Em seis meses lê-se muita coisa.
E se estes seis meses foram muito pobres na minha vida cibernética, foram imensamente ricos em leituras. E leituras que merecem mesmo ser referidas.
Acho que um dos melhores livros que li este ano foi mesmo o Carbono Alterado, do britânico Richard Morgan.
Neste romance, passado na Terra a cinco séculos de distância do nosso presente, Morgan apresenta-nos um incomum protagonista - Takeshi Kovacs. Um homem do Mundo de Harlan que é contratado por um matusa para resolver o mistério que se esconde por detrás do seu próprio suicídio. O seu próprio suicidio. Estranho, não?
Não, quando na Terra do século XXV a Morte é praticamente impossível. Uma Terra onde a identidade (personalidade, memórias, ...) de cada um é guardada numa pilha cortical, situada na base da nuca, que pode ser retirada do nosso corpo e colocada noutro sem o mínimo problema. E onde a informação guardada nessa pilha pode ser descarregada a qualquer momento (se se tiver dinheiro, claro - isso não mudou, lá xD).
Então, porque se iria Laurens Bancroft, um multimilionário com já quatrocentos anos de idade, suicidar? Porque iria ele vaporizar a sua própria cabeça (e pilha cortical), sabendo que é feito um backup da sua identidade todos os dias e que seria, automaticamente, "inserido" numa nova manga (corpos sintéticos fabricados para albergar as... hm... pessoas que ficam sem corpo ou querem um mais jovem)?
E se estes seis meses foram muito pobres na minha vida cibernética, foram imensamente ricos em leituras. E leituras que merecem mesmo ser referidas.
Acho que um dos melhores livros que li este ano foi mesmo o Carbono Alterado, do britânico Richard Morgan.
Neste romance, passado na Terra a cinco séculos de distância do nosso presente, Morgan apresenta-nos um incomum protagonista - Takeshi Kovacs. Um homem do Mundo de Harlan que é contratado por um matusa para resolver o mistério que se esconde por detrás do seu próprio suicídio. O seu próprio suicidio. Estranho, não?
Não, quando na Terra do século XXV a Morte é praticamente impossível. Uma Terra onde a identidade (personalidade, memórias, ...) de cada um é guardada numa pilha cortical, situada na base da nuca, que pode ser retirada do nosso corpo e colocada noutro sem o mínimo problema. E onde a informação guardada nessa pilha pode ser descarregada a qualquer momento (se se tiver dinheiro, claro - isso não mudou, lá xD).
Então, porque se iria Laurens Bancroft, um multimilionário com já quatrocentos anos de idade, suicidar? Porque iria ele vaporizar a sua própria cabeça (e pilha cortical), sabendo que é feito um backup da sua identidade todos os dias e que seria, automaticamente, "inserido" numa nova manga (corpos sintéticos fabricados para albergar as... hm... pessoas que ficam sem corpo ou querem um mais jovem)?
É para desvendar o mistério que se esconde por detrás deste alegado suicídio - afinal, quem conseguiria contornar toda a segurança da mansão de um dos homens mais poderosos da Terra?; e quem iria arriscar a sua pele para "liquidar" um matusa imortal? - que Takeshi Kovacs é contratado.
Por entre uma overdose de mortes a sangue frio, raciocínios intrincados e sexo explicito, há tempo para nos afeiçoarmos ao protagonista, apesar de tudo, muito humano.
Os capitulos pequenos e a fluidez da escrita contribuem para um ritmo de leitura muito elevado (tendo em conta a densidade e complexidade da história). De qualquer forma, é preciso parar um pouco de vez em quando, para assimilar as informações e para não se perder o fio à meada.
Por entre uma overdose de mortes a sangue frio, raciocínios intrincados e sexo explicito, há tempo para nos afeiçoarmos ao protagonista, apesar de tudo, muito humano.
Os capitulos pequenos e a fluidez da escrita contribuem para um ritmo de leitura muito elevado (tendo em conta a densidade e complexidade da história). De qualquer forma, é preciso parar um pouco de vez em quando, para assimilar as informações e para não se perder o fio à meada.
E, para quem pensa que a ficção ciêntifica são apenas naves a batalhar no espaço ou ambientes de tecnologia tão avançada que torna tudo possível, uma literatura onde não há espaço para questões filosóficas ou devaneios sobre a essência do Ser Humano, leiam este livro. Um policial de ritmo alucinante, passado no futuro, mas onde há espaço para os pensamentos mais profundos e filosóficos (como o que podem ver aqui). Um livro que dá que pensar, que nos faz imaginar o que aconteceria se as pessoas deixassem de morrer.
[Estava a demorar imenso a escrever o post, por isso decidi-me a postá-lo por partes. Fica aqui o melhor das minhas leituras de 2008.]
9 comments:
Gostei da tua opinião! Assim que surgir a oportunidade, sem dúvida que lerei este livro :)
Uma espécie d'"As Intermitências da Morte", de Saramago, mas passado no futuro?
Fiquei curioso, e vou ver se descubro mais algumas coisas acerca deste livro.
tiago
Bom.... aguçaste-me o apetite, apesar de não ser o meu género literário preferido, sou bem capaz de me aventurar nessa leitura. Até porque depois da Equação Dante fiquei mais tolerante em relação à ficção científica :)
Estou a ver que perdi muito ao não ter comprado o livro no fórum fantástico... Talvez seja a minha próxima compra!
Roberto Mendes
Canochinha,
Vais gostar, de certeza ;) Para recuperar do AR xD
Tiago,
Acho que não é bem isso :P
No futuro que Morgan criou, desde que não te destruam a pilha cortical, podes morrer que te "inserem" num novo corpo. Desde que tenhas dinheiro, claro x] E se tiveres ainda mais dinheiro, podes fazer backup da tua identidade de tempos a tempos, e se te destruirem a pilha podem sempre, com base nesse backup, porem-te noutro corpo.
No entanto isto não é focado exaustivamente. Vai havendo, um pouco ao longo do livro, espaço para reflexões sobre isso, mas o livro gira todo ele à volta da investigação.
;)
anaaaatchim,
Aposto que vais gostar ;) Já vi críticas extremamente positivas de pessoas que, por norma, não lêem ficção ciêntifica. Tanto portuguesas como inglesas :P
Igdrasil,
Perdeste sim =P Um excelente livro para desanuviar da fantasia ;)
Bem depois de ler o carbono fique à espera dos próximos livros do Morgan. Embora seja mais adepto de fantasia do que de Sci-Fi, tenho a dizer que o livro entrou para o meu 'top'. A escrita é, como tu disseste, fluída e relativamente pouco condensada. A nível de história está envolvente e consegue-se uma boa ligação com a personagem principal, visto que embora o Takeshi seja uma espécie de super-herói/criatura altamente destrutiva o autor consegue mante-lo relativamente real, com sentimentos e uma força que embora ligeiramente abusada também não é excessivamente fantasiosa.
Bem, ele foi um antigo membro do exército da ONU, e no novo corpo tinha neurochem e tal, por isso está justificado as suas capacidades fora do normal.
Se bem que a sua intocabilidade, apesar de todos os perigosos "percalços" na investigação, acaba por ser um pouco exagerada. Mas enfim... x)
Como estás? Não te esqueças de fazer a je do livro
http://www.bookcrossing.com/journal/5852517
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