Wednesday, March 31, 2010

Não ao Buzinão!

Para protestarem contra o seu salário miserável em início de carreira, os enfermeiros estão a fazer buzinões (qual é o plural de buzinão, mesmo?) por todo o país. Deixem-me que vos diga, mas acho esta forma de protesto extremamente idiota. Quando fazemos greve, quando protestamos e nos manifestamos, é importante que o façamos de forma respeitosa, ou perdemos toda a razão.

Nestes buzinões, o que não há é respeito. Não há respeito pelo ambiente, que de forma completamente desnecessária está a ser inundado de mais emissões de gases poluentes, e não há respeito pela população, que apanha com as buzinadelas. Mais, quem é atingido por estas buzinadelas não são os responsáveis pelas injustiças sociais de que os enfermeiros se queixam, mas as pessoas que não têm nada a ver com o problema.
Uma manifestação deveria, na minha opinião, ser feita com respeito, tanto pela população como pelo ambiente, a pé, mostrando que as pessoas se sacrificam para lutar pelos seus direitos, e não na comodidade dos transportes particulares. Passando, por exemplo, a pé, pelo meio da cidade, e terminando em frente do Ministério da Saúde, onde aquilo por que se luta seria exigido.


Já agora, gostava de colocar uma pergunta… Porque é que a minha mãe, licenciada e funcionária do Estado há mais de dez anos, não recebe sequer o que os enfermeiros exigem para início de carreira. É justiça social que eles estão a reivindicar, é?

FREE HUGS, just ask



kashmir diz:
lembras-te de te falar do "free hugs"?
Francisco diz:
Claro
kashmir diz:
lembras-te também da minha ideia disparatada de organizar isso em coimbra?
Francisco diz:
Sim.
kashmir diz:
é o seguinte,
dia 10 de abril vão organizar o free hugs em Lisboa
soo...
PERFEITO!
10 de abril, Coimbra
já temos blog
vou fazer cartazes.
Francisco diz:
Isso era tão genial :o
kashmir diz:
e pronto
agora,
há uma espécie de juramento ^^
que isto é uma coisa em grande :N
estás disposto a abraçar,
mendigos?
velhinhas?
estudantes?
bebados?
drogados?
pedófilos?
pessoas com muito mau aspecto?
pessoas com o pior hálito do mundo?
pessoas cheias de lama?
pessoas com papagaios no ombro?
estás disposto?
Francisco diz:
ESTOU!
kashmir diz:
então,
BEM-VINDO
http://freehugsask.blogspot.com/

(adaptado)

E tu, estás disposto?
Se estás, aparece dia 10 de Abril, na Praça da República, em Coimbra! ;)


[Merecias uma vénia, filipa.]

Saturday, March 20, 2010

come back, lenine

Good Bye, Lenin! é um filme que faz pensar.
Apresenta-nos a República Democrática Alemã antes da queda do Muro através dos olhos de dois jovens que, primeiro, vêm o seu pai fugir para o mundo capitalista e, depois, vêm a sua mãe, acérrima defensora da União Soviética, a cair num coma, pouco antes da queda do muro. Com a mãe em coma, vêm o muro cair e uma sociedade outrora socialista a sucumbir sob o poder do capitalismo e do consumismo. (A mãe virá a acordar, oito meses mais tarde, já numa Alemanha totalmente capitalista, e eles farão tudo para esconder da mãe a queda do muro o desaparecimento de tudo aquilo em que ela acreditava.)

