Wednesday, July 29, 2009

Sobre Críticas e Outros Rebaixamentos

Antes de mais, queria deixar um pedido de desculpas ao Luís pelo pequeno comentário irónico que fiz no seguimento das suas críticas aos excertos que deixei no último post. Não concordo com elas, ou pelo menos com a forma como elas foram feitas, mas isso não me dá o direito de ser idiota. Peço desculpa, mais uma vez.

Quanto à forma como entraste a matar, Luís, estás no teu direito, ainda que eu o ache totalmente contraproducente.
Aliás, pensando melhor as tuas críticas até foram bem positivas. Se o único problema do N.E.M.(esis) é o erro crasso na frase "O relógio apitou, meteu a pistola no coldre e fixou o bastão eléctrico no cinto, vestiu o casaco e saiu", então estamos muito bem. É um erro facilmente corrigível.
E bem, o conto não foi enviado para nenhum concurso nem submetido a nenhuma revista. Não é suposto estar perfeito, não tendo passado por nenhum revisor, nem sequer por uma pessoa "de fora", provavelmente.
Quer dizer, se fosse um erro do tipo do "Hades cá vir"... mas isto? Até parece que tira a credibilidade ao conto. Fala das personagens (talvez tenhas razões para isso), do enredo (que acho bem bom, mas é só a minha opinião), mas picuinhices destas? Oh pá, é importante apontarem-se esses erros, mas não da forma como o fazes. Parece que o conto é uma merda unica e exclusivamente por causa disso.

Já olhando para os comentários do Rogério, vemos que, apontando os erros de forma consistente, consegue ser muito mais motivador. E penso que é isso que o pessoal pessimista do "Fandom" deveria querer, escritores motivados, com vontade de evoluir, de escrever cada vez melhor.
Afinal, com que direito alguém pode reclamar do género moribundo em que o Fantástico se tornou se não dá incentivos a quem pode tornar o género vivo amanhã (bem pelo contrário)? Eu não sei, que nunca li nada teu, Luís, mas aposto que não escreves como escreves hoje desde os quinze anos. ;)
Ah, e outra coisa. Quando eu falo em responder-se às submissões com críticas, não estou a dizer que essa é obrigação do júri/editores. Penso é que é vocês são os primeiros interessados em responder a essas críticas, pois são vocês que estão sempre a reclamar em não haver uma boa produção de fantástico em Portugal. Porra, então façam alguma coisa para que a produção medíocre se possa tornar numa boa produção. Se, em 50 respostas, conseguirem realmente ajudar dois jovens a escrever um pouco melhor, então já terá valido a pena! Para que um futuro melhor se comece a desenhar no horizonte!

Vou tentar postar um excerto por dia. Que me dizem desta ideia?


[Se puderem passar a palavra aos outros nomes da ribalta, tipo Safaa, LFS, Barreiros, ... agradecia :)]


EDIT: Luís, referiste a mailing list de escritores de FC. Teria todo o gosto em participar nela! Como se faz?

Monday, July 27, 2009

Novo Fantástico em Português

É bom saber que as minhas palavras de anteontem não foram em vão. Como houve várias pessoas que mostraram interesse em ler alguns exemplos da tal "boa escrita" de que eu falo, vou deixar aqui alguns excertos e links.
Atenção que eu não digo que todos os títulos que apresentei estão prontos a publicar. Na minha opinião (que vale o que vale) todos são bons - o que não implica que alguns não precisem de uma revisão, ou de uma reformulação de algumas partes -, e alguns são de uma originalidade que deveria fazer inveja a muitos autores que andam para aí. Mas não são perfeitos, até porque a maioria é escrito por pessoas ainda jovens (alguns mesmo por menores de idade, a que não se pode exigir um nível de escrita que se exigirá a alguém que escreve há duas, três décadas).

O texto da Carina R. Portugal, O Acorde das Almas, pode ser lido aqui. Na minha opinião, é um excelente conto, passível de figurar na Bang! ou em outra revista de Fantástico.

