Tuesday, April 29, 2008

Vida de Cão

Well, há bocado estava a vir para casa e vi uma senhora a, supostamente, passear o cão. A questão é que algumas pessoas levam os cães a passear e depois andam a arrastá-los pela corrente em vez de lhes darem liberdade, como é suposto. Nunca percebi isto muito bem: se se leva um cão a passear, é suposto deixá-lo andar ou tratá-lo como um adereço, levando o cão para onde o dono quer? Depois admiram-se que os cães começam a ter comportamentos violentos e que se sentem "presos" em casa. Queria ver se deixassem as pessoas em casa 5/6 do dia e no pouco tempo que as deixavam sair as levassem presas por uma corrente, sem ter em minima consideração o pescoço de, supostamente, os nossos "amigos"/"companheiros"/whatever.

(Post sobre a semana passada ainda a ser escrito :P)

PS: Eu até podia criar uma etiqueta de nome Coisas Muito Importantes que Não se Enquadram em Mais categoria Nenhuma especialmente para este post, só para ter piada, mas acho que vou mesmo colocar como Coisas Sem Grande Importância.

Monday, April 28, 2008

Ausência

Só para dizer que, depois de 5 dias sem (praticamente) tocar na net, voltei (no sábado à noite).
Depois de ter começado a escrever um post e já ir a um bom bocado, o PC foi abaixo e eu tive de recomeçar, por isso é que ainda não o viram. De qualquer forma é só para avisar que está uma blogação a ser preparada.

;-)

Saturday, April 26, 2008

Uma Semana Sem Posts, Mas Cheia de... Coisas!

Então passo a explicar o porquê da minha inactividade durante esta semana:
Vontade não me faltou, mas eu andava muito lento com o Nas Sombras de Coimbra (sempre que vinha ao PC perdia-me nos blogs e foruns, e acabava por não escrever nada lol [<- yay! isto é para rir!]) que, para o ter pronto um bom bocado antes do prazo, tive de me privar da net enquanto não o acabasse. Efectivamente, ainda não o acabei, mas já não aguentava mais - desde segunda-feira só vim à net uma vez por causa de um trabalho de História e meia-dúzia de vezes por causa do texto. Depois de ter passado o dia de ontem e o de hoje a escrever (2000 palavras ontem e 2500 hoje + revisões :D), já não podia ver páginas cheias de palavras escritas por mim à frente. Tinha de vir alimentar o meu vício. E por isso, aqui estou eu. O texto já está quase no final, mas não deu mesmo para o acabar hoje, por isso fica para amanhã. Para além de que se está a afastar demasiado da história recheada de acção que tinha idealizado para enviar para o concurso. Penso que, sendo apenas um quinto da história acção pura, fiquei ainda com menos hipóteses.



E como acho que não consigo fazer uma blogação sem falar em coisas sérias, deixo-vos aqui um link de um texto pequenino, mas bom de ler. Não, Não é Normal



Ah!, e quanto ao já falado Life Must Go On In Gaza and Sderot, há um post novo. Comentei-o (saí-me bem com o inglês, até :-D [tive uma pequena ajuda da minha mãe XD]) e li os comments. De alguns gostei, de outros nem tanto.

Pela "negativa" (da minha perspectiva), gostava de citar o escrito por "Bernhard":

i live in Ashkelon...

as long as the State of Israel existed...

its people have been targeted by terrorists...

in the North, in the Center and in the South...

Sderot is no exception...

as long as the leaders of hamas, hizbollah, lebanon, syria and iran exist...

forget about peace...

Épá... Como é que é? Desde que o Estado de Israel existe, dizes tu? Que eu saiba foram os israelitas que foram ocupar a Palestina, que eu saiba foram os israelitas que tiraram aos palestinianos as suas terras. E que eu saiba não são só israelitas que sofrem com o conflito, são também palestinianos. Mas acho que aqui a nacionalidade não interessa, pois os que levam com rockets palestinianos em cima e servem de alvo aos soldados israelitas são principalmente inocentes


... e o escrito por um "anónimo":

I feel for your desire to have peace. Being fired upon from both sides will do that; however, where is the outcry in Gaza for peace. The people in Gaza elected the Hamas and unfortunatly for them; they, got what they asked for. Why don't they complain to the Hamas leaders. If they stop firing rockets at Isreal, the reprisals will stop. If it does not stop, then the world opinion will force it to stop. Were are the leaders in Gaza asking for peace; I don't see any.

Tuesday, April 15, 2008

Abril é Mês de Luta!

ABRIL É MÊS DE LUTA!

