Thursday, April 22, 2010

Greve de Transportes Públicos e Comunicações

Foi convocada para dia 27 uma greve de transportes públicos e comunicações. Uma greve que me vai afectar, mas que apoio, obviamente. Uma greve é suposto afectar as pessoas, é suposto abalar o funcionamento de uma cidade, de um país; se não afectar, então, não serve de nada.
Sugere-se, por aí, que se façam as greves em horário pós laboral, ou no dia da vinda do papa (na prática, um feriado nacional). Mas que raio de lógica fazia? No primeiro caso, fazer greve era não trabalhar fora do horário de trabalho que, digamos, não é algo pouco habitual; no segundo, era fazer greve num dia em que a maior parte das pessoas não iria utilizar os transportes públicos, pois não vai trabalhar, não vai para a escola, etc.
Metam uma coisa na cabeça, as greves são feitas para afectarem o funcionamento das cidades/países e, mais especificamente, para tirar a facturação às empresas. Num feriado, praticamente ninguém seria prejudicado e, em horários pós-laborais, muito menos.

Ah, e depois ainda dizem que, o que os trabalhadores querem, é "aumento de salários, como sempre".
Mais um erro. Não, o que os trabalhadores querem não é aumento de salários, não querem é o congelamento dos salários, que é bem diferente. Porque, quem não sabe devia saber, há uma coisa chamada inflação. E os salários costumam aumentar anualmente para acompanhar essa inflação, não com o objectivo de aumentar o poder de compra dos trabalhadores, mas de o tentar manter.

Algumas pessoas deviam aprender a pensar antes de falar, que às vezes sai cada barbaridade...


Peace!

11 comments:

Marta said...

Apesar de desconhecer completamente a situação das empresas de transportes, com uma inflação esperada de 0.7%, não acho que se justifique um aumento/não congelamento dos salários, principalmente tendo em conta que no ano passado assistimos ao maior aumento do poder de compra desde à alguns anos e a situação económica do país.
Apesar de o direito à greve ser fundamental, algumas pessoas haviam de pensar antes de o exercer. E darem graças por terem emprego.

Francisco Norega said...

Eu não sou aluno de economia e não sei se o que vou dizer está correcto, mas acho que a inflação real costuma ser sempre superior à estimada.

Anyway, por mais mínima que seja a inflação, o acompanhamento dos salários relativamente a esta é um direito dos trabalhadores. A inflação estima-se em 0,7%? Então subam os salários 0,7%.

Não é a questão de o aumento ser elevado ou não, é forçarem os das classes média e baixa a pagar a teórica crise, quando os bolsos de grandes gestores e donos de grandes empresas continuam cheíssimos!

Anonymous said...

Antes de mais, concordo com a Marta e concordo com a tua opinião.

Mas também tenho a minha:
No caso dos transportes públicos, mesmo que os trabalhadores façam greves, a empresa já beneficiou do dinheiro dos utentes que carregaram o passe nesse mês. Por isso, nada perde. Alias, até pagam menos aos trabalhadores, porque é-lhes descontado no salário os dias de greve. Por isso, há muitos trabalhadores que não exercem greve, porque precisam do salário ao fim do mês (por completo).

A intenção das greves é nobre, mas na prática não funciona, porque os empresários não se importam com os trabalhadores mais baixos na hierarquia da empresa, quando recebem 72 mil milhões de euros por ano (como é o caso do proprietário da EDP).

Bernardo said...

As greves deviam afectar os empresários, os donos das empresas, os patrões, etc. E não a classe trabalhadora, como sempre.
Porque, geralmente, os frequentadores de transportes públicos são pessoas da classe média/baixa, que já têm problemas económicos suficientes e já pagaram o passe do mês (como foi referido no comentário acima). Mas ainda se vêem obrigadas a faltar ao serviço e a não receber um dia de ordenado (ou o tempo que durar a greve) porque trabalhadores de empresas decidiram fazer greve.
As greves deviam ser melhor organizadas e afectar os empresários, porque a mentalidade portuguesa é de reclamar mas não fazer nada; portanto, os utentes irão reclamar junto dos trabalhadores em greve e não dos empresários. É o país em que vivemos.

