[Este texto, dedico-o à Ana xP]
Imaginem-se no início do século XVII, na Europa. Agricultura, escaramuças (bem sangrentas) entre povos, carne conservada em sal. Mortalidade Infantil, direitos da mulher inexistentes, tráfico de pessoas. Sem Internet, sem acesso a livros, jornais e revistas por parte da pessoa comum.
Agora imaginem que, sem mais nem menos, chegavam umas coisas pelos ares, gigantes como dragões e velozes como os mais rápidos animais exóticos da savana Africana. Dos grandes naves (termo que utilizavam para designar as enormes máquinas voadoras) saíam todo o tipo de estranhas coisas. Aparelhos grandes como armários, de uma brancura imaculada, de onde saía um frio siberiano; um objecto estranho, desdobrável, que nos diziam que servia para pôr a roupa a secar; um fogão, com diversos botões, que se acendiam com instrumentos compridos de metal.
E mais, uns seres algo parecidos connosco, mas mais esbeltos e evoluídos, diziam-nos que tudo o que fazíamos estava errado, que a mulher tinha direitos; que as crianças tinham de permanecer na escola, mesmo depois de entrarem na idade adulta; que todos os dias devíamos ver um pouco de uns idiotas de uns programas que dão numa caixa preta em forma de cubo; que a nossa Igreja estava errada, que os padres eram todos uns adoradores do Diabo.
Resultado? Caos.
Eventualmente, certos povos tornar-se-iam os Favoritos dos Seres Que Chegaram do Céu (chamemos-lhes assim) e subjugariam os outros, suportados por todas as tecnologias trazidas dos Céus por aqueles deuses. As concepções económicas, sociais, políticas, ideológicas e religiosas seriam impostas pelos Seres Que Chegaram do Céu, renegando para a clandestinidade as culturas e línguas locais.
Na prática, todas as civilizações europeias seriam forçadas a um salto temporal de três ou quatro séculos nas consciências e concepções aceites pela generalidade da população. Os escravos deixariam, no tempo em que o diabo esfrega um olho, de existir; as mulheres, de um dia para o outro, passariam a desempenhar funções iguais (o quão iguais é discutível, mas seriam certamente mais iguais do que eram) aos homens; a religião comum no seio de cada povo seria proibida e substituída pela que os Seres Que Chegaram do Céu praticavam; o quotidiano de cada um seria inundado por uma torrente de aparelhos electrónicos fascinantes e totalmente inovadores; os bois seriam substituídos por tractores e gigantescas máquinas. Isto e muito mais.
Foi isto que aconteceu em finais do Século XV e no Século XVI, com a pequena diferença de que não foi a Europa a colonizada, mas sim O Novo Mundo. Portugueses, Espanhóis, Holandeses, Italianos e Ingleses irromperam por culturas seculares nas Américas, na África e na Ásia, e pura e simplesmente impuseram a nossa cultura, a nossa verdade.
Favoreceram certas etnias (os Tutsi, no Rwanda, por exemplo) e tribos (na Nova Zelândia dos Maori, por exemplo), cristianizaram os povos, impuseram-lhes os seus modelos económicos e políticos. Os países colonialistas enriqueceram graças a essas milhentas nações do Novo Mundo e, depois, abandonaram-nos e deixaram-nos ao Deus dará. Um Deus que não era o deles, ainda por cima.
Se nos devemos sentir culpados por tudo isto? Acho sinceramente que não. Tudo isso já aconteceu há décadas e séculos atrás, a maior parte das coisas antes de os nossos bisavós estarem sequer no mundo da hipóteses.