· Porque pagamos 950 euros de propina;
· Porque a Acção Social Escolar é insuficiente;
· Porque nos querem retirar dos orgãos de gestão;
· Porque o Processo de Bolonha diminui a qualidade do nosso ensino;


PORQUE EXIGIMOS

UM ENSINO SUPERIOR

QUE SEJA PÚBLICO GRATUITO

E DE QUALIDADE!

(um cartaz afixado na UC

reprodução exacta do texto)



Realmente... Já viram ao ponto a que isto chegou? É que para além de tudo o que eles referiram, ainda podemos deduzir que o Ensino Português (logo desde a Primária) é uma grande porcaria... É que nem sequer lhes ensinaram que devem separar os vários elementos de uma oração através de vírgulas...

(Chamem-me picuinhas, mas quem elaborou o cartaz devia ter um mínimo cuidado... É que está espalhado aos sete ventos aqui na Universidade, em folhas de tamanhos desde A3 a A0...)

Saturday, April 12, 2008

Mas afinal, quem quer a guerra?

Estive a passear por este vasto mundo de bloggers e entretanto dei com um destaque de um blog chamado Life Must Go On In Gaza and Sderot que me chamou imediatamente a atenção. O blog é feito em parceria por um palestiniano e um israelita, que vivem em Gaza e em Sderot, respectivamente. São ambos apoiantes da paz e, só pela forma com que mostram a necessidade da paz fiquei logo agarrado ao blog, apesar de ser em inglês. Cada vez me convenço mais de que me subestimo em relação ao meu inglês: apesar de a minha expresão não ser a melhor, li o blog na perfeição (ainda não o li todo). Achei especialmente curioso como cada um deles diz que o seu grupo de amigos anseia pela paz e pensa que os "outros" não o querem. Com uma leitura superficial do blog torna-se perfeitamente evidente que há uma grande manipulação da informação por parte dos media. E isso ainda se torna mais evidente quando se vêm sequências de comentários do género: "Desculpa lá, 75% do controlo dos recursos é da responsabilidade do Hamas; eles é que vos fazem pensar que somos nós, israelitas, que bloqueamos a Faixa de Gaza" e "Não, os media israelitas é que fazem pensar isso, porque efectivamente a culpa é deles".
Mas o que é importante reter de tudo isto é que, mesmo com os governos a mandar as culpas uns para os outros nos seus jogos mesquinhos, os dois povos estão unidos pela paz, mesmo que não na totalidade. Em 2003 (se bem me lembro a data de publicação de O Perfume da Nossa Terra), segundo a ideia que ficou retida na minha mente, os israelitas pela paz eram uma minoria mas, pelo que ando a ver, essa minoria começa a crescer.
Estaremos, finalmente, a caminhar para a Paz? É que os apoiantes da guerra estão cada vez mais desacreditados, mesmo dentro da comunidade israelita, segundo percebi....

VIVA A PAZ!



Já agora, encontrei também uma lista de bloggers e entradas israelitas em inglês, segundo sei permanentemente actualizada: English Writing Israeli-bloggers.


Ver também o post principal sobre o Conflito Israelo-Palestiniano e a respectiva discussão, se faz favor ;-)


(imagem tirada de Free Palestine!)

Wednesday, April 9, 2008

Acordo Ortográfico

Eu tenho andado interessado neste assunto, e tenho ouvido falar muito sobre este acordo. Tenho navegado muito pela net e tenho-me deparado com inúmeros comentários baseados num diz-que-disse interminável e acho que nem mesmo nos noticiários se tem dito coisas acertadas. Eu próprio fundamentei as opiniões que tenho deixado por aí no diz-que-disse, e grande parte do diz-que-disse está absurdamente errado.
Até pareceria mal se eu não deixasse aqui um texto opinativo sobre o tão badalado Acordo Ortográfico e por isso decidi aproveitar um post que eu elaborei para O Cantinho dos Livros, muito elucidativo (mas não totalmente correcto – quer dizer, penso que este que vos apresento já está).
Não vou enumerar os pontos errados que se pensam os principais do Acordo, que afinal não é acordo nenhum, pois vai haver duas grafias diferentes para as mesmas palavras, dependendo da sua pronúncia. Isto tem toda a lógica, mas só torna o acordo ortográfico ainda mais absurdo. O seu objectivo é unificar as várias línguas descendentes do português arcaico (têm uma origem comum, mas como eu não deixo de afirmar, foram adoptadas por povos diferentes, em continentes diferentes, e sofreram as mais diversas evoluções e influências), que tem uma base comum mas o próprio vocabulário é extremamente divergente de língua para língua. E mesmo no vocabulário comum, a forma como os vocábulos são ditos varia de língua para língua. Como se pode concluir, este acordo unificador não tem lógica, logo desde início, e ainda por cima não unifica nada, pois a ortografia de imensas das palavras contempladas no acordo vão ser variáveis de país para país.