Esta transição entre um modelo e outro, observada através dos olhos de dois jovens, simples e imparciais, que queriam apenas uma nação mais livre, dá que pensar.
Se é certo que na RDA e restantes nações dentro da União Soviética o povo não tinha liberdade de se manifestar, de ter ideias diferentes das do Estado Socialista, também é certo que não havia pessoas a passarem fome, que todos tinham um sítio onde viver, que não havia discrepâncias tão gritantes na distribuição das riquezas como as que há hoje em dia.
Quando a União Soviética caiu e o capitalismo conquistou toda a Europa de Leste, a economia desses países, que outrora garantia uma vida digna a todos, em que as pessoas não passavam fome nem estavam sujeitas a ficar sem tecto sob o qual dormir, tornou-se uma selva darwiniana, em que sobrevivem apenas os mais fortes. No mundo capitalista em que vivemos hoje, nada é certo - num dia, podemos ter uma vida estável e, no outro, ao ficar sem trabalho, perder a casa, ficar sem ter sequer o que comer. Existe a exploração do homem pelo homem, existe uma péssima distribuição da riqueza, estando 20% da população do mundo na posse de 80% da riqueza mundial. Um sem número de pessoas morre todas as horas, vítima da fome e de doenças perfeitamente evitáveis, enquanto que, do outro lado do mundo, pessoas recebem dezenas, centenas e milhares de milhares de euros por mês. Por todo o mundo existem milhões de pessoas sem casa, a viver nas ruas e em campos de refugiados, enquanto outros milhões de pessoas são donas de diversas casas, e estas estão vazias a maior parte do ano.
Nas sociedades comunistas da União Soviética as pessoas não passavam fome e sabiam que teriam sempre um sítio onde dormir, mas isso não desculpabiliza o facto de as liberdades individuais não terem sido respeitadas no mundo comunista. Nunca disse isso, aliás, acho absolutamente errado que se atente contra o direito de cada indivíduo de pensar livremente. Os fins nunca, mas nunca, justificam os meios. Acho, no entanto, que devíamos pensar se valeu a pena ganharmos a liberdade de dizermos aquilo que pensamos aos sete ventos, se com isso deixámos de poder ter a certeza se amanhã teremos o que comer, onde dormir, onde viver condignamente.
Em suma, poderemos dizer aquilo que quisermos, mas não saberemos se teremos um amanhã.

Friday, March 19, 2010

good bye, lenin!




Amanhã, Limpar Portugal. Um pequeno gesto, mas com muitos pequenos gestos poderemos contribuir para um mundo melhor.


Hasta la victoria, siempre!

Enfermeiros & Prioridades

Foi agendada mais uma greve dos enfermeiros.
Esta classe volta a reivindicar o direito a 1200€ de ordenado em início de carreira. Não digo que não tenham esse direito, mas acho que eles deviam pensar um bocadinho.

Numa altura em que há centenas de milhares de portugueses no desemprego, e que muitos outros vivem com menos de 500€ por mês, talvez os enfermeiros devessem parar um bocadinho e pensar se tem lógica estarem a fazer este estardalhaço todo. Tudo bem que são pessoas que investiram nos estudos, que tiraram uma licenciatura muitas vezes à custa de muito trabalho e de muitas horas de sono perdidas, não estamos a pôr isso em causa. Mas se alguém acabou como empregado de balcão porque, devido a uma série de factores, cometeu uma série de erros durante a sua vida - erros que, por muito que queira, não pode emendar -, não deve ser por isso privado do direito a uma vida digna.
Acho que primeiro devia ser assegurada uma vida com o mínimo de dignidade a todos os portugueses, e só depois os enfermeiros e outras classes privilegiadas deviam reivindicar estes ordenados de rei. Afinal, quem serve o café ao Sr. Enfermeiro de manhã, quem faz o pão e os bolos para o Sr. Enfermeiro comer ao pequeno-almoço, quem limpa as ruas onde o Sr. Enfermeiro anda, quem contribui para que o supermercado onde o Sr. Enfermeiro faz as compras funcione também tem direito a um ordenado que lhe permita ter comida na mesa todos os dias, que lhe permita ter roupa para vestir, que lhe permita lanchar com os amigos uma vez por outro, que lhe permita cometer uma extravagância de quando em vez.

Antes dos enfermeiros terem 1200€ como salário base em início de carreira, todos os portugueses, empregados ou não, devem ter os direitos à alimentação, habitação e saúde&higiene assegurados e todos os jovens portugueses devem ter direito a uma educação verdadeiramente gratuita.



E já agora, falando de coisas importantes, no próximo fim-de-semana, dias 26 e 27 de Março, vai haver um Debate Internacional de Justiça Climática, promovido pelo Bloco de Esquerda e pelo partido europeu European Left.
Eu gostava de ir. Todos devemos mostrar interesse, para nos prepararmos para, da próxima vez, não deixarmos que aconteça como em Copenhaga!



Hasta La Victoria, Siempre!


Sunday, March 14, 2010

'cause nothing can be compared to the holocaust

(not even my birthday)



A todos aqueles que têm a possibilidade de ler isto, aproveitem a vida. Mesmo. Se não por vocês mesmos, por todos aqueles que não tiveram (nem têm) a hipótese de ter uma vida com esta qualidade ou de, sequer, ter uma vida.
Carpe Diem.

Tuesday, March 2, 2010

Porque estou numa de divagações

Se alguma vez chegar perto de concordar com a tão batida afirmação de que "a juventude de hoje está perdida" será, não por não haver pessoas decentes na minha geração, mas porque poucas dessas pessoas não se metem nas drogas.

Avé, cassius. Avé, fragoso. Avé, pini.