Acho que não nos devemos sentir culpados, mas eu sinto-me. Aliás, senti-me culpado desde pequeno por ter nascido deste lado da linha que separa os países ricos dos países pobres. E foi talvez por isso que, também desde pequeno, me isolei de tudo e de todos. Mas adiante, que isto não interessa para nada xD
Acho que não nos devemos sentir culpados, não, pois o sentimento de culpa não vai tornar mais justo o mundo em que vivemos. Mas, se não temos responsabilidade por aquilo que aconteceu há 400 ou 500 anos, temos, sim, responsabilidade por tudo o que está a acontecer agora. Se 80% dos recursos mundiais são consumidos por apenas 20% da população, e se nós fazemos parte desses 20%, então SIM, acho que temos responsabilidade por isso.
Mas, então, o que fazer?
Não são poucas as associações com fins humanitários em Portugal, não, mas a maior parte delas não está aberta à colaboração de qualquer pessoa (acho eu). E, para dar dinheiro (que não é a forma de ajudar de que eu sou mais apologista, por causa do distanciamento que implica), custa-me, e aposto que custará a muitos de vós, ver 70% das nossas doações utilizadas para fins administrativos (como acontece com uma grande ONG que todos nós conhecemos).
Dar comida e roupas também é bom, mas depois há navios que, estando carregados de tudo e mais alguma coisa, ficam um ano parados, como aconteceu com um em Leixões, até que a comida apodrece. Não que a culpa seja das ONGs, nestes casos (é, sim, dos países-destino), mas deve ser incómodo doar roupa, comida, medicamentos, apenas para os ver num navio, imponente nas suas intenções mas impotente nas suas acções.
Por tudo isso, sempre fiquei um pouco de pé atrás em procurar e participar em qualquer iniciativa. E conclui que preferia o Do It Yourself, ir eu mesmo ao terreno, quando fosse mais velho, tentar contribuir para um mundo mais justo e igualitário. "Sozinho é difícil, mas haveria de conseguir", I thought.
Então, numa tarde de Março, fui a uma sessão de sensibilização dada pelo Professor Fernando Castro na minha escola. Ele falou-nos sobre uma viagem que tinha feito ao Gana e sobre a realidade que lá tinha encontrado. Sobre a sua estadia em Abamkwam, uma pequena aldeia perdida no meio da selva africana, e sobre as péssimas condições de vida da população da povoação - da inexistência de água potável a um sistema de saúde ausente, passando por uma educação garantida pela boa vontade e esforço de apenas duas ou três pessoas.
Por esta altura já tinham sido angariados, por um grupo de Lisboa, 300€ para a reabilitação de uma bomba de água na aldeia e, com um grupo de jovens da Brotero, o Professor estava já a trabalhar na construção de uma escola lá.
Fiquei entusiasmado com a ideia e decidi ir à reunião semanal seguinte. Quando lá cheguei, não vi apenas um grupo que queria construir uma aldeia num "País de 3º mundo", mas sim um grupo de pessoas com vontade de MUDAR O MUNDO.
O grupo nasceu quando o Professor Fernando e um grupo de Área de Projecto (que andava a trabalhar na área da Intervenção Social) se juntaram, unidos por um ideal MAIOR e pela vontade destes últimos de participar num projecto que não acabasse com o final do ano lectivo - um projecto sério e para durar.
A partir daí, foram-se fazendo mais e mais acções de sensibilização e o grupo foi crescendo.
Conseguimos angariar fundos e oferecer bicicletas às crianças de Abamkwam para encurtarem as 3 horas a pé que os separavam da sua escola, fomos à Penitenciária de Coimbra animar os reclusos, fizemos visitas a lares de idosos. Estamos, neste momento, a tomar conta de crianças num bairro socialmente fragilizado. Desenhando um gigantesco 0,7% humano nos campos da ESAB, chamámos a atenção dos media para um problema que remonta à década de 70, quando foi concluído que, com apenas 0,7% do PIB dos países ricos, era possível erradicar do mundo todo o tipo de pobreza - meta que, até 2005, apenas a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Holanda e o Luxemburgo tinham atingido. (e com isto até fomos capa do Diário de Coimbra, eheh :D) Fomos ainda à Câmara Municipal apresentar a associação, por essa altura já registada oficialmente como PROMUNDO - Associação de Educação, Solidariedade e Cooperação Internacional.
