido de encomenda escrever para joao@confrariadovento.com).

O primeiro número encontra-se já à venda nas seguintes livrarias de Lisboa (com a certeza de que muito em breve estará também disponível nas cidades do Porto e Coimbra):

Poesia Incompleta (R. Cecílio de Sousa)

Trama (R. São Filipe Nery)

Letra Livre (Calçada do Combro)

Pó dos Livros (Av. Marquês de Tomar)


(texto de João Miguel Henriques)

Sunday, September 27, 2009

Por um Galego Vivo na Costa da Morte

Falando-se de cultura e língua galega, podem-se apontar duas realidades - uma, a das grandes cidades, em que estas são praticamente inexistentes, devido à asfixia linguistico-cultural castelhana; outra, a do meio rural, em que o Galego é falado pela globalidade das gentes galegas, que mantêm viva a sua cultura.

E para reafirmar essa pujança da cultura galega nos meios rurais (como é o caso de grande parte da Costa da Morte, de difícil acesso) e, também, a teimosia de meia-dúzia de obstinados poetas citadinos, Miro Villar e Modesto Fraga apresentam-nos De Pondal ao Batallón Literario. 120 anos de poesía na Costa da Morte. Afinal, que melhor do que a Costa da Morte para paisagem literária?



Cando podes voar coa poesía

Tuesday, September 15, 2009

[Taizé] A Jerk Bishop and "Auto-Stop!"

Dia 5

Ontem estive na igreja de noite, durante uma hora e meia, a relaxar e a reflectir, por isso suponho que esteja perdoado de não ter ido à oração da manhã e do meio-dia [/ironia] - uma das coisas que me incomoda um pouco aqui em Taizé é ser quase considerado sacrilégio faltar às orações (as pessoas podem querer reflectir noutro sítio que não a Igreja, podem por acaso não poder ir à oração ou simplesmente não querer - e, na minha opinião, não vale a pena ir para lá contrariado). Anyway, estive na Igreja até tarde e acabei por também acordar tarde, cansado e algo estranho (estranho, não mal-humorado - é impossível estar-se mal-humorado em Taizé :D).
A meio da manhã fomos apanhar boleia para Cluny, a povoação mais próxima. É uma pequena e acolhedora vila, com um agradável ar medieval. Vale a pena visitar, sem dúvida. Principalmente se se souber que há lá uma piscina antes de se voltar a Taizé xD
Mas com o Big Washing Up voltou tudo ao normal. Uma pessoa fica como nova, com todas as batalhas épicas e o Paweł, a Magali, a Clare, o Artur, o Eduardo, o Gonçalo, a Catarina, o David, a Asia, o Moses e o Melchior. :)
Entretanto, estava um meeting português a decorrer. Mais por curiosidade do que por outra coisa, fui lá. Foi interessante enquanto estava o Irmão português a falar, sobre a história de Taizé e a sua evolução enquanto comunidade. No entanto, mais minuto menos minuto, começa o Bispo do Porto a falar, por ocasião do Encontro Internacional do Porto a decorrer na Invicta em Fevereiro do próximo ano. Começou por falar nas lamentáveis condições de vida que temos em Portugal, na pobreza que se torna cada vez mais evidente (isto quando Portugal se encontra entre os 50 países mais ricos do mundo) - adoro este tipo de discurso! -.-' Entretanto, salta para o típico discurso católico de "só se salva depois da morte quem tiver feito muitas boas acções e levado uma vida sem pecados", algo perfeitamente compatível com um Deus que perdoa, com um Cristo que, na hora da sua morte, fez de um ladrão seu amigo e prometeu-lhe salvação, por este estar arrependido. Orgulho-me tanto destes bispos coerentes nos seus discursos. -.-'
Todos nós erramos e aprendemos com os nossos erros (com alguns, pelo menos), e não vale a pena preocuparmo-nos ou massacrarmo-nos com os que já cometemos, mas tentar melhorar as nossas acções futuras, preocupando-nos com as nossas noções de bem e mal e não com o que alguém escreveu há dois mil anos atrás.
(Atenção, isto vem como respostas ao discurso do Bispo, mas é uma opinião tão válida como qualquer outra :P)



