Monday, March 30, 2009

Uma Sexta-Feira Diferente das Outras.

Achei soberba, a performance de sexta-feira, na Trama. Fica aqui o vídeo, com partes da sessão de poesia sonora (que teve uma hora de duração e, por isso, teve de ser condensada):



O poema da 3ª peça (no vídeo) é, para mim, apesar da sua simplicidade extrema, simplesmente sublime.
a cada homem
o seu nome
a sua sina

a cada tartaruga
o seu sopro
o seu padrão
de carapaça
in O Sopro da Tartaruga,
de João Miguel Henriques


Esta peça vai ser apresentada mais um vez por Márcio-André, Bruno Santos, Karinna Gulias e João Henriques em Idanha-a-Velha, já este sábado. Se gostaram do que viram aqui e vivem no Interior ou têm possibilidade de ir, não percam ;)

Thursday, March 26, 2009

A não perder

Vocês, afortunados habitantes da Capital, não percam, amanhã por volta das 10h30, uma excelente performance de Márcio-André e os poetas convidados Bruno Santos, João Miguel Henriques e Karinna Gulias, na livraria Trama. Foi com eles que passei o fim-de-semana em Monsanto e, digo-vos, vale mesmo a pena ouvir este fantástico espectáculo de poesia sonora. ;)

Para quem não puder ir, eles vão fazer a mesma performance na Catedral de Idanha-a-Velha (Castelo Branco), uma antiga metrópole que entrou em decadência há 500 anos e agora tem 79 habitantes (segundo a Wiki).

O poeta Márcio-André vai ainda dar, em Coimbra, uma conferência (ou será uma palestra...?) intitulada «A Didática pelos Quanta». Se estiverem por aqui perto no dia 1 de Abril, dêem cá um saltinho. ;)

Monday, March 23, 2009

Um Domingo Exuberante

Dedicado a este fantástico domingo:




A Sunday smile, and we felt the true.

Friday, March 20, 2009

Escuta, s. f.

Escuta
substantivo feminino

1. acto de escutar
2. detecção e registo de comunicações ou conversas telefónicas, radiofónicas ou outras, entre pessoas, sem que estas se apercebam
3. lugar onde se escuta
4. sistema de recepção de ondas radioeléctricas, cujo objectivo é registar e controlar as telecomunicações

[Infopédia]


Hoje fiz um teste de "Escuta Activa" à disciplina de Português, com o objectivo de avaliar as nossas capacidades de assimilação auditiva.

Quando escutava atentamente o poema de Camões, declamado pausadamente pela minha professora, esta pergunta-me porque é que raio é que eu não estava a escrever nada, ao contrário de praticamente todos os meus colegas. Puta que pariu, será que esta docente de Língua Portuguesa não sabe o que quer dizer escuta?! A porcaria do teste serve para avaliar as nossas capacidades auditivas, não a nossa interpretação escrita! Para isso já vou fazer um teste na segunda!


Sinceramente, duvido cada vez mais deste sistema de ensino. Neste ano, muito sinceramente, a coisa que mais me útil pode ser no futuro aprendi-a fora do tempo de escolar - o Alemão. Para além da química/física, é claro, que quero seguir.
De resto, parece apenas que nos andam a aparvalhar. Ai, antes que me alongue, até à próxima blogação. Um dia escrevo um livro a reclamar do ensino xD

Tuesday, March 17, 2009

Magia?

No Workshop dado pela professora Graça Capinha na última sexta-feira, do qual resultaram os dois poemas que publiquei no último post, comparou-se a poesia à magia.
Fiquei curioso com a quantidade de parecenças entre uma coisa e outra. No final de contas, a magia parece quase uma metáfora de poesia.

Por um lado, na poesia (ou em alguma), temos o objectivo de quebrar as leis da linguagem, de mudar o mundo. Mudá-lo através de palavras, versos, estrofes, em que o poeta expõe os seus sentimentos, as suas ideias. Henry David Thoreau fê-lo, assim como Whitman e muitos outros.

