Sunday, February 15, 2009

2008 em Leituras [III]

E eis que chega o terceiro e último post referente às minhas leituras de 2008.
Carbono Alterado e A Oeste do Éden foram dois livros excelentes que li no ano passado. No entanto, existem mais uns quantos, tão bons quanto estes, que merecem referência.

Refiro-me, por exemplo, às Crónicas do Gelo e do Fogo, de George R. R. Martin. Li os 6 livros deste autor publicados em português pela Saída de Emergência e, digo-o sem pensar duas vezes, é a melhor fantasia medieval que li desde O Senhor dos Anéis. Enquanto que Robert Jordan, com a saga A Roda do Tempo (Bertrand), traz mais do mesmo à fantasia, Martin revoluciona completamente o género.
Em O Olho do Mundo, que também li este ano, Jordan conta-nos uma história em que, apesar de os paralelismos não serem tão claros quanto isso, tudo nos sabe a mais do mesmo. Ainda que o faça com uma escrita soberba, e consiga cativar, não traz nada de novo ao género, ao contrário de Martin. Em A Song of Ice and Fire (fica muito mais bonito em inglês :P), somos arrebatados para um completamente novo modo de contar histórias.


Martin apresenta-nos um mundo coeso, complexo mas cheio de sentido. E, fugindo ao sentido do Bem e do Mal, apresenta-nos todos os pontos de vista possíveis e imaginários. Enquanto que em quase todas as obras de fantasia temos uma jornada do Bem contra o Mal, nesta saga temos "apenas" uma miríade de personagens, humanas, cheias de defeitos e qualidades como todos nós. Personagens que lutam pelas suas causas, que nos podem parecer mas mais ou menos justas, mas todas elas correctas, do ponto de vista de cada um.
Faz-nos pensar na subjectividade da Razão, da justiça, e tudo mais. E de como tudo é facilmente manipulável, ainda mais no nosso mundo, com os mass media (hei-de escrever um post sobre isto dentro de algumas semanas).

Mas como a vida não é só fantasia, gostaria de referir também o Planisfério Pessoal, do português Gonçalo Cadilhe, um livro que me emprestou um grande amigo meu de quem, parece-me, me estou a afastar.
Mas continuando... Gostei imenso deste livro porque, através de uma volta ao mundo por terra e por mar, este viajante português dá-nos a conhecer imensas culturas, em toda a sua simplicidade e esplendor. De civilizações extremamente pobres no Oriente e na América Latina aos países ricos do ocidente, Gonçalo Cadilhe leva-nos a conhecer os problemas sociais de cada povo, mas também as suas felizes forma de vida.
Em pequenas crónicas escritas num português fluido, o autor faz-nos viajar por (quase) todo o mundo.
Aconselho. ;) Apenas tive pena que ele não tenha visitado África. :/

E pronto, acho que foi tudo. Já tenho dois livros deste ano de que vos quero falar. A seu tempo :P


Até à próxima ;)

11 comments:

Célia said...

Francisco, concordo plenamente com tudo o que dizes sobre o Martin! Ah, e adorei a montagem que fizeste com as capas dos livros ;)

Tiago Mendes said...

A montagem das capas está muito boa :D E estou a ler o quarto, e a adorar!

Tiago

Francisco Norega said...

Obrigado aos dois ;)
É, sem dúvida, uma excelente leitura.

Kath said...

Que mentira! Jordan não traz mais do mesmo. São estilos diferentes, é certo, mas não é mais do mesmo. Leste quantos dele, o primeiro? É o pior de entre os que já li.

Francisco Norega said...

Bem, eu não digo que Jordan não seja agradável de ler. E a história é gira, e relativamente original.

No entanto o mundo medieval ameaçado pelo Senhor das Trevas já é algo muito batido. Ainda mais quando o protagonista vem duma região isolada, que se desenvolve quase sem contacto com o mundo exterior, e decide empreender uma viagem maior do que teoricamente tem capacidade para fazer, ainda mais.
Mas não digo que não seja bom. Mas Martin é melhor :P

Kath said...

Leste um de Jordan. Leste seis de Martin. Não podes compará-los nessa base. E Jordan não se limita a "Senhor do Mal ameaça reino". "Herói salva."

anaaaatchim! said...

George Martin está a ser uma espinha na minha garanta... Ainda não me rendi ao género fantasia, mas se um dia o abordar, terei que ler esse autor... agora, dá-me é uma preguiça pensar que a obra completa em português serão uns 14 ou 15 volumes... oh god!! =) Começarei pelo Harry Potter que pelo menos são 7 :)

Pedro said...

Estou a reler a saga... E só digo que está a ser ainda melhor do que a primeira vez!!! Bestial!!! Ainda só não li "A Glória dos Traidores", mas obviamente as expectativas são... altíssimas!

Também adorei a montagem, fantástica! ;D

Francisco Norega said...

Pedro,
acredito que a releitura seja muito melhor :) Quando já sabemos o que acontece, podemos apreciar melhor os pormenores :D

anaaaatchim,
Pois, não sei se George Martin será um bom começo para quem não é fã do género. No início pode ser algo complexo, por causa do mundo e do elevado número de personagens.
O Harry Potter talvez seja uma boa escolha, mas eu não aprecio muito :P

Catarina,
está bem, mas mesmo assim. O Martin é muito mais original.

Kerhex said...

Originalidade é um termo relativo, além disso no ano em que "O olho do Mundo" foi publicado os mundos ameaçados por senhores das trevas ainda não eram batidos. Se disseres que o "O Olho do Mundo" te pareceu insonso e que por vezes tiveste um dejá vu tens razão, mas não coloques Jordan na prateleira de menos original por isso, lembra-te que leste Jordan depois de tudo o resto com que estás a comparar, dentro do género. Sugiro que leias os volumes seguintes, tal como te sugeri a leitura do "Planisfério Pessoal".

PS - Não és tu quem se está a afastar.

Francisco Norega said...

Vou considerar a hipótese. ;)
Mas não é uma prioridade.

E ok.