Wednesday, October 28, 2009

Serenata da Latada 2009

Não foi excelente, não, mas foi o suficiente para me fazer querer ver a do próximo ano (que espero que decorra com menos percalços).

Começou com um ruidoso problema de som que ameaçou arruinar a Serenata. Por momentos, ouviram-se uns lastimáveis apupos. Mas os estudantes acreditaram e ficaram, e finalmente voltou-se a ouvir o fado, fazendo-se jus ao É Preciso Acreditar.

Outro problema é o barulho que os estudantes fazem. Não digo que seja culpa deles, a maior parte das vezes inclino-me mais para culpar o álcool, mas há pessoas que vão para lá para ouvir a Serenata, e não as conversas dos outros.

Para o ano, lá estarei. Espero eu.
Neste ano valeu-se-me a companhia.

Monday, October 26, 2009

Gripe A, porreiro pá!

Depois de ter ouvido boatos de que da vacina contra a Gripe suína podem advir efeitos secundários que poderão levar mesmo à morte, a recusa de um grande número de médicos e governantes a tomá-las apenas traz apenas veio reforçar a ideia que já desde há algum tempo se ia formando na minha cabeça.

É caso para dizer, não se morre da doença, morre-se da cura!
Eu cá prefiro morrer da doença, o que, sejamos coerentes, seria extremamente improvável, para um jovem da minha idade e não tão frágil assim.


[Já agora, os parabéns ao meu conterrâneo Boaventura de Sousa Santos, condecorado pelo Governo Brasileiro com a Gran-Cruz da Ordem do Mérito Cultural de 2009.

Por último, e por coincidência, uma ligação para um texto escrito, precisamente, por Boaventura de Sousa Santos - O Hipnotizador.]

Sunday, October 18, 2009

Ainda o Rebuliço

Parece que a agitação que se tem verificado nas águas do Fantástico não é tão passageira como se poderia à primeira vista temer.

Este último semestre de 2009 tem já uma agenda fantástica muito preenchida, com O Fantástico em debate já no próximo dia 27 de Outubro, no auditório Maestro Frederico de Freitas em Lisboa.

Mas ainda antes disso, vai-se realizar a primeira de uma série de Tertúlias organizadas pela Simetria - Associação Portuguesa de Ficção Científica e Fantástico, no IST-Taguspark, na sala 0.32. Realiza-se já nesta segunda-feira às 19h00 e tem como título "Os Direitos das Inteligências Artificiais". Para além desta, realizar-se-ão ainda este ano outras duas, no mesmo sítio e à mesma hora, nos dias 16 de Novembro e 14 de Dezembro.
Ainda fruto do acordo celebrado entre a Simetria e o Instituto Superior Técnico, vai-se realizar uma feira de livros usados de FC&F, no campus do IST-Taguspark de 14 a 16 de Dezembro de 2009. [Segundo o blog oficial da Simetria, "A Feira do Livro ainda carece de uma autorização final para a sua realização", que esperam obter brevemente.]

E por esta altura deveria estar para acontecer o já clássico Fórum Fantástico, mas foi anunciado o interregno deste evento que, por razões já explicadas aqui, voltará apenas em 2010. Mas o Rogério Ribeiro, um dos nomes a quem mais o Fantástico luso como o conhecemos hoje deve, já meteu mãos às obras e garante-nos que não nos vai deixar desocupados - nos sábados 21 e 28 o Conversas Imaginárias, um conjunto de apresentações e debates, tomará lugar na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro. O Rogério promete-nos um evento inteiramente virado para participantes nacionais, com um dos sábados dedicado ao cinema e à concept art, e o outro à literatura e banda desenhada.


Mas como sem produção não há mercado, passemos então a novos desafios e concursos, que também surgiram nesta última semana.

Pela Saída de Emergência, foram finalmente abertas as submissões ao Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshead para Doenças Excêntricas e Desacreditadas. Há muito que este tinha sido anunciado no site, mas apenas agora foi divulgado o regulamento do desafio. A editora, aproveitando a tradução para português da obra The Thackery T. Lambshead Pocket Guide to Eccentric & Discredited Diseases, onde podemos encontrar contribuições de autores como Neil Gaiman e Michael Moorcock, China Miéville e Alan Moore, lançou "o apelo a todos os médicos literatos de língua portuguesa para que submetam os casos mais excêntricos com que tenham tido que lidar na sua prática do dia-a-dia, por muito desacreditados que a medicina tradicional os tenha decretado", que figurarão no Almanaque junto de tão prestigiados autores. As submissões devem pautar-se, como é óbvio, "para além da maior competência clínica", por uma "irrepreensível utilização da língua portuguesa ao serviço de uma imaginação transbordante, original e satírica".