Day 5

Yesterday night I was in the church for an hour and a half, relaxing and thinking, so I assume I'm forgiven of not going to the morning and afternoon prayers [/ironic]... That's one of the things that bothers me a bit about Taizé - it's almost a sacrilege to miss the organized prayers. But the truth is we might want to go to other places or we might just don't feel like going there, so in my opinion there's no point of going against our will. Anyway, I was in church till late and I woke up late too, tired and feeling strange (strange, not in a bad mood - it's impossible to be in a bad mood while in Taizé :D).
In the morning we went to Cluny, the nearest village, by hitchhike. It's a small and warm village with a pleasant medieval atmosphere. It was definitely worth the visit. Specially when you do know there is a pool there BEFORE you go back to Taizé xD
With the Big Washing Up - with all those epic water battles, and Paweł, Magali, Clare, Artur, Crespo, Gonçalo, David, Asia, Moses and Melchior - everything came back to normal.. :)
In the meantime, there was a portuguese meeting taking place. Curious as I am, I went there. It was interesting while the portuguese Brother was talking about Taizé and its history and evolution as a community. But then the Bishop from Porto started talking about the International Meeting that will take place in Porto in February. He talked about the bad living conditions that we have in Portugal and how poverty is becoming more and more evident (this when Portugal is one of the 5 richest countries in the world!) - I love this kind of speech! -.-' After that, he just adopted the typical catholic speech, saying that "The only ones that attain salvation are those who live a life without sin and do a lot of good deeds", something completely compatible with a forgiving God, and a Christ, that in the cross promised salvation to a confessed burgler just because he regretted what he had done. (not) I'm so proud of these bishops whose speeches go with the Bible. -.-'
We all make mistakes and we all learn from them. There's no point in worrying or agonizing over it. Instead, we should try to improve our actions and act accordingly to our sense of righteousness, no matter what someone said 2000 years ago. If not even God judges us , who do we think we are to do it?
(This comes as a response to the bishop speech and it's only a personal opinion, as valid as any other. :P)

Sunday, September 13, 2009

O Tamanho da Minha Loucura



[Passeio de quinta-feira de manhã. Relaxante.]

xD

Thursday, September 3, 2009

[Taizé] Friends and a joint

[Aaaah, I was wrong. I was thinking and the reflection from Day 1 was written on the real first day, on the evening prayer, and not in the second day, on the morning prayer as I thought (in fact, I almost didn't sleep on the 24 hours trip, so I slept till 10 o'clock on the first day) xD And Day 2 was, in fact, the second day.
Oh, and as the reflection from the third day really sucked, I decided to jump to Day 4. ;)]


Day 4

We are making some good friends here.
We met awesome Polish, French, English, German, Spanish, Italian and even American guys. All of them very interesting, with different beliefs and ways of thinking. That's what makes this place so amazing, we can find any kind of people here.
But today three friends of ours are leaving because they smoke a zoint (I didn't understand exactly what it is made of, but it doesn't matter) and the guys from Taizé thought they were selling haxixe. Well, I spoke to them about it, and they told me they weren't selling. I can't be 100% sure, but I believe them.
Let's make this point clear – I’ve never tried drugs nor I want to (though… never say never). But it's our health, and it's a choice of each one of us. If they wanted to smoke drugs, well, I see no problem with it. It's their brain and lungs and body - nobody has nothing to do with that.
So, I don't agree with them being expelled. But maybe I'm just too liberal.
We'll keep in touch, anyway. :)



[Aaaah, afinal enganei-me. Estive a pensar e na verdade a reflexão do Dia 1 foi mesmo escrita no primeiro dia, na oração da noite, e não no segundo dia, na oração da manhã (quase não dormi na viagem de 24 horas, por isso dormi até às 10 da manhã no primeiro dia xD). E o Dia 2 foi, efectivamente, o segundo dia.
Ah!, e como a reflexão do terceiro dia foi verdadeiramente ranhosa, decidi saltar para o Dia 4. ;)]


Dia 4

Estamos a fazer bons amigos aqui.
Conhecemos fantásticos polacos, francesas, alemães, inglesas, italianos, espanholas e até um americano. Todos eles muito interessantes, com diferentes credos e maneiras de pensar. E é isso que torna este lugar tão fantástico, podemos aqui encontrar todo o tipo de gente.
Mas hoje três amigos nossos vão-se embora porque fumaram um zoint (não percebi exactamente de que é feito, mas também não interessa xD) e o pessoal de Taizé pensou que eles estavam a vender haxixe. Bem, eu falei com eles sobre isso, e eles disseram-me que não o estavam a fazer. Não posso estar 100% seguro, mas eu acredito neles.
Deixem-me esclarecer - nunca esperimentei drogas, nem o quero fazer (anyway... já aprendi a nunca dizer nunca), mas é a nossa saúde e uma escolha só nossa. Se eles querem fumar drogas, bem, não vejo nenhum problema. É o cérebro deles, os pulmões deles, o corpo deles - ninguém tem nada a ver com isso.
Não, não concordo nada com a expulsão. Mas talvez eu seja apenas demasiado liberal.
Manter-nos-emos em contacto, de qualquer forma :)

Wednesday, September 2, 2009

[Taizé] A Pray For My Grandmother

[Sobre o Dia 1, bem, de facto não foi o primeiro dia - na verdade, cheguei no dia anterior por volta do meio-dia -, mas foi o dia em que iniciei o Diário.]