Do Mário de Seabra Coelho (também conhecido por estas bandas por Yangsmoth), apontei o texto Lágrimas Divinas, que foi escrito quando ele tinha 15 anos (há três anos, sensivelmente), pois não tenho acompanhado os últimos textos dele (que, acredito, sejam ainda melhores).
Tem algumas partes que não passariam como estão para publicação, mas penso que no geral é um texto que, se não pode ser publicado (que penso que pode), mostra um grande potencial de quem o escreveu.
Aqui fica um excerto (com a devida permissão):
Transportada pelo teimoso vento, a pétala ultrapassou as imponentes muralhas brancas da cidade de Jazlul, descendo e razando um telhado. Voltou a virar de direcção ao aproximar-se de outro edifício, e desceu por um beco escuro. Através de sombras, brados e gemidos, a pétala viajou. Libertou-se das trevas e partiu para o centro da cidade. Esvoaçou através da praça, esquivando-se de membros e rostos exaltados. Penetrou por uma janela e volteou em direcção à única pessoa presente naquele compartimento. Deslizando suavemente, acariciou a face da rapariga com o seu toque cândido, e partiu por outra janela, em direcção ao céu.
A jovem levou os seus dedos à bochecha de pele nivea e franziu o sobrolho. Uma voz rouca chamou por ela: — Alisa, vem!
Ela ergueu-se da cadeira onde estava sentada, alisou o vestido, e partiu em direcção ao chamamento.
— Alisa, ajuda-me aqui com esta panela... Os meus ossos estão cada vez mais fracos. — Pediu o seu pai, cujo rosto barbudo estava contorcido numa careta de dor enquanto levantava uma panela. A filha ajudou-o, e os dois transportaram o objecto para cima da mesa. O homem observou o fumegante conteúdo com ar satisfeito.
— Parece delicioso... — Afirmou Alisa, curvando-se para olhar a sopa.
O seu pai ergueu o olhar para a rapariga, e o seu bigode obstruiu parte do sorriso bondoso. Acariciou-lhe os cabelos cor-de-mel. — És a face esculpida da tua mãe, filha. Que Deus proteja a sua memória.
Tristeza patenteou a sua presença nos olhos verdes da rapariga. Que mesmo assim respondeu ao sorriso com um semelhante.
— Vamos comer, se não arrefece. — O pai foi buscar dois pratos de barro e poisou-os na mesa. Com uma colher de pau, encheu os pratos de sopa espessa. Depois de uma curta prece, começaram a comer em silêncio.
Foram interrompidos minutos depois por duas batidas secas na porta. O pai demonstrou intenção de se levantar, mas foi impedido por um toque gentil da filha, que foi abrir a porta.
Um rosto ligeiramente encoberto por um capuz branco sorriu-lhe. — Boa-noite, jovem. Venho à porta deste gentil lar para pedir guarida da chuva, durante esta fria noite. — Como que para o apoiar, a chuva aumentou de intensidade.
— Entre, entre! — Disse a voz do pai de Alisa, que ouvira o pedido. — Venha partilhar uma refeição quente connosco.
Alisa deixou o homem alto entrar, e os dois caminharam em direcção à mesa. A jovem sentou-se, e o homem fez o mesmo depois de pedir licença.
— Kuro Sellan. — Apresentou-se o pai de Alisa, estendendo uma mão distorcida por reumatismo.
— Nostranus. — Respondeu o visitante, aceitando o cumprimento enquanto puxava o capuz para trás, revelando um rosto de meia-idade e calvo, de limpidos olhos negros e testa alta.
— Então diga-me... É de fora? Tempos negros para um viajante. — Comentou Kuro de maneira conversadora.
— De facto, tempos mais negros do que aparentam, senhor Sellan. — Longos dedos entrelaçaram-se debaixo do queixo. — O Homem enfrentou o Céu, e foi auxiliado pela Mãe Terra. Mas o próximo confronto terá um terceiro participante... O Mal Encarnado, o Senhor das Chamas.
O sobrolho de Kuro ergueu-se.
— Divagações de um louco, meu amigo. — Esclareceu Nostranus. — Céu, Homem e Fogo. Diga-me, Kuro, o que é um homem senão uma tela pintada pelo tempo? — Levou outra colher de sopa à boca e sorriu perante os olhares de incompreensão. — Infelizmente, existem duas influências exteriores. O Mal e o Bem. Os lados opostos... — Enquanto falava, tirou uma moeda do bolso e atirou-a ao ar. — Da mesma moeda... — A moeda caiu, e para surpresa de pai e filha, manteve-se equilibrada pela parte lateral. — Amor e ódio, riso e choro... Os opostos necessitam-se, Kuro. Atraem-se como melgas para o fogo. — Levou as mãos à frente do rosto e esticou os indicadores. Como que por magia, um cubo de gelo apareceu na ponta do indicador esquerdo, e uma chama avivou-se no indicador direito. — Lentamente, aproximar-se-ão... — Quando os dedos se tocaram, o fogo extinguiu-se e o gelo derreteu, escorrendo em água por entre as mãos do homem. — E serão uno. Por fim, libertos do Mal e Bem. Do Céu e do Fogo.
Alisa e Kuro abriram as surpresas bocas.
Nostranus recostou-se na cadeira, e o seu sorriso morreu ao fitar pai e filha. — Os homens são feitos de sonhos e memórias. Lembrem-se disso. — Suspirou. — E aproveitem o tempo que vos resta juntos. — Naquele momento, pareceu envelhecer vinte anos.

Milhões de vozes etéreas rugiam nas margens da longa estrada de pedra calcetada que aguardava diante de Aazaad. Homens e mulheres de variadas raças berravam uma cacofonia de pesadelo. Demónios voavam por cima do jovem, soltando risadas sarcásticas, e anjos abanavam as belas cabeças em desagrado.