Estamos ainda a organizar um projecto de co-desenvolvimento (um campo em que Portugal ainda está a dar os primeiros passos) com guineenses, no seguimento do qual, na próxima quinta-feira, vamos realizar uma Mesa de Co-Desenvolvimento (quem diria, hein? xD).
E, a cada semana, surgem novos projectos. Por vezes, penso que voamos alto de mais, que pensamos que podemos fazer tudo (é natural, estamos na flor da idade xD), e tenho medo que não consigamos dar conta de tudo. Mas isso já é o meu lado pessimista a falar - esperemos que esteja errado, como esteve até agora ^^
E bem, pode parecer-vos irreal, mas fizemos isto tudo em menos de cinco meses. Cinco meses!, no meio de muitas aulas, testes e exames. Às vezes, nem eu mesmo consigo perceber como. O que interessa é que o fizemos, espero que tudo corra tão bem como (ou melhor, de preferência :P) correu até agora.
Agora imaginem que, sem mais nem menos, chegavam umas coisas pelos ares, gigantes como dragões e velozes como os mais rápidos animais exóticos da savana Africana. Dos grandes naves (termo que utilizavam para designar as enormes máquinas voadoras) saíam todo o tipo de estranhas coisas. Aparelhos grandes como armários, de uma brancura imaculada, de onde saía um frio siberiano; um objecto estranho, desdobrável, que nos diziam que servia para pôr a roupa a secar; um fogão, com diversos botões, que se acendiam com instrumentos compridos de metal.
E mais, uns seres algo parecidos connosco, mas mais esbeltos e evoluídos, diziam-nos que tudo o que fazíamos estava errado, que a mulher tinha direitos; que as crianças tinham de permanecer na escola, mesmo depois de entrarem na idade adulta; que todos os dias devíamos ver um pouco de uns idiotas de uns programas que dão numa caixa preta em forma de cubo; que a nossa Igreja estava errada, que os padres eram todos uns adoradores do Diabo.
Resultado? Caos.
Eventualmente, certos povos tornar-se-iam os Favoritos dos Seres Que Chegaram do Céu (chamemos-lhes assim) e subjugariam os outros, suportados por todas as tecnologias trazidas dos Céus por aqueles deuses. As concepções económicas, sociais, políticas, ideológicas e religiosas seriam impostas pelos Seres Que Chegaram do Céu, renegando para a clandestinidade as culturas e línguas locais.
Na prática, todas as civilizações europeias seriam forçadas a um salto temporal de três ou quatro séculos nas consciências e concepções aceites pela generalidade da população. Os escravos deixariam, no tempo em que o diabo esfrega um olho, de existir; as mulheres, de um dia para o outro, passariam a desempenhar funções iguais (o quão iguais é discutível, mas seriam certamente mais iguais do que eram) aos homens; a religião comum no seio de cada povo seria proibida e substituída pela que os Seres Que Chegaram do Céu praticavam; o quotidiano de cada um seria inundado por uma torrente de aparelhos electrónicos fascinantes e totalmente inovadores; os bois seriam substituídos por tractores e gigantescas máquinas. Isto e muito mais.
Foi isto que aconteceu em finais do Século XV e no Século XVI, com a pequena diferença de que não foi a Europa a colonizada, mas sim O Novo Mundo. Portugueses, Espanhóis, Holandeses, Italianos e Ingleses irromperam por culturas seculares nas Américas, na África e na Ásia, e pura e simplesmente impuseram a nossa cultura, a nossa verdade.
Favoreceram certas etnias (os Tutsi, no Rwanda, por exemplo) e tribos (na Nova Zelândia dos Maori, por exemplo), cristianizaram os povos, impuseram-lhes os seus modelos económicos e políticos. Os países colonialistas enriqueceram graças a essas milhentas nações do Novo Mundo e, depois, abandonaram-nos e deixaram-nos ao Deus dará. Um Deus que não era o deles, ainda por cima.