Dia 2

A minha avó pediu-me para rezar por ela e pelo avô enquanto cá estivesse. Não acho que haja sítios mais ou menos apropriados para rezar - em Portugal ou em França, numa Igreja, num quarto ou num jardim, acho que é igual, apenas precisamos de senti-lo -, mas como a Igreja é um lugar tão bom como qualquer outro (e o ambiente é fantástico), aqui rezei.
Então, depois, pensei em rezar por mim. No entanto, rapidamente conclui que não faz sentido para mim pedir algo a Deus. A minha vida depende de mim e só de mim. Poderia pedir sucesso na escola ou em qualquer dos meus projectos, mas isso não depende de Deus, mas do meu esforço e dedicação. Podia pedir a Deus um mundo mais justo, mas se realmente quero um tenho de lutar por ele. Poderia pedir uma vida longa, mas aquilo que tiver que acontecer, acontecerá - se tiver que morrer amanhã, pois morrerei.
Eu prefiro tentar viver cada dia da minha vida como se fosse o último, aproveitar o que tenho em vez de lamentar o que não tenho, lutar por aquilo que acredito, sentir-me feliz. Fazem-se os possíveis, apesar de às vezes ser difícil - cá em Taizé, no entanto, é muito mais fácil. :)



[About Day 1, well, it was not the first day - in fact, I arrived the day before at noon -, but that was the day I started the Diary.]


Day 2

My grandma asked me to pray for her and for my grandpa here. I think that there are no better nor worse places to pray - in Portugal or in France, at a Church, in your bedroom or in a garden, it's all the same, you just have to feel it -, but because the church is a place as good as any other (and its' atmosphere is fantastic), I prayed.
Then, I thought about praying for myself but I soon concluded that it makes no sense to me. My life depends only on me. I could ask for success in school and in my other projects, but that does not depend on God, but on my work and dedication. I could ask God for a fairer world, but if I really want it I must fight for it. I could ask for a longer life, but if I have to die tomorrow, then I will die.
I prefer to try living every day of my life as if it is my last one, rejoicing in what I have instead of regretting what I do not have, fighting for my ideals, being happy. Sometimes it's hard but in Taizé everything is easy. Even washing bathrooms! :)

Tuesday, September 1, 2009

[Taizé] God is Too Big To Fit In One Religion

Dia 1

Estou na Igreja de Taizé. Os sinos tocam, anunciando as 8h15. Pela primeira vez em muitos anos, estou numa Igreja de livre vontade, e a apreciar o momento.
Por diversas vezes se tentou unir as várias religiões num clima de paz, a maior parte das vezes de forma infrutífera. Aqui, no entanto, não há lugar para religiões nem para as suas divergências. Aqui, católicos, ortodoxos e protestantes convivem num clima de total harmonia e comunhão (infelizmente não se vêem muçulmanos, judeus, hindus, budistas ou taoístas) - aliás, não é preciso sequer acreditar-se em Deus para aqui se estar. O que está em causa, na minha opinião, é o nosso bem estar e aperfeiçoamento interior - e se isso passar por Deus, excelente, mas se não passar, muito bem na mesma.
Sim, há uma forte base cristã na comunidade de Taizé - como se pode ver nas orações, que giram todas à volta de Jesus Cristo e d' O Senhor -, mas penso que isso não constitui um ponto contra Taizé nem um empecilho a crentes de outras religiões. Afinal, a mensagem primordial é a mesma, de paz e amor, fale-se de Jesus, Moisés, Siddaharta ou Maomé.



Day 1

I'm at the Church. The bells ring, telling us it's 8h15. For the first time in many years, I'm in a church at my own free will, and enjoying my time.
Many times people tried to gather different religions in an atmosphere of peace, and most of the times they failed. But here there's no room for religious differences. Here, catholics, orthodoxes e protestants live in harmony and communion (unfortunately, I saw no muslims, jews, budists, hindus or taoists) - it's not even essential that you believe in God to stay here. As I see it, we are just talking about our well being and searching for inner growth - and if you need God, excellent, but if you don't, excellent as well.
Yes, there's a strong christian basis in the Taizé community - as can be seen in the prayers which are all about Jesus and The Lord - but I think that that's neither a weakness against Taizé nor an obstacle to other beliefs. After all, the original message is the same, a message of peace and love, whether we talk about Jesus, Moses, Siddharta or Muhammad.