No fim da estrada, um trono de ouro, rodeado de imponentes colunas. Sentado no trono, a mais estranha criatura que Aazaad já vira, repousava. O seu eterno olhar poisado em si.
Trémulo e assustado, Aazaad começou a caminhar, olhando em frente e tentando ignorar os milhões de inimigos que o ameaçavam, insultavam, e provocavam, mas que no entanto pareciam ter receio de erguer uma mão contra si.
Cada vez mais próximo... Conseguia sentir o peso da observação da criatura sentada no trono.
Mais alguns passos... e fascinou-se com a visão do que se sentava no trono.
Era uma criatura bizarra, pois parecia estar constantemente a mudar de forma, cor, género e raça. Ou era uma serpente alada, um homem gordo de pele morena, um homem de barbas brancas e aparência bondosa, um sujeito andrógino, divinamente belo. Um homem de seis braços e terceiro olho entre as sobrancelhas. A única coisa que não parecia mudar, era o olhar nobre que vergava Aazaad. Encolhendo-o... Parecendo sondar-lhe a alma.
Encontrava-se agora a metros do trono...
— Bem-vindo, Aazaad. — Cumprimentou a voz que parecia possuir milhões de tons diferentes. Um coro etéreo em permanente concordância.
— Quem és tu? — Conseguiu Aazaad perguntar.
— Alah, Shiva, Quezacotl, Zeus, Jupiter, Deus. Chama-me o que o teu coração desejar. — Replicou o ser divino.
— Deus... — Murmurou o jovem, incrédulo. Os seus joelhos tremeram.
— Sim... A escolha mais comum. — Concordou.
— O que faço aqui?
Os brados das criaturas que os circundavam pareceram aumentar de volume.
— Tu sabes, Aazaad. Sou Deus, criado pelo homem, e se tu assim desejares, por ele destruido. Por ti destruído. — Declarou Deus, ignorando as cada vez mais barulhentas criaturas. — Tens uma escolha diante de ti. Mata-me, e quebra a barreira que separa o Céu e o Inferno da Terra. Ou poupa-me, e deixa o destino do Homem nas minhas duvidosas mãos.
E finalmente, Aazaad compreendeu a indignação dos gritantes seres.
— Não tens o direito!
— Mereces arder nos confins do Inferno!
— Poupa o nosso Pai! Poupa o Todo-Poderoso!
— Tirano! Assassino!
— Inconsciente! Não o faças!
A escolha era sua.
A mente do jovem fervilhava... Deveria matar Deus, causando assim o caos terreno, mas libertando a humanidade, dando-lhe a possibilidade de forjar o próprio destino? Ou poupá-lo? E deixar o destino da Terra entregue a uma Entidade.
— O destino do Homem, para o Homem. — Escolheu Aazaad, desembainhando a sua espada. Deus dispensou um único olhar à arma antes de voltar a encarar o seu futuro assassino.
Aço penetrou num coração imaterial, e silêncio abateu-se sobre aquela extensão monótona.
— Escolheste então... O Apocalipse. O fim... Ou o início? — Referiu Deus, cuja imagem tremia, como tinta diluindo-se em água.
[Texto completo aqui.]