Tudo na paz.

pho said...

Muitos serviços ficam prejudicados sem o nosso "proletariado". Não se trata só das empresas de transportes, trata-se também de todas as outras empresas que dependem dos serviços da soflusa e outras, sem as quais não possível as pessoas movimentarem-se.

Quanto a mim vários serviços deviam fazer greve ao mesmo tempo, para se perceber que a nossa sociedade funciona numa inter-dependência muito importante e que depende de todos, não só dos gestores e empresários.
Assim uma greve em simultâneo de serviços de transporte e limpeza de ruas, por exemplo, faria uma diferença absolutamente esmagadora!

O sonambulo cansado said...
This comment has been removed by the author.
O sonambulo cansado said...

Seja como for , uma greve é sempre efectuada com o propósito de ser notada, claro que vai afectar muita gente, mas temos de pensar que se queremos um bom serviço de transportes, temos de concordar que as pessoas que todos os dias fazem esse mesmo serviço andar têm de estar minimamente satisfeitas com o seu trabalho.

Mas também é verdade que a maioria das greves não afecta quem deveria afectar, e quem sai mais prejudicado são sempre aquelas que procuram uma melhoria das suas vidas através de uma acção que é sua por direito, e aqueles que também vão lutando para se manterem á tona, todos aqueles que dependem do serviço de transportes.

Eu já fui afectado por greves nas mais diversas áreas, é claro que fico lixado, penso que todos ficamos, mas lá no fundo, sabemos que as pessoas estão a lutar pelos seus direitos, e que mesmo sendo uma acção que nos atinge muitas vezes, todos sabemos que é um acto de desespero na maioria dos casos .

Anonymous said...

O problema está generalizado: professores, motoristas, etc...


'TODA A GENTE LHES DEVE E NINGUÉM LHES PAGA'

---> Como já fizeram algumas greves e a 'coisa' não anda... circulam por aí muitos motoristas dos TST com cara de 'toda a gente lhes deve e ninguém lhes paga'!
---> Os ditos (alguns) motoristas consideram que quem é altamente prejudicado pelas greves... tem a obrigação de fazer pressão para que eles tenham aumentos salariais!

---> Não deixa de ser curioso: pessoas que necessitam dos TST para se deslocar para o local de trabalho, que ganham menos que eles, que trabalham mais horas que eles, que este ano não tiveram aumento salarial [um exemplo: eu]... {NOTA IMPORTANTE: até aqui tudo bem! cada um tem a profissão que têm!}... o problema é que os ditos (alguns) motoristas {nota: o problema está generalizado} consideram que as pessoas economicamente mais fragilizadas... 'têm a obrigação' de fazer pressão para que eles tenham um aumento salarial!

Anonymous said...

É! Parem Portugal com greves gerais durante uma semana e vejam o que acontece.
Ficamos pior que a Grécia! ahaha

Francisco Norega said...

Pho,
Concordo absolutamente contigo. O problema é as greves serem feitas de forma descordenada e só duram um dia. Se toda a classe trabalhadora descontente fizesse greve simultaneamente, e não só por um dia, o impacto seria avassalador. E assim não seria só a classe média que seria afectada, mas o funcionamento de toda a sociedade.

Sonambulo,
"Seja como for , uma greve é sempre efectuada com o propósito de ser notada, claro que vai afectar muita gente, mas temos de pensar que se queremos um bom serviço de transportes, temos de concordar que as pessoas que todos os dias fazem esse mesmo serviço andar têm de estar minimamente satisfeitas com o seu trabalho."
Exacto, mas no sistema de transportes há outra coisa que faz com que a greve afecte só quem não deve ser afectado - algumas pessoas que não têm passe, que também acabam por ser imensas, utilizam na mesma os serviços residuais que continuam a existir nos dias de greve. Assim, algumas das pessoas que iriam em 4 ou 5 comboios vão num só, que por acaso calhar estar a circular, e pagam o bilhete na mesma.

Anonymous said...

necessita di verificare:)