Mas então, o que é a magia (falo do conceito "popular") senão um conjunto de cânticos ou invocações em forma de verso, muitas vezes com rima? Magia, feitiços para ajustar a realidade à nossa vontade, tal como fazemos com a poesia.

E, com portões escancarados, o meu pensamento fluiu. Fluiu como uma torrente, em direcção à Inquisição, um dos períodos mais negros da história Europeia.
Durante a Inquisição assistimos a uma luta impiedosa contra a magia, em que milhares de pessoas são condenadas à Morte, por toda a Europa. Teoricamente, a Inquisição procurava julgar os praticantes de magia, as bruxas e os feiticeiros que falavam com o Diabo. Mas, como todos nós sabemos, por detrás de toda essa teoria encontravam-se interesses políticos e pessoais, e até ódio guardado entre vizinhos.
Tudo isso e não só. A Inquisição tinha também uma manifesta posição contra o progresso. Quem não sabe de tudo aquilo por que Galileu passou apenas por dizer que era a Terra que se movia à volta do Sol?

Mas em relação à magia "reprimida" pela Inquisição. Afinal, será mesmo a prática de magia aquilo que eles condenavam? E porquê a fixação na figura feminina, porquê a fixação na bruxa?
Talvez o termo magia tenha sido utilizado como um substituto de poesia. Quiçá as bruxas não tenham sido meras mulheres que lutavam pela sua condição social, que declamavam poemas a favor da emancipação do fantástico ser feminino. Ou de outras quaisquer mudanças sociais.


Talvez esteja a dizer uma grande barbaridade, mas o que é facto é que temos um (vários, melhor dizendo) exemplo de algo parecido - Zeca Afonso, durante o Estado Novo. Escrevia poesia, talvez como faziam muitas mulheres (e homens) durante o período da Inquisição, e usava-a como arma. E sofreu, assim como muitos homens e mulheres sofreram na Idade Média, às mãos da Igreja.


Agora pergunto-me se isto soa assim tão idiota. Mas pronto, aqui fica. Idiota ou não, uma divagação. Convém não ficar emerso na inactividade cerebral em que nos querem manter xD

Sunday, March 15, 2009

Catch

Dois poemas que escrevi no Workshop de Escrita Criativa dado por Graça Capinha, que decorreu no Centro de Estudos Sociais da Fluc, na sexta de manhã.
Ficava muito contente se gostassem, mas duvido xD




A paisagem está a nascer,
mesurada pelo brilho dos punhais
de cada um.
A magnólia,
da sua chama das margens da páginas –
o resto fica, em cinzas.
[Exercício de Catch com leitura simultânea de
A Paisagem está a nascer, de Fiama Hasse Pais Brandão
Retrato de Uma Sombra, Paul Celan
A Magnólia, Luísa Neto Jorge]


Meus
passos.
Em cinzas,
o continente.
E cada um
fica.
[Exercício com base no poema da minha mãe,
resultado do mesmo exercício Catch.]

Tuesday, March 10, 2009

Um Bairro de Lata Apaixonante


Por ocasião do meu 15º aniversário, na segunda feira, fui ver o Slumdog Millionaire, com as expectativas extremamente altas. Afinal, o filme recebeu 8 Óscares, n'é?

Pois bem, e não fiquei nada, mas mesmo nada, desiludido :P

O filme dá-nos a conhecer Jamal K. Malik, acompanhando-o desde pequeno, quando vivia num bairro de lata de Mumbai, até ao servidor de chá numa empresa multimilionária de telecomunicações. E, intercalado com a história da sua vida, vemos o seu desempenho no "Quem Quer Ser Milionário?" indiano.
Se tiverem possibilidade de ver este filme, não hesitem. Com uma realização fantástica (o modo como a história nos é apresentada é simplesmente fantástica), uns actores cinco estrelas e uma banda sonora arrebatadora, é um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos. Sem dúvida.