De Carlos Eduardo, acho muito boa a ideia do N.E.M.(esis), e ainda melhor (muito melhor xD) a o Hedonê. Infelizmente este último está longe de estar pronto, por isso vou deixar apenas um excerto do NEM:
O relógio apitou, meteu a pistola no coldre e fixou o bastão eléctrico no cinto, vestiu o casaco e saiu. Lentamente, tentando não dar nas vistas começou-se a dirigir para o enorme edifício predominante em toda a cidade. Daniel parou no parque, à sua frente estava a torre. Falhara nos seus cálculos, o turno ainda não mudara. Para ocupar o tempo sentou-se no parque e fitou o magnífico memorial ao resto do mundo. A cidade onde vivia era o projecto mais arrojado alguma vez feito pelo homem. A inspiração tinha vindo da experiência de 1991 a 1993 em que oito pesquisadores se tinham isolado numa estufa de 17 000m2 tentando descobrir como funcionava o enorme ecossistema que era a Terra. O intitulado Projecto Biosfera 2. Mas desta vez o objectivo era diferente, consistia em criar uma cidade isolada do resto do mundo em que o homem pudesse viver. As obras concluíram-se com sucesso, a engenharia humana testemunhava um enorme triunfo. Uma cidade, altamente confortável, ecológica e prática fora construída sob várias cúpulas interligadas entre si. Era abastecida por robots que trabalhavam em campos de cultivo anexos que formavam um anel á volta da cidade. Quando concluída a cidade era um exemplo para todos, enormes espaços verdes para o conforto dos habitantes, casas espaçosas e belas, instituições com os melhores equipamentos possíveis de imaginar. Uma pequena sucursal da grande empresa mecenas deste projecto, a Natura ExMachina, ficou encarregue de gerir os serviços da cidade. Quando as primeiras famílias se mudaram para a cidade não houve nenhum erro a apontar, em pouco tempo a cidade preencheu as vagas de população que necessitava.
Como estava acordado, a N.E.M., foi passando gradualmente os organismos da metrópole para privados, desde fábricas a órgãos de soberania.
De repente o inesperado aconteceu. As portas da cidade selaram-se. Em poucos minutos a N.E.M. anunciou o acontecido. Houvera um ataque terrorista de nível apocalíptico. Ao mesmo tempo, em todo o mundo, milhares de obuses explodiram libertando para o ar um novo vírus modificado me laboratório extremamente contagioso. Felizmente a cidade estava longe de qualquer foco populacional e a informação viajou mais depressa que o vírus. De ali em diante a cidade teria de subsistir por si própria.
Embora a vida não fosse tão luxuosa como dantes, era bastante agradável. A cidade prosperara, a Natura ExMachina controlava agora apenas parte do sector de investigação científica e os órgãos de comunicação. Foi criada uma nova Internet referente apenas à cidade, já que o resto dos computadores mundiais carecia de utilizadores. O monumento tinha escrito tudo isto sob a forma de um friso que crescia em espiral em direcção ao céu suportado numa maqueta da cidade que por sua vez repousava sobre uma superfície curva que invocava a terra.
Os guardas de substituição aproximavam-se. Um de cada lado da rua. Daniel pôs-se em acção. Surgiu por detrás de uma deles e com um golpe rápido e seco com o bastão eléctrico deitou-o por terra. Retirou-lhe a identificação que dizia que se encontrava ao serviço da N.E.M. e colocou sobre a sua farda. Tudo correu como previsto. À porta cumprimentou os guardas, e ocupou no edifício o local de vigia. Não esperou muito até a torre mergulhar no completo silêncio, cuidadosamente observou o cenário à sua volta. Havia câmaras, detectores de calor som e movimento, o chão estava repleto de detectores de pressão. Se Daniel pisasse fora do seu local do seu posto de vigia sem ter accionado o alarme, este soaria, denunciando a sua traição.
De repente o corredor encheu-se de fumo. O alarme soou, alguém tentara penetrar nas defesas da torre da Natura ExMachina., numa fracção de segundos todos os guardas, incluindo Daniel, tinham colocado os visores termográficos. A confusão inicial depressa se transformou numa demanda organizada pelo homem que ousara entrar furtivamente na torre.
Um grupo de guardas deu o sinal, tinham localizado o invasor. Tinham-no cercado, Daniel sacou do bastão eléctrico e da pistola dando sinal que mataria se fosse necessário. O primeiro guarda atacou de bastão em punho, a arma vibrou rente à cara de Daniel que se tinha desviado de modo a defender o ataque vindo de trás. Os guardas guardaram as armas, como estavam em circulo qualquer tiro seria bastante propício a acertar nos colegas. Daniel varreu com o bastão uma vasta área acertando em alguns colegas seus imobilizando-os devido á carga eléctrica. De todos os lados choviam ataques. Daniel girava sobre si próprio, saltava, dobrava-se, fazendo os possíveis para não ser atingido. Com o bastão estocou um dos guardas e, usando-o como aríete abriu caminho por entre o cerco que lhe tinham feito. Mal se viu fora do círculo de guardas correu a toda a velocidade para a sala de arquivo. Mal soara o alarme os andares foram todos selados, mas Daniel previra isso ao colocar-se no andar dos arquivos.
A toda a velocidade, perseguido de bastante perto pelos colegas de trabalho, percorreu todo o corredor de encontro à porta da sala dos registos audiovisuais. Sacou da pistola e apontou para quem lhe perseguia.
- Para trás… – Arfou. – Não me obriguem a disparar!
Daniel precisava de ganhar tempo para a máquina que ligara ao painel de abertura da porta conseguisse forçar a entrada. Os guardas que o perseguiam puseram-se em posição de disparar.
- Se dispararem levo-vos comigo! – Avisou abrindo o casaco exibindo a carga de explosivos que acabara de activar.
Seguiu-se um momento de tensão. Por breves segundos tudo ficou calmo, apenas o bater do coração se sobrepunha ao silêncio. Os números corriam na máquina ligada ao painel de abertura da porta. Os guardas puxaram o gatilho, as balas voaram, a porta abriu, Daniel saltou para dentro da sala. Quando caiu do lado de dentro agarrou-se à perna, havia sido atingido de raspão, mas a visão que teve de seguida fê-lo esquecer de tudo.
[Texto completo aqui.]

