Novembro tem-se afirmado cada vez mais como o mês da escrita por excelência, através do
National Novel Writing Month (NaNoWriMo). Eu vou participar, não com o objectivo de escrever as 50 000 palavras até dia trinta, mas com o objectivo de iniciar e terminar o projecto que tenho andado a magicar para participar
neste desafio. Vai ser um mês (quase) exclusivamente dedicado a este projecto, por isso vou estar (mais) ausente do blog.
De qualquer forma, na senda dos
últimos posts sobre o Fantástico, gostaria de fazer referência a duas ou três coisas.
Antes de mais, às Conversas Imaginárias, que já têm cartaz :)
Vai decorrer nos sábados 21 e 28 de Novembro na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro e, mesmo não tendo o programa oficial ainda sido divulgado, há já alguns nomes confirmados - Pedro Ventura, Telmo Marçal, João Barreiros e David Soares, entre outros, na parte da literatura e BD, e António de Macedo e Rui Ramos, entre outros, na parte da concept art e cinema.
"Como prelúdio das Conversas Imaginárias", como acabado de anunciar no
blog oficial, vai estar patente na Biblioteca uma exposição intitulada "Há Conversas com o IMAGINarte", de 9 a 28 deste mês.
Relativamente ao debate "Com Todas as Letras", que contou com o Pedro Reisinho (da Gailivro), o Luis Corte-Real (da Saída de Emergência) e o Pedro Marques (da Livros de Areia), bem como com o David Soares e o João Seixas, acho que vale a pena ler o
texto publicado no blog da Livros de Areia.
Falando de livros, vai sair no Brasil a antologia
Imaginários, de dois volumes, com participação não só de autores brasileiros mas também de nossos conterrâneos - Luís Filipe Silva, João Barreiros e Jorge Candeias. Para adquirir, com certeza.
Já deste lado do atlântico, foi lançada muito recentemente a antologia
Talentos Fantásticos, pela
edita-me. Envolta em muita polémica desde que a editora anunciou estar aberta a submissões para publicação de uma antologia, e ainda que não conheça os organizadores pelo que não posso afirmar nada com toda a certeza, tenho ficado cada vez mais convencido de que estes não agiram de boa-fé.
Vejamos, as participações (na categoria conto) tinham um limite máximo de 6 páginas. Porquê? Apostar na quantidade, afirmou a edita-me. Pergunto-me se será apenas para dar oportunidade a novos autores ou se será para terem um número de potenciais compradores maior. Não tenho uma resposta concreta, até porque não estou dentro da cabeça de quem organizou a antologia, mas inclinar-me-ia para a segunda hipótese. Mas passemos à frente.
Os autores dos contos, poemas e ilustrações não recebem direitos de autor nenhuns (o que é compreensível, pois daria uma quantia irrisória a cada um dos quase 100 participantes). Não recebem também nem sequer um exemplar cada um. Pronto, vamos esquecer isto, pois 100 exemplares era muita coisa. Mas vá, um desconto generoso aos autores, poetas e artistas que participam na antologia. 40%, 50%? Não? Não, uns irrisórios 10% de desconto aplicado nos 20€ que custa o livro de 350 páginas.
Sinceramente, cheira-me a um método sujo de fazer dinheiro. A maior parte dos autores estão a ser publicados pela primeira vez, pelo que vão querer comprar um exemplar, com certeza. Eles e, talvez, uns quantos familiares e amigos. Consideremos 80 como o número de participantes, e suponhamos que cada um, bem como um familiar seu, compra um exemplar. São 160 exemplares vendidos à partida - 2880€. Não estou dentro do mercado edição, mas parece-me que é um valor que cobrirá os custos de impressão, que, posto tudo isto, são todos os custos que a editora teve. O resto enche os bolsos de alguém.
O mesmo me parece que acontece com a editora Andross e as suas antologias, que referi no final
deste post. Os autores, ao participarem na antologia, comprometem-se em vender 20 exemplares desta. Sendo os limites de palavras muitíssimo reduzidos, temos um mínimo de 40 participantes para cada antologia, o que significa 800 exemplares vendidos à partida.
Sim, o autor tem várias vantagens - tem logo um número de leitores potenciais muito elevado e, para além disso, ao vender os seus 2o livros (que pode adquirir com um desconto elevado - quase 50%), pode ainda ganhar dinheiro.
A mim, esta forma de publicação, que se está a tornar cada vez mais comum, parece-me muito pouco ética, por muito apetecível que possa parecer para um autor em início de carreira.
PS: O site da Saída de Emergência mudou de visual. Vale a pena dar uma
espreitadela ;-)