Não menos importante, ainda que acessível apenas a alunos, docentes e funcionários não docentes do Instituto Superior Técnico, é o Concurso Mini-Contos IST lançado pela Simetria, aberto a submissões com não mais de 150 palavras até dia 30 de Novembro.


Para terminar, referir a Colecção Мир, que será lançada pela Antagonista Editora já no primeiro trimestre de 2010.
Ficaremos todos de olho nesta nova colecção de Ficção Científica e Terror Fantástico.

;)

Monday, October 12, 2009

Dois ou três títulos e um Rebuliço

Nos últimos tempos temos tido uma forte movimentação nas águas do mercado português de literatura fantástica. E, tendo em conta as fortes reticências com que os leitores e editores recebem e publicam ficção curta, é com agrado que vejo diversas antologias e revistas a serem publicadas num tão curto espaço de tempo.

A Saída de Emergência preencheu, em Julho, um espaço do mercado de Ficção Cientifica em português que há muito urgia ser preenchido, publicando Com a Cabeça na Lua, uma antologia que recolhe diversos contos de autores como Heinlein, C. Clarke e Asimov, que escreveram sobre uma, na altura ainda hipotética, viagem à lua, e que traz ao público português dez exemplos da ficção cientifica "hard" da Golden Age. E agora, volvidos três meses sobre esta publicação, a SdE prepara-se para publicar uma colectânea de contos de Arthur Machen, "um dos homens mais importantes do início do século em escrita fantástica e no terror", intitulada, precisamente, de O Terror.
Também graças à Saída de Emergência, pudemos ler, no fim do semestre passado, na Bang! nº 6, diversos contos e artigos da autoria tanto de autores portugueses como de estrangeiros.
Passados uns meses, já depois da dissolução do fanzine Nova [RIP ='( ], Roberto Mendes e Rita Comércio quebraram o monopólio da Bang!, lançando o primeiro número da revista Dagon. Um formato algo diferente daquele a que temos sido habituados, mais próximo do público na medida em que não se limita aos habituais nomes do chamado fandom (atenção, emprego este termo sem qualquer preconceito), e mais abrangente, não se limitando apenas à literatura fantástica, mas estendendo-se às manifestações do Fantástico na música, no cinema e nas artes plásticas.
Mas também a Gailivro, que está igualmente de parabéns pelo trabalho que tem feito no meio, surpreendeu, publicando ficção curta. E mais, ficção curta portuguesa - As Atribulações de Jacques Bonhomme é o título da colectânea da autoria de Telmo Marçal, na minha opinião um dos nomes mais geniais da ficção cientifica lusa. E aqui gostava de fazer um pequeno aparte.

Enquanto Telmo Marçal é um nome desconhecido para a maioria dos fãs portugueses de fantástico, é, para mim, um dos nomes (a par de Luís Filipe Silva e Jorge Candeias, entre outros) que primeiro me vem à cabeça quando se fala de ficção científica portuguesa. Tomei o primeiro contacto com a sua escrita quando li a fantástica antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados, e rendi-me automaticamente. "O Pico de Hubert", para além de ser uma história passada numa distopia caótica, bem imaginada, com um enredo soberbamente orquestrado, é-nos nos dada a ler através da escrita de Telmo Marçal, sem dúvida dotado de uma grande mestria nesta arte.
Mais tarde, dei com alguns contos da sua autoria nos números 2 e 3 do Hyperdrivezine, que podem ser lidos aqui [foi o Ricardo Loureiro (também editor da recém-extinta Nova), um dos melhores editores de revistas que temos por terras lusas, na minha opinião, que o publicou pela primeira vez, ainda no formato website deste Hyperdrivezine], e no nº 5 da Bang!, que apenas fizeram reforçar a minha excelente opinião sobre o autor. Rapidamente se tornou, portanto, um nome a seguir com atenção.
No entanto, nos últimos tempos, nunca mais tinha ouvido falar dele. Foi, então, com alguma surpresa e muito agrado, que me deparei com esta colectânea. Finalmente em papel, depois de passar pelo Hyperdrive, "o Dragão Quântico, o Hyperdrivezine, o sítio Neolivros, a Scarium, o Tecnofantasia, o Phantastes, o Somnium[,] (...) a Nova" e, "até[,] (...) a antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados".
Ainda não li As Atribulações de Jasques Bonhomme, mas estou muitíssimo curioso. Valerá a pena a leitura, sem qualquer dúvida.
[Crítica de Rui Baptista ao livro do Telmo Marçal no Bela Lugosi is Dead.]