Penso que o seguinte texto vos pode esclarecer melhor sobre o acordo, como fez comigo:


A ORTOGRAFIA DE TODOS
(Irma González [linguista])

Não é preciso sermos sociolinguistas para constatarmos que as portuguesas e os portugueses (académicos e extra-académicos) não aceitam como justificada a actualização da norma ortográfica da língua.
O debate sobre o último acordo ortográfico para os oito países que usam a língua portuguesa (com uma população aproximada de 230 milhões de falantes) tem-se diluído, entre os cidadãos do mundo lusófono no contexto europeu, em dados e informações de cientificidade e rigor linguístico duvidosos.
Isto porque a questão que sobrevoa a problemática da implementação do texto de 1990 - pretensamente unificado ou unificador - é, na minha opinião, a colonização linguística que as pessoas vislumbram nesta ideia de unificação. E digo colonização porque as alterações propostas têm sido avaliadas à luz das transformações que provoca a irrupção da variedade brasileira da língua no espaço europeu, facto que é inequivocamente aliado do crescente desconhecimento das regras do sistema linguístico e do próprio acordo por parte dos portugueses (1).
Explica-se, deste modo, que em certas notícias se afirme que «[o] acordo ortográfico consagrará de facto, a ser ratificado pelo Parlamento, a substituição do português pelo brasileiro»(2).
Tem-se referido, só para citar dois exemplos, que, em Portugal, passará a escrever-se "fato" em vez de "facto" embora se pronuncie o c , por uma questão de renúncia face aos brasileiros que escrevem e dizem "fato". E, ainda, que «os portugueses deixarão de escrever "húmido"; para usar a nova ortografia - "úmido".(3)», em atenção à tradição ortográfica do Brasil. Nada de mais falso(4).
Na verdade, o acordo ortográfico não introduz uma completa homogeneidade na grafia das palavras em língua portuguesa, é um facto, mas tenta reduzir ao mínimo as diferenças existentes entre as suas variedades. Ou seja, tendo uma ortografia similar para todos, pretende-se uma escrita em harmonia com uma norma única, mas apenas nos casos em que a grafia não entra em contradição com a pronúncia culta (norma-padrão) de cada variedade. E esta devida ressalva vale igualmente para o Brasil como para Portugal.
Esse foi, quanto a mim, o desígnio orientador dos investigadores que tiveram a espinhosa missão de redigir o problemático acordo.
Assim, no que a "cedências" específicas de Portugal, PALOP e Timor (tendo este último aderido em 2004) face ao Brasil diz respeito, esta ortografia propõe a eliminação de algumas sequências consonânticas interiores, como cê e pê efectivamente não pronunciados, por exemplo, com o qual palavras como "acção" e "arquitecto"; "adopção" e "Egipto" passarão a ser escritas, respectivamente: "ação" e "arquiteto"; "adoção" e "Egito". Mas não propõe, como se tem ignotamente afirmado, que em vocábulos consagrados nas pronúncias como tal, do tipo "pacto" ou "rapto", se passe incongruentemente a escrever "pato" e "rato"!
Paralelamente, no português do Brasil as alterações específicas passam, efectivamente, pela supressão do trema (não usado em Portugal desde o acordo de 1945) e do diacrítico (acento gráfico) em ditongos ei de palavras graves, presente na ortografia brasileira em vocábulos como "idéia" e "européia". Já a supressão do acento em ditongos oi (do tipo "heróico" e "jibóia") afecta de igual modo a tradição ortográfica de ambos os países (Portugal e Brasil).
O acento circunflexo, igualmente maltratado nos confusos entendimentos sobre o acordo, é também eliminado nas palavras com acento na penúltima sílaba (chamadas paroxítonas ou graves) terminadas em oo, como "vôo" e "enjôo", usado apenas no Brasil, e da 3ª pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo de verbos como "crer", "ler", "dar", "ver" e seus derivados, que passarão a escrever-se, em Portugal como no Brasil, "creem", "leem", "deem" e "veem", respectivamente.
Não se prevê, como é evidente, a eliminação de circunflexo nas 3ªs pessoas do plural das formas verbais "ter" e "vir" no presente do indicativo ("têm" e "vêm", portanto) e suas derivadas «a fim de se distinguirem de tem e vem 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs pessoas do singular do imperativo»(5).
Ora, o que interessa reter desta formulação é que resulta insustentável continuar a afirmar que este acordo ortográfico pretende obrigar os portugueses a escrever de um modo que não falam, por se tratar de uma dominação brasileira ou de uma concessão à academia sul-americana, que não pretende aceitar as evidências linguísticas do outro lado do Atlântico. Ainda por cima, com o argumento invocado da liderança política e económica, sem se questionar pelo facto de uma língua não se impor nem pela economia nem pela política, mas sim pelo seu legado cultural(6). Portugal, convém recordar, é quem tem o mérito da criação de um sistema linguístico e da divulgação da matriz de onde surgiram os hábitos verbais e culturais dos brasileiros. A História confirma-nos isso (7).
Em suma, para além das questões de Linguística pura da ortografia em causa (que poderemos discutir mais tarde) - que me obrigam a admitir que certas decisões académicas são, senão inexplicáveis, pelo menos discutíveis - é preciso reconhecer que não há, intrinsecamente, uma intencionalidade de coacção linguística que determine a subjugação do português europeu na expansão neo-imperialista dos brasileiros. Pelo menos desta vez e neste acordo ortográfico, não.

