Sunday, July 26, 2009

Together We Stand, Divided We Fall

No Correio do Fantástico tem-se discutido o estado do Fantástico em Portugal, aprofundando-se a questão e expondo-se vários pontos de vista. Até hoje, fiz questão de me abster, pois a minha maneira de escrever por vezes pode ferir susceptibilidades e não queria descer tão "baixo" como por vezes se desceu ao longo da discussão. No entanto, acho que, sendo um amante do fantástico como sou, não consigo manter-me mais calado perante tanto pessimismo junto.
Eu sou um pessimista nato (e cada vez mais, a cada dia que passa) mas, quando me falam do "estado moribundo" do Fantástico em terras lusas, não consigo permanecer indiferente.

O Fantástico em Portugal está Bem. Sim, Bem com B maiúsculo.
Não há quem escreva bem e com originalidade, dentro do género? Há. Carina R. Portugal, Catarina Albuquerque, Henrique Estrela, Ludovico M. Alves, Carlos Eduardo, Ricardo Fernandes. Uns têm, certamente, mais prática que outros, mas todos têm grande potencial para se tornarem os novos nomes do género, na minha humilde opinião. A Artífice (de Catarina Aluquerque), O Acorde das Almas (de Carina R. Portugal), A Guerra do Oriente (de Ricardo Fernandes), Lágrimas Divinas (de Mário de Seabra Coelho), e N.E.M.(esis) e Hedonê (de Carlos Eduardo). Esta última obra, atrever-me-ia a compará-la a uma qualquer do Neil Gaiman, em termos de originalidade. E não digo isto só por dizer - quem me conhece bem sabe que não evoco o nome do Neil em vão (xD)-, o Hedonê é MESMO bom!
Todas estas são BOAS obras, não-derivativas de Paolini e afins, que se podem encontrar pela net, em diversos foruns. Apenas comecei a conhecer este mundo virtual há pouco mais de três anos e já encontrei todas estas obras excelentes, que acredito que não são nem um centésimo da boa literatura fantástica que anda por aí (já para não falar nas obras que nunca conheceremos por estarem guardadas nas gavetas). E, todas elas, obras desconhecidas do grupo de reconhecidos autores e editores de literatura fantástica (o "Fandom", chamemos-lhes assim, erradamente ou não, mas chamemos-lhes assim [sem qualquer sentido depreciativo]).
Então o que é que falha?

Ora bem, vou reformular - a produção de Fantástico em Portugal está Bem. O que falha, na minha opinião, é a comunicação entre o Fandom e os comuns leitores, que são os escritores de amanhã. Se é necessário registar-se num fórum sobre As Crónicas de Allaryia ou sobre o Eragon para ler bons (ou promissores) autores que, quiçá, poderão ser publicados num futuro próximo e dinamizar o género no nosso país, porque não? Mostrem aos comum escritores que podem ser publicados e, àqueles que ainda não são suficientemente bons para isso, que podem melhorar neste, neste e neste ponto. Afinal, também o João Barreiros, o Luís Filipe Silva, o António de Macedo e o Jorge Candeias escreveram mal, em alguma altura das suas vidas.
Respondam a quem envia submissões para a Bang!, mesmo que os contos sejam uma merda. Mas respondam, sugiram pontos a melhorar, clichés a evitar, etc.
E quando há concursos de Literatura Fantástica (como foi o caso do Prémio BANG!), dignem-se a responder individualmente. Quem despende longas horas do seu tempo a ler uma obra que não tem qualidade suficiente para ganhar o prémio também pode gastar mais uns minutos a enviar um e-mail ao autor, a apontar os erros que fizeram com que a obra NÃO ganhasse o prémio.

E o Roberto falou em criar-se uma Associação ligada à FC. Não digo que não seja boa ideia, mas penso que é prioritário investir na divulgação, publicação e formação de novos autores. Para registar uma associação, para além de imenso tempo, ir-se-ião gastar quase 500€ (assim só do registo), que poderiam ser investidos em coisas mais úteis no imediato (edição da Vollüspa, por exemplo).
É importante criar mais revistas do género, divulgá-las e garantir que têm uma boa visibilidade nas livrarias. É importante fomentar workshops.

Eu estou com o Roberto, cheio de vontade de "levar o género às alturas". Não sei quem está connosco, mas sei que preferia que em vez de serem escritos mais uma centena de textos lamuriantes sobre o estado do Fantástico em terras lusas, todos déssemos as mãos por um futuro melhor para o género!