Sobre Ricardo Fernandes, não me vou alongar. Deixo-vos aqui um excerto do primeiro Tomo d' A Guerra do Oriente:
Sentou-se no murete, com as costas contra uma das colunas. Hábitos velhos de guerreiro não desapareciam de um dia para o outro, pensou, um sorriso florescendo-lhe nos lábios. Ouviu passos incertos na pedra ao seu lado. Olhou em direcção da pequena ponte de pedra. O seu corpo ficou hirto. Atravessando a ponte, vinha a sua Rainha. Sobrevivera à batalha, pensou para si mesmo. A mulher trajava toda de branco, um vestido justo da cintura para cima e largo da cintura para baixo. Na testa usava um pequeno fio de ouro com um pingente azulado de tamanho diminuto. Fio de ouro enrolava-se também em torno da sua esbelta cintura. Arkham encaminhou-se para a mulher que servira.
A Imperatriz mantinha os olhos baixos, enquanto o Sol a iluminava. Chegou a Arkham devagar, ainda duvidando e temendo pela sua vida. Quando o olhou, quando fixou aquele par de orbes azuis e cinzentos, soube que não o devia temer em demasia. Afinal de contas, era Arkham Caligula Andalorium, o maior Strategus que alguma vez vivera. Trazia uma manta branca num dos braços, encostada ao peito. Desembrulhou-a e deu o flanco ao guerreiro.
Um pequeno e enrugado bebé dormia no meio da manta branca. Tinha uma compleição aparentemente frágil, mas Arkham sabia reconhecer os sinais. Teria um tronco forte e braços duros e grossos, se treinasse. As pernas seriam provavelmente esguias e fortes, dando-lhe vantagem de velocidade. Quando se aproximou mais, a criança acordou e abriu os olhos. O par de orbes vermelhos-sangue fitou o par de azuis-acinzentados. Arkham sobressaltou-se ligeiramente, sentindo o formigueiro no corpo. A criança. Claro. O filho da Imperatriz e de Eblis Dammar. A mulher estava ali para implorar pela vida da criança, não para se entregar ao amor de Arkham. Uma sensação animalesca agitou-se dentro de si. Algo primário reagiu ao olhar fixo e concentrado da criança. Não seria uma criança normal. Não sendo filho de Eblis Dammar. Olhou a mulher nos olhos e compadeceu-se.
Arkham Caligula Andalorium, Strategus, veterano de várias campanhas, compadecera-se do sentimento que viu nos olhos da mulher. Já não era a mulher que ele amava. Mas respeitava-a ainda. Tivera coragem. Fora até ele, sabendo que poderia morrer. Entregar também o recém-nascido à morte. Sorriu. Um sorriso frágil e inseguro. Mas aproximou-se da Imperatriz. Não. Da Rainha. Seria sempre a sua Rainha.
- Strategus? – Ouviu a mulher dizer solenemente.
- Sim...? – Respondeu, sem saber que mais dizer.
- Tomai conta do meu filho... Do nosso filho. Promete-me que o treinarás na forma Andalorium. Isto, se me aceitares como tua esposa. – Disse, de novo com aquele olhar doce e inocente.
- O nosso...filho? – Perguntou Arkham confuso.
- Tem o mesmo poder que tu nos seus olhos. Só poderia ser um filho teu para ter tamanho poder no seu seio. Arkham. Casai-vos comigo.
O homem sorriu. Era tradição ser o elemento masculino a pedir o casamento naquele território. Sorriu um pouco mais e abraçou-a. Tomou no seu braço a criança e a manta e abraçou a Rainha com o braço e mão livres. Era um meio-abraço. Um meio-abraço virado para o sol que entretanto subira um pouco no ar. Banhados naquela luz amarelada, cheia de vida e calor. Estavam no centro da sala circular.
- Arkham ?! – Ouviu-se a voz surpresa da mulher.
O Strategus não respondeu.
- Co...Como foi que... – Tentou ela articular.
O corpo tombou para trás, as mãos segurando o local onda a lâmina fina da katar que Arkham tinha escondida no braço, sob a manga larga da camisola, tinha penetrado. A mulher tombou de costas com um baque seco e enjoativo. A lâmina entrara directamente no seu coração, pensou a Rainha. Arkham usara o braço com que segurava o seu filho. Matara-a. Matara-a enquanto embalava o seu querido filho nos seus braços de assassino. Não lhe dera ainda um nome, sequer, pensou, lágrimas rolando verticalmente pelas suas faces, caindo-lhe nas orelhas que começavam já a esfriar. Tentou olhar para cima. O corpo começava já a desobedecer. Moveu os olhos para baixo. Arkham mantinha-se onde estava, segurando com um braço a criança no seu manto e deixando o braço direito pendendo ao lado da cintura. A lâmina da katar do braço esquerdo estava brilhante com o sangue da mulher e empapara o tecido da manta da prole Dammar. Arkham fitou-o uma vez mais. E o pequeno rapaz fitou de volta. De novo o azul contra o vermelho dos orbes. Sorriu à criança. Baixou-se e enfiou o dedo indicador na ferida da Imperatriz, fazendo-a gemer de dor. A ponta do dedo estava coberta de sangue. Passou o dedo pela testa do recém-nascido, deixando uma cruz de sangue na carne.
- Eu te baptizo Sethius Caligula Andalorium. Serás o meu herdeiro. Manter-te-ei longe da escória igual aos teus progenitores.
A mulher gorgolejou no solo. Reunia forças, pensou Arkham.
- Strate.. Stra...Ar...kham. – Murmurou de forma desconcertante. O homem desviou os olhos, mas forçou-se a olhar. Os seus olhos mantinham-se azuis, o que chocou a Rainha. Matara sem que o seu íntimo fosse alterado. Aquilo nunca acontecera. Nunca ...
Os olhos da mulher esbugalharam-se de espanto. O Strategus era um guerreiro pleno, um veterano, capaz de controlar o próprio íntimo. Soltou um gemido.
- Até sempre, Ardana Movinter. – Disse Arkham, virando costas à mulher que falecia. Caminhou de encontro à pesada porta. Abriu-a com a mão livre, continuando a embalar o rapaz que mantinha o olhar fixo na cara do guerreiro. Desapareceu por detrás da madeira, enquanto o último estertor da morte agarrava o corpo de Ardana, antiga Rainha das Ilhas, antiga Imperatriz do Continente. Terminara. Agora sim, a guerra da reconquista terminara. Tinham finalmente despertado os Reis do amanhã.

Gostaria de deixar aqui mais uns excertos, mas por enquanto ainda não recebi respostas dos autores.

Fico à espera de comentários.