Notas:
1.Vejam-se, a propósito das minhas afirmações, os comentários à implementação do acordo no portal www.sol.sapo.pt , onde aparecem opiniões deste tipo: 1) «[a]agora, sem mais nem para quê, uns traidorezitos apelidados de eruditos querem dar de fiado a estabelecida língua portuguesa a esses pobres indígenas que se estabeleceram na parte mais ocidental da Europa»; 2) «(...) actualmente (ao contrário do séc. XVI) quem é que coloniza quem? até nas telenovelas... e o poderio económico que aí vem? fazem um furo e descobrem 8 mil milhões de barris... o 5º território mais extenso do mundo... "bué" de recursos naturais... Eh pá, isto são factos». Disponível em:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=66779
2.Cfr. «Un acuerdo entre siete Estados revoluciona la ortografía de la lengua portuguesa. Las nuevas normas consagrarán de hecho la sustitución del portugués por el brasileño» Por Nicole Guardiola - Lisboa - 07/01/1991- Disponível em www.elpais.com
3.Cfr. «Acordo Ortográfico: O que vai mudar quando estiver em vigor. Os efeitos não serão imediatos - mas a disposição recentemente anunciada pelo governo português de aprovar até ao final do ano o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa poderá ter desfeito algumas dúvidas, atenuado reticências, dissipado mesmo suspeições de "bloqueio"». Por Lusa - 11/11/2007 - Disponível em www.diariodigital.sapo.pt
4.Note-se que não há referência alguma à palavra "húmido" no texto do acordo. Das supressões de h propostas, nenhuma afecta a ortografia portuguesa e, ainda, são salvaguardados os casos em que, por força da etimologia, há a manutenção do grafema. Logo, o vocábulo em causa, podemos inferir, mantém a ortografia actual. Cfr. Base II - «DO H INICIAL E FINAL», in Texto oficial do Acordo Ortográfico de 1990.
5.Cfr. Base IX, 5º, c) do texto oficial do Acordo Ortográfico de 1990.
6.Se o argumento da superioridade económica como factor de imposição linguística fosse válido, não se explicaria que apesar do potencial militar, científico, etc. dos ingleses do Séc. XIX, o francês continuasse a ser a ÚNICA língua cultural e de "elite" desse século e de boa parte do seguinte, na Inglaterra inclusivamente.
7.Lembre-se que o Marquês de Pombal impôs o uso obrigatório do português em território brasileiro, mas essa imposição foi quase desnecessária pois a língua já se encontrava aí generalizada ao tempo do Padre António Vieira e suas doutrinas. No Oriente no séc. XVI, só para citar outro exemplo da expansão lusófona, quando a língua franca era o português, todo o rei local dominava a língua ou dispunha de um intérprete de português. Porque quem controlava os meios de comunicação, a nível marítimo - para trocas, diplomacia e viagens -, eram os portugueses. D. Manuel I enviava para África e Oriente «mestres de ler e escrever» com o encargo de lá abrirem escolas onde se instruíssem as crianças, e com eles seguiam carregamentos não apenas de catecismos, mas também de livros de leitura em língua portuguesa.

Como disse, e volto a repetir, considero absurdo o Acordo. Quer dizer, em comparação com o que se anda a espalhar aos 4 ventos, este acordo unificador é o paraíso, até porque as alterações até são relativamente lógicas, e as que não o são são mentiras, boatos. Mas de unificador é que não tem nada, porque vamos continuar, e muito bem, a escrever de maneiras diferentes, com base na pronúncia erudita de cada um dos países.