Já agora, aqui ficam duas músicas fantásticas do filme. Ambas nomeadas para o Óscar de Melhor Canção Original:






Saturday, March 7, 2009

É isto uma Tertúlia, não é? :P

Ontem, foi uma das melhores noites dos últimos meses, para mim.
Conheci um pouco da noite de Coimbra. Coimbra, uma cidade famosa pela sua intensa actividade nocturna (ou não fosse um cidade de estudantes! :P). Para ser sincero, não gostei especialmente do ambiente, pelo contrário - é extremamente difícil falar com alguém com tanto barulho. Mas o que me agradou mais foi a companhia.

Mas contextualizando:
Ontem, às cinco e meia da tarde, houve o lançamento do número 11 da revista "Oficina de Poesia", no TAGV (Coimbra). Na minha opinião, esta revista é de louvar pois é das poucas que existem neste país graças a uma mulher. E mais - que tem a coragem de publicar poesia de autores não-consagrados.
O número inaugural desta revista data já de 2002, e esta é, desde aí, dirigida por Graça Capinha, professora na Fluc, e editada pela Palimage.
Este número 11, no qual a minha mãe viu o seu primeiro trabalho publicado (:D), conta com a normal presença dos alunos que participam nas cadeiras de Poética e Escrita Criativa e de Oficina de Poesia (que dá o nome à revista), leccionadas pela Graça Capinha. Isso não é novidade, mas neste número podemos também ler poesia dos "Poetas em Residência", o americano John Taggart e a italiana Cristina Babino. Pouca é a poesia de que gosto realmente, mas os poemas de John Taggart deliciaram-me completamente.
[Em conjunto com o nº 11, já do ano passado mas um pouco atrasado, foi lançado também o nº 12, desta feita com textos dos poetas residentes Márcio André, brasileiro, e Miro Villar, galego.]

Depois disso, estávamos eu e a minha mãe a pensar o que fazer a seguir, quando a Graça chega ao pé de nós e nos pergunta se não queremos ir ao jantar dos poetas. A minha mãe aceitou (e eu todo contente =D), e lá fomos nós com outros dez poetas, entre eles o Márcio André e o Miro Villar, jantar num restaurante absolutamente fantástico, na parte velha de Coimbra.
Nos últimos meses tenho feito um esforço para me tornar mais sociável, para ser mais "normal", mas ontem senti-me sem dúvida um peixe dentro de água. Desde os temas de conversa (música, literatura, cultura, poesia) ao português usado (um português melódico, correcto), sempre com muita descontracção e humor inteligente (ou não :P) à mistura.

Depois de o jantar acabar, veio a parte mais interessante, na minha opinião.
Fomos para um pequeno e rústico bar na Sé Velha. Éramos apenas cinco, o que proporcionou conversas, na minha opinião, mais "profundas". Pudemos falar mais entre nós, de assuntos desde o Acordo Ortográfico às condições de vida no Brasil, passando por problemas sociais, sociedade e política, ou mesmo a ausência dessas.
Houve um verdadeiro intercâmbio de culturas - nós bebemos da cultura brasileira, através do Márcio André, e ele bebeu da nossa.
É fantástico como, num dia, conheci tanta gente com maneiras de (vi)ver as coisas tão interessantes e totalmente diferentes do grosso da população mundial. Visões que, muitas vezes, coincidem com as minhas. :)

Os poetas são mesmo seres fantásticos! ;)


[Links que vos poderão interessar:
- John Taggart na Wiki
- Site de Márcio-André
- Site da Palimage]


PS: Podem ver a lista dos números publicados da "Oficina de Poesia" aqui. Para quem estiver interessado em adquirir a revista (ou as revistas :P), mandem um e-mail para palimage@palimage.pt ;)