Sunday, July 26, 2009

Together We Stand, Divided We Fall

No Correio do Fantástico tem-se discutido o estado do Fantástico em Portugal, aprofundando-se a questão e expondo-se vários pontos de vista. Até hoje, fiz questão de me abster, pois a minha maneira de escrever por vezes pode ferir susceptibilidades e não queria descer tão "baixo" como por vezes se desceu ao longo da discussão. No entanto, acho que, sendo um amante do fantástico como sou, não consigo manter-me mais calado perante tanto pessimismo junto.
Eu sou um pessimista nato (e cada vez mais, a cada dia que passa) mas, quando me falam do "estado moribundo" do Fantástico em terras lusas, não consigo permanecer indiferente.

O Fantástico em Portugal está Bem. Sim, Bem com B maiúsculo.
Não há quem escreva bem e com originalidade, dentro do género? Há. Carina R. Portugal, Catarina Albuquerque, Henrique Estrela, Ludovico M. Alves, Carlos Eduardo, Ricardo Fernandes. Uns têm, certamente, mais prática que outros, mas todos têm grande potencial para se tornarem os novos nomes do género, na minha humilde opinião. A Artífice (de Catarina Aluquerque), O Acorde das Almas (de Carina R. Portugal), A Guerra do Oriente (de Ricardo Fernandes), Lágrimas Divinas (de Mário de Seabra Coelho), e N.E.M.(esis) e Hedonê (de Carlos Eduardo). Esta última obra, atrever-me-ia a compará-la a uma qualquer do Neil Gaiman, em termos de originalidade. E não digo isto só por dizer - quem me conhece bem sabe que não evoco o nome do Neil em vão (xD)-, o Hedonê é MESMO bom!
Todas estas são BOAS obras, não-derivativas de Paolini e afins, que se podem encontrar pela net, em diversos foruns. Apenas comecei a conhecer este mundo virtual há pouco mais de três anos e já encontrei todas estas obras excelentes, que acredito que não são nem um centésimo da boa literatura fantástica que anda por aí (já para não falar nas obras que nunca conheceremos por estarem guardadas nas gavetas). E, todas elas, obras desconhecidas do grupo de reconhecidos autores e editores de literatura fantástica (o "Fandom", chamemos-lhes assim, erradamente ou não, mas chamemos-lhes assim [sem qualquer sentido depreciativo]).
Então o que é que falha?

Ora bem, vou reformular - a produção de Fantástico em Portugal está Bem. O que falha, na minha opinião, é a comunicação entre o Fandom e os comuns leitores, que são os escritores de amanhã. Se é necessário registar-se num fórum sobre As Crónicas de Allaryia ou sobre o Eragon para ler bons (ou promissores) autores que, quiçá, poderão ser publicados num futuro próximo e dinamizar o género no nosso país, porque não? Mostrem aos comum escritores que podem ser publicados e, àqueles que ainda não são suficientemente bons para isso, que podem melhorar neste, neste e neste ponto. Afinal, também o João Barreiros, o Luís Filipe Silva, o António de Macedo e o Jorge Candeias escreveram mal, em alguma altura das suas vidas.
Respondam a quem envia submissões para a Bang!, mesmo que os contos sejam uma merda. Mas respondam, sugiram pontos a melhorar, clichés a evitar, etc.
E quando há concursos de Literatura Fantástica (como foi o caso do Prémio BANG!), dignem-se a responder individualmente. Quem despende longas horas do seu tempo a ler uma obra que não tem qualidade suficiente para ganhar o prémio também pode gastar mais uns minutos a enviar um e-mail ao autor, a apontar os erros que fizeram com que a obra NÃO ganhasse o prémio.

E o Roberto falou em criar-se uma Associação ligada à FC. Não digo que não seja boa ideia, mas penso que é prioritário investir na divulgação, publicação e formação de novos autores. Para registar uma associação, para além de imenso tempo, ir-se-ião gastar quase 500€ (assim só do registo), que poderiam ser investidos em coisas mais úteis no imediato (edição da Vollüspa, por exemplo).
É importante criar mais revistas do género, divulgá-las e garantir que têm uma boa visibilidade nas livrarias. É importante fomentar workshops.

Eu estou com o Roberto, cheio de vontade de "levar o género às alturas". Não sei quem está connosco, mas sei que preferia que em vez de serem escritos mais uma centena de textos lamuriantes sobre o estado do Fantástico em terras lusas, todos déssemos as mãos por um futuro melhor para o género!


Peace!



PS: Não estou a escrever isto para atacar ninguém, nem por ter o orgulho ferido por alguma vez me terem ignorado ou recusado alguma coisa, como algumas pessoas do Fandom acusaram o Joel e o Pedro, por exemplo.
Ah, e não referi nomes como Telmo Marçal ou Carla Ribeiro pois, ainda que com pouco destaque, vão sendo conhecidos dentro do género.

Saturday, July 25, 2009

Strange Love


Por vezes, deixamos de ter ideias por que lutar, coisas por que viver. Por vezes, apenas continuamos a respirar porque temos pessoas que nos agarram cá.
Obrigado a todas essas pessoas.


[Título na sequência de mais um excelente concerto Fnac, desta feita dado pelos fantásticos dR.estranhoamor.]