Outra questão que é muito levantada pelos editores tem como base o prejuízo que eles vão ter em revisão e reedição das suas obras. "É pá", em caso de editoras de livros de estudo e manuais escolares, tudo bem, mas em editoras de livros de ficção não tem lógica nenhuma que isso se faça. Também temos regras de pontuação e não somos obrigados a segui-las (vejam-se os livros do Saramago), por isso acho que não tem lógica obrigar-se os autores a escrever segundo o Novo Acordo Ortográfico.
Da minha parte, nunca esperem ver nada publicado de acordo com o Acordo.

Quanto ao K, W e Y, que vão passar a, oficialmente, fazer parte do nosso alfabeto...
O W, esse, nunca pertenceu ao nosso alfabeto, mas o K e o Y, antes da Reforma Ortográfica de 1911, a ele sempre haviam pertencido. Até essa data, o y era muito usado no português (em palavras como physica, lyra, lyrio, physiologia e estylo).
Portanto o que está a acontecer é um retorno às origens, ainda que continuemos a escrever física, lira, fisiologia e estilo XD
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Noticia publicada no site da Leya:

LeYa Notícias
Texto vai lançar os primeiros Dicionários do Acordo Ortográfico

[10/03/2008]
Na sequência da ratificação plena do novo Acordo Ortográfico, concluída na passada semana, em Conselho de Ministros, a Texto Editores vai lançar, na próxima sexta-feira, dois dicionários conforme este Novo Acordo e um pequeno guia que visa dar a conhecer as alterações ortográficas por ele introduzidas. As três edições contaram com a colaboração de João Malaca Casteleiro.
Atenta às modificações que o agora plenamente ratificado Acordo Ortográfico irá introduzir na língua portuguesa, a Texto Editores preparou e vai lançar no mercado, esta semana, dois dicionários e um guia elaborados conforme o Novo Acordo Ortográfico. A partir da próxima sexta-feira, 14 de Março, estarão disponíveis o «Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» e o «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico», bem como um pequeno guia intitulado «Atual – O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português». As três obras contaram com a colaboração do Professor, Investigador e Linguista Doutor João Malaca Casteleiro e do seu colaborador Pedro Dinis Correia.
Os dois dicionários que a Texto agora lança são as primeiras obras lexicográficas elaboradas segundo o novo Acordo Ortográfico de 1990 e representam um marco importante na afirmação da lusofonia, uma vez que, dando corpo ao Novo Acordo, seguem, de forma sistemática, as normas nele consagradas, tanto para a variante lusoafricana como para a variante brasileira do Português. Além disso, estas obras foram totalmente actualizadas do ponto de vista lexicográfico e reflectem uma criteriosa e adequada modernização vocabular e uma significativa inclusão de vozes originárias do Brasil e dos países africanos de língua oficial portuguesa.
O «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» integra mais de 250 mil entradas, locuções, idiotismos e vozes da fraseologia e constitui uma obra alargada, de luxo, em caixa de dois volumes, de 1024 páginas cada um, e vendida unicamente como conjunto. Esta edição apresenta um aspecto gráfico inovador, com capa em pele branca, títulos gravados em relevo a prata e bronze e num tamanho superior ao habitual. Esta edição terá um P.V.P. de 139,90 Euros.
Por sua vez, com 125 mil entradas, locuções, idiotismos e vozes da fraseologia, o «Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» integra-se na família de Dicionários e Obras de Referência da marca UNIVERSAL e apresenta-se como uma edição para uso diário em ambiente académico, profissional ou outro. O P.V.P. deste dicionário será de 38, 50 Euros.

O livro «Atual – O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português» é um guia acessível e de consulta rápida sobre as principais mudanças no acordo. Apresentará um preço de 4, 90 euros.
Estas três obras são hoje as únicas no mercado elaboradas conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.