Mas voltando ao tema inicial do post, não só antologias, colectâneas e revistas têm dado movimento às águas outrora um tanto estagnadas do Fantástico português. Também inúmeros concursos têm surgido, aqui e ali, para escritores de ficção científica a steampunk, de fantasia a horror, sejam eles já consagrados ou estejam ainda a dar os primeiros passos.
Gostaria de começar por fazer referência à Antologia Vaporpunk, para a qual foi feita a última chamada na semana passada, no Efeitos Secundários. Prazo de submissão a acabar já dia 18.
Por outro lado, mas também no seguimento de um texto publicado por Luís Filipe Silva no seu blog, Roberto Mendes lançou no Correio do Fantástico um desafio que, idealmente, culminará numa antologia em que versarão sobre "a conquista do espaço, a colonização de outros planetas, (...) que tipo de humanos farão a conquista (ou se esta falhará) e, principalmente, utilizando como personagens centrais os portugueses desse tempo: serão portugueses conquistadores ou falhados?". Para ler aqui.
Mas também do outro lado do atlântico surgem projectos interessantes. Informa-me o Márcio: Até 15 de janeiro de 2010, a Andross editora estará selecionando contos para a coletânea Tratado Secreto de Magia, a ser lançada em abril de 2010 na Biblioteca de Literatura Fantástica Viriato Correa, em São Paulo. Nosso objetivo é receber contos relacionados não só com a magia, mas também feitiçaria e bruxaria, desde histórias que remetam à realidade histórica, como a Inquisição, até tramas que sejam ligadas à fantasia, no estilo Harry Potter. Este Tratado Secreto de Magia é apenas uma das antologias que a editora Andross está a organizar de momento. Moedas Para o Barqueiro será uma antologia de contos que terão como temática a Morte, e os textos poderão ser submetidos até 30 de Janeiro de 2010. 2054, como o próprio nome faz antever, será constituída por contos de ficção científica, enquanto que Histórias Liliputianas será uma colectânea de 50 microcontos sem nenhum tema padrão - os prazos para submissão são, respectivamente, 30 de Novembro e 15 de Janeiro. E, agora fugindo um bocadinho ao tema do post porque sei que interessará a alguns leitores do blog, a Andross está também a organizar um antologia de poesia intitulada Ecos da Alma. [Para mais informações e contacto dos organizadores, consultar a página de cada antologia.]
Por fim, apenas uma última referência à Antagonista Editora, que está à procura de autores lusófonos, não só de Portugal, do Brasil e de África, mas também de Goa, Macau e mesmo da Galiza.

Wednesday, October 7, 2009

O Pesadelo Financeiro Americano

O fim da abundância
Pelos padrões americanos, a nossa família está a passar por necessidades financeiras. No rescaldo da crise económica, o meu marido perdeu o emprego e agora ganha menos de metade do que ganhava. Com um filho no jardim-escola e um recém nascido para criar, temos vivido sob grande pressão. Depois de fazermos as contas, decidimos que eu ficaria em casa, sacrificando assim o nosso seguro de saúde. Os miúdos têm Medicaid. Passamos agora sem tantas coisas que antes tomávamos por garantidas. Temos reduzido as despesas sempre que possível. Se o meu marido não tivesse recebido uma assinatura vitalícia da vossa revista quando era criança, não a teríamos. Começámos, com relutância, a aceitar a ajuda governamental para alimentar a nossa família. Faremos o que for preciso para não perdermos a casa. Esta manhã estava absorta em autocomiseração e a queixar-me sobre o estado das nossas finanças. Fui lá acima amamentar o bebé.
Quando me instalei com o meu filho nos braços, olhei para a fotografia das páginas 50-51 e vi um bebé a morrer de fome na Etiópia. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de vergonha. Enquanto observava aquele rapazinho escanzelado, não pude deixar de compará-lo com o bebé rechonchudo que tinha ao colo. Aquele menino não é menos acarinhado do que o meu filho. Aposto que, se a mãe dele fosse subitamente atirada para a minha vida, não saberia o que fazer com tanta sorte. Não teria tempo para se queixar. Estaria demasiado ocupada a cozinhar os feijões e o arroz que eu desdenhei, plantando legumes no quintal e alimentando o filho.
brigada por nos lembrarem que o modo de vida americano não é o padrão mundial.

