O fim da abundância
Pelos padrões americanos, a nossa família está a passar por necessidades financeiras. No rescaldo da crise económica, o meu marido perdeu o emprego e agora ganha menos de metade do que ganhava. Com um filho no jardim-escola e um recém nascido para criar, temos vivido sob grande pressão. Depois de fazermos as contas, decidimos que eu ficaria em casa, sacrificando assim o nosso seguro de saúde. Os miúdos têm Medicaid. Passamos agora sem tantas coisas que antes tomávamos por garantidas. Temos reduzido as despesas sempre que possível. Se o meu marido não tivesse recebido uma assinatura vitalícia da vossa revista quando era criança, não a teríamos. Começámos, com relutância, a aceitar a ajuda governamental para alimentar a nossa família. Faremos o que for preciso para não perdermos a casa. Esta manhã estava absorta em autocomiseração e a queixar-me sobre o estado das nossas finanças. Fui lá acima amamentar o bebé.
Quando me instalei com o meu filho nos braços, olhei para a fotografia das páginas 50-51 e vi um bebé a morrer de fome na Etiópia. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de vergonha. Enquanto observava aquele rapazinho escanzelado, não pude deixar de compará-lo com o bebé rechonchudo que tinha ao colo. Aquele menino não é menos acarinhado do que o meu filho. Aposto que, se a mãe dele fosse subitamente atirada para a minha vida, não saberia o que fazer com tanta sorte. Não teria tempo para se queixar. Estaria demasiado ocupada a cozinhar os feijões e o arroz que eu desdenhei, plantando legumes no quintal e alimentando o filho.
brigada por nos lembrarem que o modo de vida americano não é o padrão mundial.
Pelos padrões americanos, a nossa família está a passar por necessidades financeiras. No rescaldo da crise económica, o meu marido perdeu o emprego e agora ganha menos de metade do que ganhava. Com um filho no jardim-escola e um recém nascido para criar, temos vivido sob grande pressão. Depois de fazermos as contas, decidimos que eu ficaria em casa, sacrificando assim o nosso seguro de saúde. Os miúdos têm Medicaid. Passamos agora sem tantas coisas que antes tomávamos por garantidas. Temos reduzido as despesas sempre que possível. Se o meu marido não tivesse recebido uma assinatura vitalícia da vossa revista quando era criança, não a teríamos. Começámos, com relutância, a aceitar a ajuda governamental para alimentar a nossa família. Faremos o que for preciso para não perdermos a casa. Esta manhã estava absorta em autocomiseração e a queixar-me sobre o estado das nossas finanças. Fui lá acima amamentar o bebé.
Quando me instalei com o meu filho nos braços, olhei para a fotografia das páginas 50-51 e vi um bebé a morrer de fome na Etiópia. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de vergonha. Enquanto observava aquele rapazinho escanzelado, não pude deixar de compará-lo com o bebé rechonchudo que tinha ao colo. Aquele menino não é menos acarinhado do que o meu filho. Aposto que, se a mãe dele fosse subitamente atirada para a minha vida, não saberia o que fazer com tanta sorte. Não teria tempo para se queixar. Estaria demasiado ocupada a cozinhar os feijões e o arroz que eu desdenhei, plantando legumes no quintal e alimentando o filho.
brigada por nos lembrarem que o modo de vida americano não é o padrão mundial.
Comentário de Melisande Timblin (Carolina do Norte, EUA)
na National Geographic nº 103
na National Geographic nº 103
3 comments:
Só tenho uma palavra: UAU. Acho que a senhora olhou no fundo da questão,e f ez a melhor interpretação que podia ter feito. Desejo também que consiga ultrapassar as suas próprias dificuldades.
É o bem que os tempos maus trazem: aprende-se a olhar a vida de forma diferente. O essencial é não esquecer (seria tão mais fácil!)...
HOJE faço uma homenagem à minha sobrinha Tânia do Bookcrossing, falecida em Março passado:
Minha querida, um “grande amigo” recente, também da blogosfera, mas já real, em Abril passado, já depois da tua partida para sempre da minha vida, fez o percurso “Caminhos de Santiago” ( conheceu-te através de mim, do meu sofrimento, da partilha de emoções) e, juntamente com os seus companheiros de caminhada rezaram por ti e fizeram uma oferta pela tua alma, deixando no local um símbolo e umas florzinhas do campo. LINDO, não é? Aqui está duas imagens desse “momento”.
Faço-te homenagem nos meus dois blogues, neste "teu dia".
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