Se nos devemos sentir culpados por tudo isto? Acho sinceramente que não. Tudo isso já aconteceu há décadas e séculos atrás, a maior parte das coisas antes de os nossos bisavós estarem sequer no mundo da hipóteses.
Acho que não nos devemos sentir culpados, mas eu sinto-me. Aliás, senti-me culpado desde pequeno por ter nascido deste lado da linha que separa os países ricos dos países pobres. E foi talvez por isso que, também desde pequeno, me isolei de tudo e de todos. Mas adiante, que isto não interessa para nada xD
Acho que não nos devemos sentir culpados, não, pois o sentimento de culpa não vai tornar mais justo o mundo em que vivemos. Mas, se não temos responsabilidade por aquilo que aconteceu há 400 ou 500 anos, temos, sim, responsabilidade por tudo o que está a acontecer agora. Se 80% dos recursos mundiais são consumidos por apenas 20% da população, e se nós fazemos parte desses 20%, então SIM, acho que temos responsabilidade por isso.
Mas, então, o que fazer?
Não são poucas as associações com fins humanitários em Portugal, não, mas a maior parte delas não está aberta à colaboração de qualquer pessoa (acho eu). E, para dar dinheiro (que não é a forma de ajudar de que eu sou mais apologista, por causa do distanciamento que implica), custa-me, e aposto que custará a muitos de vós, ver 70% das nossas doações utilizadas para fins administrativos (como acontece com uma grande ONG que todos nós conhecemos).
Dar comida e roupas também é bom, mas depois há navios que, estando carregados de tudo e mais alguma coisa, ficam um ano parados, como aconteceu com um em Leixões, até que a comida apodrece. Não que a culpa seja das ONGs, nestes casos (é, sim, dos países-destino), mas deve ser incómodo doar roupa, comida, medicamentos, apenas para os ver num navio, imponente nas suas intenções mas impotente nas suas acções.
Por tudo isso, sempre fiquei um pouco de pé atrás em procurar e participar em qualquer iniciativa. E conclui que preferia o Do It Yourself, ir eu mesmo ao terreno, quando fosse mais velho, tentar contribuir para um mundo mais justo e igualitário. "Sozinho é difícil, mas haveria de conseguir", I thought.
Então, numa tarde de Março, fui a uma sessão de sensibilização dada pelo Professor Fernando Castro na minha escola. Ele falou-nos sobre uma viagem que tinha feito ao Gana e sobre a realidade que lá tinha encontrado. Sobre a sua estadia em Abamkwam, uma pequena aldeia perdida no meio da selva africana, e sobre as péssimas condições de vida da população da povoação - da inexistência de água potável a um sistema de saúde ausente, passando por uma educação garantida pela boa vontade e esforço de apenas duas ou três pessoas.
Por esta altura já tinham sido angariados, por um grupo de Lisboa, 300€ para a reabilitação de uma bomba de água na aldeia e, com um grupo de jovens da Brotero, o Professor estava já a trabalhar na construção de uma escola lá.
Fiquei entusiasmado com a ideia e decidi ir à reunião semanal seguinte. Quando lá cheguei, não vi apenas um grupo que queria construir uma aldeia num "País de 3º mundo", mas sim um grupo de pessoas com vontade de MUDAR O MUNDO.
O grupo nasceu quando o Professor Fernando e um grupo de Área de Projecto (que andava a trabalhar na área da Intervenção Social) se juntaram, unidos por um ideal MAIOR e pela vontade destes últimos de participar num projecto que não acabasse com o final do ano lectivo - um projecto sério e para durar.
A partir daí, foram-se fazendo mais e mais acções de sensibilização e o grupo foi crescendo.