Bem, o acordo ainda não está aprovado e está a gerar muita controvérsia entre o povo português (mesmo associações como a APEL estão contra – ver discurso do representante [Rui Beja] aqui - de salientar a parte em que ele disse que, com a implementação deste Acordo, o trabalho levado a cabo durante mais de três décadas para a elaboração do maior e mais completo dicionário da nossa língua, o «Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa», teria sido em vão; «Foi obra! Continua a ser obra! Caso este Acordo Ortográfico viesse a ser aplicado, passaria a ser lixo para largas dezenas de milhares de portugueses que o adquiriram; sem qualquer ganho para a língua portuguesa!», disse ainda.) e, por isso, acho precipitada a acção da LeYa. Já adquiri o Houaiss e, mesmo que o Acordo venha a ser implantado, vou escrever como sempre escrevi, pelo que o dicionário não passa a ser lixo, não para mim. Agora, caso o Acordo não ande para a frente, será sim um grande prejuízo para a LeYa.
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Outra coisa que detestei nele foi o facto de ser considerado obrigatório para todos os nove países com língua oficial portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor) quando três deles o ratificassem.
Não é, definitivamente, democrático. Devia ser com maioria, pelo menos.
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Atenção ainda a outro pormenor: aqui as ortografias divergentes são as do Brasil, de um lado, e as de Portugal, dos PALOP, dos locais de língua oficial portuguesa na Ásia e Timor, do outro. Isto é, o único país que está “contra” nós é o Brasil.
O Acordo só irá para a frente se formos parvos.

O Estado da Literatura em Portugal (II)

Um pouco na continuação de O Estado da Literatura em Portugal, gostaria de citar um post publicado às 12h07 no Blogtailors - O Blogue da Edição, chamado "Nova Secção nas Estantes".

Não podia concordar mais.

Monday, April 7, 2008

O Estado da Literatura em Portugal

«Não sou um escritor de referência, mas daqui a 10 livros... quem sabe?"
Cláudio Ramos, à VIP (citado ontém na revista do 24horas, p. 06).

Primeiro foi a Carolina Salgado, agora o Cláudio Ramos... Nem sei o que dizer.


PS: Quero ver se hoje ou amanhã repondo aos comentários às blogações anteriores ;-)

Saturday, April 5, 2008

Conflito Israelo-Palestiniano

Bem, eu pensei que o problema se estava a resolver, mas parece que não. Qual não foi o meu espanto quando, ao chegar à 45ª página do nº 146 [Abril 2008] do Courrier Internacional, me deparo com um artigo traduzido do Yediot Aharonot, de Telavive, com o titulo “Como aterrorizar Gaza sem matar”. Logo o título fez-me repudiar o artigo (e a headline «Gases lacrimogéneos e música ensurdecedora… Para acabar com os tiros de “rockets” do Hamas, o comentador israelita Guy Bekhor propõe soluções no mínimo curiosas» ainda mais), mas eu li-o e agora venho aqui falar um pouco sobre o assunto com vocês.