Monday, July 13, 2009

Para e Pelo Mundo

[Este texto, dedico-o à Ana xP]


Imaginem-se no início do século XVII, na Europa. Agricultura, escaramuças (bem sangrentas) entre povos, carne conservada em sal. Mortalidade Infantil, direitos da mulher inexistentes, tráfico de pessoas. Sem Internet, sem acesso a livros, jornais e revistas por parte da pessoa comum.


Agora imaginem que, sem mais nem menos, chegavam umas coisas pelos ares, gigantes como dragões e velozes como os mais rápidos animais exóticos da savana Africana. Dos grandes naves (termo que utilizavam para designar as enormes máquinas voadoras) saíam todo o tipo de estranhas coisas. Aparelhos grandes como armários, de uma brancura imaculada, de onde saía um frio siberiano; um objecto estranho, desdobrável, que nos diziam que servia para pôr a roupa a secar; um fogão, com diversos botões, que se acendiam com instrumentos compridos de metal.
E mais, uns seres algo parecidos connosco, mas mais esbeltos e evoluídos, diziam-nos que tudo o que fazíamos estava errado, que a mulher tinha direitos; que as crianças tinham de permanecer na escola, mesmo depois de entrarem na idade adulta; que todos os dias devíamos ver um pouco de uns idiotas de uns programas que dão numa caixa preta em forma de cubo; que a nossa Igreja estava errada, que os padres eram todos uns adoradores do Diabo.
Resultado? Caos.

Eventualmente, certos povos tornar-se-iam os Favoritos dos Seres Que Chegaram do Céu (chamemos-lhes assim) e subjugariam os outros, suportados por todas as tecnologias trazidas dos Céus por aqueles deuses. As concepções económicas, sociais, políticas, ideológicas e religiosas seriam impostas pelos Seres Que Chegaram do Céu, renegando para a clandestinidade as culturas e línguas locais.
Na prática, todas as civilizações europeias seriam forçadas a um salto temporal de três ou quatro séculos nas consciências e concepções aceites pela generalidade da população. Os escravos deixariam, no tempo em que o diabo esfrega um olho, de existir; as mulheres, de um dia para o outro, passariam a desempenhar funções iguais (o quão iguais é discutível, mas seriam certamente mais iguais do que eram) aos homens; a religião comum no seio de cada povo seria proibida e substituída pela que os Seres Que Chegaram do Céu praticavam; o quotidiano de cada um seria inundado por uma torrente de aparelhos electrónicos fascinantes e totalmente inovadores; os bois seriam substituídos por tractores e gigantescas máquinas. Isto e muito mais.

Foi isto que aconteceu em finais do Século XV e no Século XVI, com a pequena diferença de que não foi a Europa a colonizada, mas sim O Novo Mundo. Portugueses, Espanhóis, Holandeses, Italianos e Ingleses irromperam por culturas seculares nas Américas, na África e na Ásia, e pura e simplesmente impuseram a nossa cultura, a nossa verdade.
Favoreceram certas etnias (os Tutsi, no Rwanda, por exemplo) e tribos (na Nova Zelândia dos Maori, por exemplo), cristianizaram os povos, impuseram-lhes os seus modelos económicos e políticos. Os países colonialistas enriqueceram graças a essas milhentas nações do Novo Mundo e, depois, abandonaram-nos e deixaram-nos ao Deus dará. Um Deus que não era o deles, ainda por cima.

Se nos devemos sentir culpados por tudo isto? Acho sinceramente que não. Tudo isso já aconteceu há décadas e séculos atrás, a maior parte das coisas antes de os nossos bisavós estarem sequer no mundo da hipóteses.
Acho que não nos devemos sentir culpados, mas eu sinto-me. Aliás, senti-me culpado desde pequeno por ter nascido deste lado da linha que separa os países ricos dos países pobres. E foi talvez por isso que, também desde pequeno, me isolei de tudo e de todos. Mas adiante, que isto não interessa para nada xD
Acho que não nos devemos sentir culpados, não, pois o sentimento de culpa não vai tornar mais justo o mundo em que vivemos. Mas, se não temos responsabilidade por aquilo que aconteceu há 400 ou 500 anos, temos, sim, responsabilidade por tudo o que está a acontecer agora. Se 80% dos recursos mundiais são consumidos por apenas 20% da população, e se nós fazemos parte desses 20%, então SIM, acho que temos responsabilidade por isso.

Mas, então, o que fazer?
Não são poucas as associações com fins humanitários em Portugal, não, mas a maior parte delas não está aberta à colaboração de qualquer pessoa (acho eu). E, para dar dinheiro (que não é a forma de ajudar de que eu sou mais apologista, por causa do distanciamento que implica), custa-me, e aposto que custará a muitos de vós, ver 70% das nossas doações utilizadas para fins administrativos (como acontece com uma grande ONG que todos nós conhecemos).
Dar comida e roupas também é bom, mas depois há navios que, estando carregados de tudo e mais alguma coisa, ficam um ano parados, como aconteceu com um em Leixões, até que a comida apodrece. Não que a culpa seja das ONGs, nestes casos (é, sim, dos países-destino), mas deve ser incómodo doar roupa, comida, medicamentos, apenas para os ver num navio, imponente nas suas intenções mas impotente nas suas acções.
Por tudo isso, sempre fiquei um pouco de pé atrás em procurar e participar em qualquer iniciativa. E conclui que preferia o Do It Yourself, ir eu mesmo ao terreno, quando fosse mais velho, tentar contribuir para um mundo mais justo e igualitário. "Sozinho é difícil, mas haveria de conseguir", I thought.