Conseguimos angariar fundos e oferecer bicicletas às crianças de Abamkwam para encurtarem as 3 horas a pé que os separavam da sua escola, fomos à Penitenciária de Coimbra animar os reclusos, fizemos visitas a lares de idosos. Estamos, neste momento, a tomar conta de crianças num bairro socialmente fragilizado. Desenhando um gigantesco 0,7% humano nos campos da ESAB, chamámos a atenção dos media para um problema que remonta à década de 70, quando foi concluído que, com apenas 0,7% do PIB dos países ricos, era possível erradicar do mundo todo o tipo de pobreza - meta que, até 2005, apenas a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Holanda e o Luxemburgo tinham atingido. (e com isto até fomos capa do Diário de Coimbra, eheh :D) Fomos ainda à Câmara Municipal apresentar a associação, por essa altura já registada oficialmente como PROMUNDO - Associação de Educação, Solidariedade e Cooperação Internacional.
Estamos ainda a organizar um projecto de co-desenvolvimento (um campo em que Portugal ainda está a dar os primeiros passos) com guineenses, no seguimento do qual, na próxima quinta-feira, vamos realizar uma Mesa de Co-Desenvolvimento (quem diria, hein? xD).
E, a cada semana, surgem novos projectos. Por vezes, penso que voamos alto de mais, que pensamos que podemos fazer tudo (é natural, estamos na flor da idade xD), e tenho medo que não consigamos dar conta de tudo. Mas isso já é o meu lado pessimista a falar - esperemos que esteja errado, como esteve até agora ^^
E bem, pode parecer-vos irreal, mas fizemos isto tudo em menos de cinco meses. Cinco meses!, no meio de muitas aulas, testes e exames. Às vezes, nem eu mesmo consigo perceber como. O que interessa é que o fizemos, espero que tudo corra tão bem como (ou melhor, de preferência :P) correu até agora.
PS: Ainda não percebi bem porque escrevi o texto xD Mas acho que até nem ficou mal. E consegui verbalizar as minhas motivações e opiniões. Obrigado a quem insistiu até isto estar acabado xP
Ah, e se estiver desse lado alguém interessado em fazer parte da Promundo, não hesite em dizê-lo :)
11 comments:
Obrigado pela dedicatória =)* <3
Primeiro que tudo... parabéns, Kiko!* Conseguir num texto condensar toda a história e fundamentos, todos os valores e acções, todo o espírito, da nossa ProMundo não era nada fácil - e tu fizeste-o com a simplicidade de quem se revê por inteiro na entrega necessária para que projectos como este marquem a diferença no Mundo.
Que este post sirva para, daqui a uns anos, nos lembrar porque e como tudo começou... Para que não esqueçamos nunca o que nos orienta!** =)*
Bem grande texto.
Sinceramente acho que tens um probelma de educaçao, eu não me sinto culpada pelo colonização realizada pelos portugueses, eu sinto-me orgulhosa. Actualmente e globalmente há muito menos pobreza que à 50, 100, ou mesmo à 500 anos, graças "exploração" realizada pelos paises europeus. Ela permitiu que a europa desse um salto, se desenvovesse e de alguma forma contribui-se para que o resto do mundo se tormasse mais fácil. E tens de ver que nem todos os colonizadores imporam a sua cultura, na Jamaica por exemplo, o facto dos escravos serem deixados em páz levou a que, muitos anos mais tarde, surgissem os Rastafaris.
Também não me sinto culpada de nascer num país (semi) rico. Acho apenas que temos mais oportunidades que muitas outras pessoas e devemos dar o nosso contributo para a sociedade.
Quanto a mandar roupas, bicicletes, livros, etc. isso não é outra forma de colonização? Não estamos a impor o que achamos que é melhor para eles? Afinal qual é o problema de andar nu? Em Africa faz calor.
Quanto à ProMundo acho muito bem! Há muitas formas de marcar a diferença, eu própria já participei em diversas campanhas de voluntariado com os escuteiros. E se alguma vez quizeres fazer voluntariado no terreno conta comigo, um dos aspectos do meu PPV é fazer voluntariado em Africa.