Acho que, em primeiro lugar, os media passam uma imagem muito distorcida do conflito israelo-palestiniano. Penso que qualquer pessoa que não se interesse pelo assunto e não o aprofunde pensará, com base em tudo o que se houve na TV, rádio e imprensa, que os palestinianos são uma cambada de terroristas que gostam de se fazer explodir contra os israelitas.
Mas a questão não é assim tão simples.
O povo da palestina está ligado, como todos estamos, à sua terra, ao seu país (ou nação, chamem-lhe o que quiserem). E a sua terra é onde se localiza actualmente Israel, desde há quase um milénio e meio. O seu país é a Palestina, aquele pedaço de terra entre o Mediterrâneo e a Jordânia, delimitada na fronteira este pelo Rio Jordão e pelo Mar Morto, com uma área pouco superior à do Alentejo. É um facto, e é desumano retirar a nação a um povo. E foi o que os judeus lhe fizeram. Começaram a fixar-se na Terra Santa contra a vontade do povo palestiniano. “Pá”, é certo que aquela é a Terra Santa e que é a terra destinada aos judeus e tudo mais, mas os palestinianos também são gente, e não são mais ou menos que os outros. O que está lá a acontecer desde há meio século é um autêntico genocídio. Não há outro nome para o que os israelitas (se calhar é melhor chamar-lhes israelitas em vez de judeus, porque os judeus não são todos israelitas; ainda assim, é importante frisar que nem todos os israelitas concordam com o que está a acontecer, e a outros tantos é feita uma lavagem cerebral permanente por parte dos media) fizeram (e ainda fazem) ao povo palestiniano. Já ouvi apontarem o Holocausto nazi como uma desculpa, o que é totalmente absurdo. Quanto muito, por terem vivido o Holocausto, e por o terem sentido na pele, deveriam saber o quão horrível isso é e esforçarem-se ao máximo para que isso não voltasse a acontecer. Não por culpa deles. Mas, ainda assim, é importante deixar claro que o Holocausto em nada foi responsável pelo genocídio do povo palestiniano. Quer dizer, não posso afirmar isto como uma verdade absoluta, até porque não sou um perito num assunto, mas pelo menos foi o que Moshe Mizrahi, um cineasta israelita apoiante da paz, disse a Kenizé Mourad quando esta lhe perguntou se, caso «…não tivesse existido o Holocausto, pensa[va] que teria havido um Estado judaico?»; passo a citar a resposta: «Absolutamente. Os alicerces do Estado de Israel já existiam na Palestina nos anos 30. Cinco a seis mil judeus viviam na Palestina, camponeses, operários, falavam hebraico, língua morta há dois mil anos. A entidade nacional na Palestina existia bem antes do Holocausto. O conflito judaico-palestiniano, as revoltas palestinianas de 1929 e de 1936 contra a colonização judaica, a Haganah, que depois deu origem ao exército israelita, tudo isso existia bem antes do Holocausto. O Holocausto só fez com que o processo se acelerasse, não o criou» (excerto presente na obra O Perfume da Nossa Terra, de Kenizé Mourad, uma jornalista francesa, em que é relatada a estada da autora/jornalista na Palestina e Israel, durante a qual falou com inúmeros militantes e vítimas, tanto palestinianas como israelitas, do conflito).
Mas afinal, o que fizeram de tão mal os israelitas?
Se bem sei, a imigração em massa de judeus para a Terra Santa remonta ao final do século XIX. O povo palestiniano sempre se opôs e, de certa forma, a administração britânica sempre a foi tentando conter. Depois da guerra, enfraquecida por ela e pelos conflitos dentro da própria Palestina, a Grã-Bretanha vê-se obrigada a entregar a administração daquele território à ONU. Perante o aumento dos conflitos, em 1947, a ONU deliberou a partição daquele país em dois estados: o Estado Judeu, que ficava com 53% dos territórios, e o Estado Árabe, que ficava com 47%. Tendo em conta que havia apenas 700 mil judeus para 5 milhões de palestinianos, não foi muito justo. Mas ainda assim, era aceitável.
Menos de meio ano depois, já em 1948, é assinada a Declaração de Independência do Estado de Israel, de forma alguma aceite pelo povo palestiniano. Por isso mesmo, no dia seguinte Israel é atacada por sete exércitos de países da Liga Árabe. Israel, ainda actualmente conhecida por ter um dos melhores exércitos do mundo, derrota-os e grande parte dos 750 mil palestinianos que se haviam refugiado nos países vizinhos ficam impedidos de voltar às suas terras.
Não vale a pena discutir aqui quem tem razão e quem não tem. Provavelmente, por mais que se discutisse, não se chegaria a um consenso. Não consigo precisar datas agora, mas o mais grave começou mais recentemente. Mesmo nos dois territórios que supostamente constituem o Estado Árabe, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os israelitas insistem em manter as suas tropas/autoridades/whatever. Já não bastava terem ficado com metade do território palestiniano com uma população equivalente a pouco mais de 10% da nativa como também insistem em não deixar a outra metade em paz. A Autoridade Nacional Palestiniana supostamente detém o controle sobre assuntos de segurança e civis nas áreas urbanas palestinianas (chamadas "Área A"), e controle civil sobre as áreas rurais palestinianas ("Área B") mas, ainda assim, a autoridade israelita proíbe, por exemplo, a construção de casas fora dos limites das aldeias palestinianas (a orla das casas já construídas), destruindo sem piedade qualquer habitação erigida fora delas.