Comentário de Melisande Timblin (Carolina do Norte, EUA)
na National Geographic nº 103

Monday, October 5, 2009

Relativismo Moderado

Pois é, fui convidado pelo Francisco Castelo Branco do Olhar Direito a participar num recém nascido blog de nome Os Relativistas Moderados. Pareceu-me interessante a premissa, por isso aceitei.
Estou curioso para saber que rumo vai tomar o blog. À primeira vista consegue-se identificar ali pessoas com formas de pensar diversas, o que promete tornar as coisas interessantes.

Contribuirei quando puder, que certamente não será com tanta frequência quanto gostaria. Para já, fica aqui o link para a minha primeira (pobre) divagação, se alguém estiver interessado em lê-la.

Sunday, October 4, 2009

[Eleições] Parte 1 - Prognósticos só depois do jogo

Se há coisa engraçada nas noites de eleições é que todos os partidos vencem, aconteça o que acontecer (vá, menos o PSD, neste caso). O PS porque ganhou as eleições, o Bloco porque subiu 50% e duplicou os deputados no Parlamento, o CDS porque passou a terceira força política e a CDU porque ganha sempre.

Na minha opinião, e se é que há alguma coisa a acrescentar depois de já toda a gente ter comentado as legislativas relativamente a vencedores e derrotados, o único e grande vencedor foi o CDS. E com grande mérito. Estão de parabéns por toda a sua campanha, com um excelente marketing político. Com pouco fizeram muito, colocando as perguntas certas e atraindo muita gente. Se concordo com as ideias deles? Não, mas tenho de lhes tirar o meu chapéu.
O PS? Perdeu, porque perdeu a maioria absoluta e porque ganhou as eleições não só mas também graças ao receio de muitos de que a Manuela fosse tomar conta do país.
O BE perdeu também, na minha opinião. Sim, duplicou a sua representação parlamentar e subiu mais de três pontos percentuais, mas não foi a alternativa viável e convincente escolhida pelos portugueses. Há muitos pontos em que concordo com o Bloco e com o Louçã, mas há também propostas e ideias que me parecem algo descabidas ou irrealizáveis, no estado em que estamos. O que é facto é que eles não conseguiram convencer os portugueses (nem sequer os mais jovens - sabemos que mais de 50% dos votos do CDS nos grandes centros urbanos vêm dos eleitores que votam pela primeira vez). Não digo que tenha sido um mau resultado, mas estava à espera de mais.
Quanto aos nossos amigos comunistas do arco da velha, o resultado é um sinal de que os tempos mudam e que as ideias se devem ajustar a essas mudanças. O discurso e as ideias do PCP tornaram-se obsoletos há muito - a URSS já passou à história e já tivemos tempo para concluir que não é, de longe, o modelo ideal. O comunismo é um sistema com que simpatizo, e se a CDU tivesse um discurso e propostas inovadores provavelmente até levaria o meu voto - mas, assim, não.

No geral, nem fiquei descontente com os resultados. Pareceram-me justos.
Dos partidos "médios", temos o CDS a ganhar de forma merecida, o BE com um bom resultado mas um aviso de que precisa de se esforçar ainda mais para a próxima, e a CDU com um sinal de que precisa de uma volta bem grande se não quer ficar esquecida.
O PS ganha e perde ao mesmo tempo, mas ao menos a Manuela não vai para lá. Teremos, então, políticas de continuidade, o que é bom para o país (que com o faz-desfaz do PS-PSD não se vai a lado nenhum). Não concordo com muitas das coisas que o Sócrates fez, mas o que é facto é que precisávamos de alguém com tomates para arriscar, para ao menos tentar fazer avançar o país.