O socialismo é lixado, enche-te cheio de complexos culpa (pessoa que se sente culpada por coisas que não tem nada a ver -> by Zé)
Amigo Francisco,
Eu sou um dos que anda desde o início nesta barca, também fui euque dei o nome ao projecto EU QUERO MUDAR O MUNDO e sabs q mais? Percebi desde o início que não stava sozinh e que havia muita gente a partilhar os mesmos ideais que eu.Gostei de te conhecer, porque injectaste uma faceta muito importante e interessante neste sonho visionário e utópico.
Não sei por onde começar. Antes de mais parabéns pelo texto, na medida em que está muito bem escrito. Acho que fundamentaste muito bem o teu ponto de vista em relação ao colonialismo. Já a nossa amiga Marttokas não esteve muito bem ao dizr «sinto-me orgulhosa». Nós, mundo ocidental, levámos a pobreza para África, explorámos aqele povo e ainda nos dias de hoje gozamos dos potenciais das suas terras. é uma ilusão pensar que há ditadura em áfrica apenas por causa dos africanos. a ditadura em mts países dá jeito a mts grandes empresas e mais não digo.
Para já a Promundo é um movimento de sonhos e de trabalho conjunto. Estamos a crescer o q é excelente, em grande escala o q não deixa de ser bom, mas controlo da situação é o desafio que se segue... somos pelo que pensamos e fazemos porque acreditamos e o mais especial de tudo isto é que para nós isso BASTA!!! somos puros nos objectivos e fortes nas acções, o céu é o nosso limite ( os fisicos que entrem agr em campo para definir a finutude da infinidade do universo) e PRONTOS!!!
termino à boa maneira portuguesa com uma calinada no português a q tanto ach piada
um abraço e mais uma vez parabéns,
daniel gameiro
Ana,
Não tens nada que agradecer =P Eu é que agradeço a longa espera xD E o comentário ^^
Marta,
Um problema de educação? Acho que não xD Neste ponto a educação que a minha mãe me deu não teve grande influência, é mesmo panca de nascença xD Já andava com coisas destas na cabeça no 5º ano.
"eu não me sinto culpada pelo colonização realizada pelos portugueses, eu sinto-me orgulhosa."
Bem, como em tudo, houve pessoas boas e más, mas eu não me sinto orgulhoso, de maneira alguma.
Se pensarmos que muitas das assimetrias que podemos observar, por exemplo, no Brasil, vêm dos regimes senhoriais que lá abundavam na Era Colonial, então não há mesmo razões para nos sentirmos orgulhosos.
E aniquilámos as culturas de imensos povos, tanto da América do Sul como de África, quando lhes impusemos a nossa língua, a nossa economia, a nossa maneira de viver. Muitas das tribos de África, antes, viviam do que conseguiam retirar da Natureza (mal ou bem, viviam, e faziam alguma coisa na vida); hoje, muitos africanos estão em campos de refugiados ou nos subúrbios de grandes Metrópoles da Miséria, sobrevivendo do que as grandes organizações humanitárias lhes levam.
Até podíamos querer fazer algo decente, melhorar as condições de vida deles, mas fizemos exactamente o contrário. E não me sinto nada orgulhoso disso. Nada mesmo.
"Actualmente e globalmente há muito menos pobreza que à 50, 100, ou mesmo à 500 anos, graças "exploração" realizada pelos paises europeus."
Bem, comparando um antes e um depois, eu acho que os povos nativos do Novo Mundo estavam muito melhor antes de aparecerem os europeus. Os índios americanos, chacinados tanto na América do Norte (fuck you, USA!) como na América Latina (tanto pelos espanhóis como por nós, portugueses), podes crer que estavam melhor antes de nós chegarmos. Quanto mais não seja por existirem.