E, para não falar dos quase-constantes-e-intermináveis recolheres obrigatórios, é desumano o isolamento a que os israelitas sujeitam os territórios palestinianos (mais a Faixa de Gaza que a Cisjordânia), quer seja em termos de abastecimento de água e combustíveis (não permanentemente, pelo menos até agora; mas parece que não está fora de questão fazê-lo: «seria necessário, como é evidente, (…) cortar de uma vez por todas o fornecimento de combustíveis a Gaza (…)», diz Guy Bekhor, no artigo do Courrier que referi no início deste texto, o que assusta), quer seja em vias de comunicação (neste ponto, é importante referir a destruição da pista de aterragem do Aeroporto Yasser Arafat, em Gaza, pelas Forças de Defesa de Israel, que por isso esteve activo por apenas dois anos – assim, no que toca a transportes aéreos, a Faixa de Gaza está apenas acessível por helicópteros, visto só ter um heliporto operacional).
Poderia ainda referir mais inumanidades por parte dos israelitas, como por exemplo a necessidade de um visto que pode demorar semanas (meses? anos?) a ser concedido para viajar da Cisjordânia para a Faixa de Gaza (ou o inverso), mesmo por motivos de saúde, mas vou ficar-me por aqui. E isto tudo nos territórios que, segundo os acordos que eles assinaram, fariam parte de um Estado Árabe, totalmente independente, no qual para além disso insistem em manter (e criar) colonatos israelitas.
E não se pode dizer que seja falta de vontade de negociar por parte dos palestinianos, que despenderam vários anos na elaboração de acordos que, no final de tudo, o governo israelita não aceita ou não cumpre.
E depois os media ainda têm o descaramento de passar uma imagem negativa dos palestinianos bombistas!!! Eles gastam anos das suas vidas em negociações infrutíferas e depois querem o quê? Que se rendam à vontade dos israelitas, que ainda têm o prazer de publicar artigos em que sugerem inundar «toda a Faixa de Gaza de gases lacrimogéneos, a intervalos cada vez mais curtos», ensurdecer os palestinianos com «altifalantes gigantescos [que] emitiriam ruídos aterradores de sirenes de alarme, explosões e gritos estridentes, de dez em dez minutos, 15 em 15 e, em seguida, de hora a hora», e regar os «militantes do Hamas com tinta vermelha», com o objectivo de fazerem com que os civis, «esgotados por não conseguirem dormir, com os olhos a arder por causa dos gases lacrimogéneos, as orelhas a zumbir e a roupa manchada de tinta vermelha», parassem com as suas próprias mãos os ataques “terroristas” do Hamas. Mas o pior é que a imprensa traduz e publica estes artigos, classificando as soluções sugeridas como «curiosas».
E a comunidade internacional permanece impávida «porque os judeus têm influência e as pessoas receiam ser rotuladas de anti-semitas. Mas, somos nós, judeus, os responsáveis hoje do anti-semitismo. Fazemos que as pessoas duvidem do valor moral do judaísmo» (disse Jeremy Milgrom, um rabino contra a guerra, quando entrevistado por Kenizé Mourad – mais um excerto d’ O Perfume da Nossa Terra). Eu não duvido do valor moral do judaísmo (pessoalmente, duvido mais do valor moral católico), duvido é do valor moral dos membros da “alta sociedade” israelita que escondem a verdade dos membros das camadas mais baixas (que nem sequer se perguntam porque será que os palestinianos se rebelam contra os israelitas e se fazem explodir em centros urbanos importantes), com total apoio dos media (e não só nacionais).
Eu, com esta blogação, quero mostrar a verdade ao povo português. Não que esta vá ser lida por muita gente; provavelmente metade dos que se decidirem a começar a lê-la (que vão ser poucos, presumo) não chegarão a esta parte final, tal é o tamanho disto. Mas, para tentar que essa minoria ainda seja um pouco significativa, vou enviar um mail a introduzir a blogação e o blog, pedindo que reenviem. Mesmo que já conheçam o blog e eu já vos tenha falado deste texto é provável que, no momento em que estejam a ler isto, já tenham recebido um mail, e espero que o tenham reenviado a todos os vossos contactos. Pode ser que, assim, se vá tomando conhecimento da situação real deste confl... hum… genocídio.
Mas pronto, se nada mudar nos próximos 20 anos, que é o mais provável, não há que ter preocupações, já que cerca de metade dos 2,5 milhões de habitantes da Cisjordânia tem menos de 15 anos e, na Faixa de Gaza (pedaço de terra com 360 km2, onde foram encavalitados 1,5 milhões de habitantes – se quiserem utilizar um termo de comparação, o Algarve tem cerca de 5000 km2), 48% da população tem menos de 14 anos. Portanto, com um crescimento populacional extremamente elevado e com rapazes a verem os seus amigos a servirem de alvos aos soldados israelitas, é normal que o ódio em relação aos israelitas se mantenha (ou cresça?). E é como disse o rabino israelita contra a guerra, que já referi: «Daqui a cinquenta anos os palestinianos serão mais numerosos que nós, seremos uma minoria a governar a maioria, o que não poderá durar e redundará inevitavelmente em desastre.»
Eu sou totalmente a favor da paz, mas não condeno os palestinianos que apenas matam civis porque não têm possibilidades de matar militares. Sim, tenho pena dos israelitas que morrem devido aos ataques bombistas, mas é a única forma de eles resistirem, por isso apoio-os totalmente.
Mas se nada se conseguir resolver nos próximos 50 anos, que é o que vai acontecer se houver uma continuidade na (in)acção dos países ocidentais, eles finalmente terão uma grande superioridade numérica, por isso vão ter alguma hipótese.
Que tudo se resolva pelo melhor, de preferência pela via pacífica, e o mais rápido possível!


(Primeira imagem retirada da wikipédia, mapa editado por mim, e últimas três imagens tiradas daqui)