Então, numa tarde de Março, fui a uma sessão de sensibilização dada pelo Professor Fernando Castro na minha escola. Ele falou-nos sobre uma viagem que tinha feito ao Gana e sobre a realidade que lá tinha encontrado. Sobre a sua estadia em Abamkwam, uma pequena aldeia perdida no meio da selva africana, e sobre as péssimas condições de vida da população da povoação - da inexistência de água potável a um sistema de saúde ausente, passando por uma educação garantida pela boa vontade e esforço de apenas duas ou três pessoas.
Por esta altura já tinham sido angariados, por um grupo de Lisboa, 300€ para a reabilitação de uma bomba de água na aldeia e, com um grupo de jovens da Brotero, o Professor estava já a trabalhar na construção de uma escola lá.
Fiquei entusiasmado com a ideia e decidi ir à reunião semanal seguinte. Quando lá cheguei, não vi apenas um grupo que queria construir uma aldeia num "País de 3º mundo", mas sim um grupo de pessoas com vontade de MUDAR O MUNDO.

O grupo nasceu quando o Professor Fernando e um grupo de Área de Projecto (que andava a trabalhar na área da Intervenção Social) se juntaram, unidos por um ideal MAIOR e pela vontade destes últimos de participar num projecto que não acabasse com o final do ano lectivo - um projecto sério e para durar.

A partir daí, foram-se fazendo mais e mais acções de sensibilização e o grupo foi crescendo.

Conseguimos angariar fundos e oferecer bicicletas às crianças de Abamkwam para encurtarem as 3 horas a pé que os separavam da sua escola, fomos à Penitenciária de Coimbra animar os reclusos, fizemos visitas a lares de idosos. Estamos, neste momento, a tomar conta de crianças num bairro socialmente fragilizado. Desenhando um gigantesco 0,7% humano nos campos da ESAB, chamámos a atenção dos media para um problema que remonta à década de 70, quando foi concluído que, com apenas 0,7% do PIB dos países ricos, era possível erradicar do mundo todo o tipo de pobreza - meta que, até 2005, apenas a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Holanda e o Luxemburgo tinham atingido. (e com isto até fomos capa do Diário de Coimbra, eheh :D) Fomos ainda à Câmara Municipal apresentar a associação, por essa altura já registada oficialmente como PROMUNDO - Associação de Educação, Solidariedade e Cooperação Internacional.

Estamos ainda a organizar um projecto de co-desenvolvimento (um campo em que Portugal ainda está a dar os primeiros passos) com guineenses, no seguimento do qual, na próxima quinta-feira, vamos realizar uma Mesa de Co-Desenvolvimento (quem diria, hein? xD).
E, a cada semana, surgem novos projectos. Por vezes, penso que voamos alto de mais, que pensamos que podemos fazer tudo (é natural, estamos na flor da idade xD), e tenho medo que não consigamos dar conta de tudo. Mas isso já é o meu lado pessimista a falar - esperemos que esteja errado, como esteve até agora ^^


E bem, pode parecer-vos irreal, mas fizemos isto tudo em menos de cinco meses. Cinco meses!, no meio de muitas aulas, testes e exames. Às vezes, nem eu mesmo consigo perceber como. O que interessa é que o fizemos, espero que tudo corra tão bem como (ou melhor, de preferência :P) correu até agora.




PS: Ainda não percebi bem porque escrevi o texto xD Mas acho que até nem ficou mal. E consegui verbalizar as minhas motivações e opiniões. Obrigado a quem insistiu até isto estar acabado xP
Ah, e se estiver desse lado alguém interessado em fazer parte da Promundo, não hesite em dizê-lo :)

Saturday, July 4, 2009

Sobre Poesias e Outros Rudes Golpes

A nossa máxima Pátria, a Terra, sofre rudes golpes, dia após dia. E somos Nós que damos esses golpes, que deixam na superfície do nosso planeta feridas difíceis de sarar.

É sobre um desses rudes golpes que, numa aula de Português, escrevi um (péssimo) poema. Veio no seguimento de um artigo que saiu na National Geographic de Novembro de 2008 - A Erosão do Solo -, e de uma imagem que lá vinha que me impressionou especialmente.

Aqui está ele:

Dead Cities Of Syria

Cities of Syria
Dead cities of Syria
Deserted
Taken by the sand
Sand, deadly sand.

Cities of Syria
Abandoned by men
Men, running from the sand
The Sand they evoked
planting olive-trees.

Sand
brought by men.

Cities, Dead cities of Syria
Killed by man.



Espero que tenham sobrevivido a esta provação xD

Thursday, July 2, 2009

O Mestre do Suspense

Os ingleses têm cada nome...
Já repararam bem no do Alfredo? Decomponham-no e vejam por vocês mesmos...

Hitch... Cock? Oh god x)


[Já agora, obrigado, anita (e mãe xD), pelo Trivial e pelo jantar. xP]