"Ela permitiu que a europa desse um salto, se desenvovesse e de alguma forma contribui-se para que o resto do mundo se tormasse mais fácil. E tens de ver que nem todos os colonizadores imporam a sua cultura, na Jamaica por exemplo, o facto dos escravos serem deixados em páz levou a que, muitos anos mais tarde, surgissem os Rastafaris."
Bem, a Europa deu um salto gigantesco, sim, mas exactamente devido às riquezas dos países colonizados. Portugal tornou-se um dos países mais ricos da Europa (na altura) por causa do ouro do Brasil. Mas... exacto, o ouro é do Brasil. Porque raio enriquecemos nós com ele?
"Também não me sinto culpada de nascer num país (semi) rico. Acho apenas que temos mais oportunidades que muitas outras pessoas e devemos dar o nosso contributo para a sociedade."
Bem, eu sou eu, e sou um bocado "anormal", e não é por eu me sentir culpado que os outros também se devem sentir.
No entanto é um abuso vivermos com todos os luxos quando do outro lado do mundo vivem pessoas numa pobreza que até é difícil nós concebermos. E é um abuso ainda maior se considerarmos que é dessas partes do mundo que vêm as grandes tecnologias e objectos do nosso quotidiano vêm desses países.
"Quanto a mandar roupas, bicicletes, livros, etc. isso não é outra forma de colonização? Não estamos a impor o que achamos que é melhor para eles? Afinal qual é o problema de andar nu? Em Africa faz calor."
Essa pergunta foi muito pertinente. E tenho-me colocado essa questão imensas vezes desde que estou na associação. Mas, agora que a m**** está feita, é difícil voltar atrás. Nós impusemos-lhes um progresso de séculos em cima quando partimos para a colinização, agora não podemos esperar que eles esqueçam isso tudo e vivam felizes como dantes.
"O socialismo é lixado, enche-te cheio de complexos culpa (pessoa que se sente culpada por coisas que não tem nada a ver -> by Zé)"
Sinceramente, não sei onde é que o socialismo é para aqui chamado xD
É uma questão de censo comum. Se 80% dos recursos naturais do planeta são usados por 20% da população mundial, então algo está MUITO errado :P
(Eheh, acho que me estiquei xD)
Mais uma vez, obrigado às duas.
Beijinhos :P
Daniel,
Obrigado desde já pelo comentário :)
Foi muito bom conhecer-te, e conhecer-vos a todos. Juntos temos mais força =D
Quanto ao colinialismo... bem, é isso ;P
Interesses económicos, agora e sempre. Infelizmente.
Um abraço, Daniel, e, mais uma vez, obrigado pelas tuas palavras.
Weeeeeell, fizeste um óptimo trabalho com este texto, Kiko. Estás de parabéns ^^
Obrigado, leto ^^
Excelente texto. Que projectos de futuro tem a associação?
Roberto
Hehe, Frank, continuas a surpreender-me =)
Excelentes palavras. Sei exactamente o que queres dizer - quantas vezes já pensei, porque é que nasci eu aqui com tudo "de mão beijada" quando tantos, tantos, tantos, davam tudo por 1/3.
Mas enfim. ProMundo parece-me uma ideia fenomenal. Mostra que há pessoas que não se sentam a ver, mas que unem esforços para mudar as coisas. E isso sim, é motivo de orgulho!
Se não existisses, Frank, tinhas de ser inventado.
E estás de parabéns, por tudo.
Obrigado, Vanessa =D Quem sabe se não se forma um núcleo da Promundo aí nas Ilhas ;)
Mais uma vez, obrigado. =) (Sim, se não existisse tinha de ser inventado, quanto mais não seja pelas coisas estúpidas [mais do que as boas] xD)
Roberto,
A associação tem imensos projectos futuros, quiçá demais. Mas talvez seja o meu pessimismo a falar. Todos juntos conseguiremos dar conta de tudo, desde que estejamos organizados =)
Quanto à discussão no Correio, tenho acompanhado mas não me pronunciei, não só por falta de tempo, mas também ;)
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