Peace!



PS: Não estou a escrever isto para atacar ninguém, nem por ter o orgulho ferido por alguma vez me terem ignorado ou recusado alguma coisa, como algumas pessoas do Fandom acusaram o Joel e o Pedro, por exemplo.
Ah, e não referi nomes como Telmo Marçal ou Carla Ribeiro pois, ainda que com pouco destaque, vão sendo conhecidos dentro do género.

20 comments:

Leto of the Crows - Carina Portugal said...

Olha o meu nome ali... queres ler o retrato, queres queres queres? *.* Está aqui no meu pc à tua espera, 200 páginazinhas A4 só para ti! (Hehehehe)

Mas tens toda a razão, penso que exageram soberbamente quando falam do estado decadente da fantasia, em Portugal... falam em imitações, apontam erros, e idolatram os escritores internacionais, quando boa parte deles parecem cópias uns dos outros. Não me isso me faça grande diferença, gosto de lê-los à mesma. Mas esses factos parecem seriamente ignorados.

Kath said...

Hm, o meu nome não encaixa mesmo nada ali. xD Mas obrigada.

Inês said...

Estando completamente fora dessa discussão, até porque não gosto de literatura fantástica tanto como vocês gostam, eu diria que o que apontas aí se estende a qualquer género literário. É uma coisa bem portuguesa elogiar o estrangeiro em detrimento do nacional, principalmente quando se trata de novos autores e de novas ideias.

Rogério Ribeiro said...

Olá, Francisco.

Gostei de saber que andam por aí novos autores que desconheço. Será que podes complemetar os seus nomes com alguns links?

Obrigado,
Rogério

Francisco Norega said...

Leto,
Deixo isso para quando estiver impresso.

Kath,
Não tens nada que agradecer. O mérito é todo teu :P

Inês,
Pois... (resposta mais longa da história xD)

Rogério,
Sempre às ordens =D
A Carina R. Portugal (Leto of the Crows aí no mundo cibernético) podes ler no blog Ameias do Crepúsculo, com imensa poesia mas com alguns contos fantásticos também, como é o caso do Acorde das Almas.
Em http://bodak.ptisp.org/allaryia/index.php/board,33.0.html podes ver uma lista muito grande de obras de membros do Allaryia. Alguns com uma escrita ainda muito verde ou com enredos cliché (eu, por exemplo), mas consegues encontrar meia-dúzia de boas e excelentes obras, da autoria dos referidos Ludovico M. Alves (Daemonfey), Henrique Estrela (Azon), Carlos Eduardo (Umbrae) e Ricardo Fernandes (Aezrel), entre outros.
Podes mandar-me um e-mail para eragon.norega@gmail.com se quiseres o contacto de algum deles. ;)

Luis F Silva said...

Francisco, este é um post louvável, pelo menos a meu ver, pois apresenta de uma só vez um conjunto de nomes e recomendações difíceis de encontrar de forma sintetizada. Não conhecia a maioria deles, uma vez que não frequento os fóruns (que é como quem diz, tertúlias) de escrita. Como em tudo, os melhores destacar-se-ão e começarão a fazer obra em lugares mais visíveis. E fiquei particularmente curioso com o Hedonê... :)

A visibilidade é essencial - o problema dos foruns é precisamente esse, pouco ou nada transpira. Mas por outro lado, criar mais um blogue também não basta - blogues há muitos, como diria o Vasco Santana. Os americanos, exímios na divulgação, usam podcasts, tweets, sites organizados com listas de textos, teasers, ilustrações, bem editados graficamente, recorrendo a layouts inovadores do Blogger/Wordpress. Ou seja, vão a todas. Fica aqui um site no qual se pode encontrar muito material para inspiração, que talvez alguns dos autores possam aproveitar: http://webfictionguide.com/

Quanto a celeumas, creio que é pior o silêncio - no final, algo de bom se retira. Se é positivo para o género acontecerem tão publicamente? Penso que não, pois afasta imediatamente quem não está por dentro. E isso prejudica toda a gente, no limite.

Abraços

Carla Ribeiro said...

Olá, Francisco!
Deixo aqui o meu aplauso ao teu post. Acho que muito do essencial está aqui. E, no que tinha a acrescentar, a Leto adiantou-se, por isso... :)

Dou toda a razão ao título que deste a este post e, ainda que (também sou pessimista) as tais divisões nunca venham a desaparecer, cabe-nos a nós (a todos os que se interessam pelo género) defender e lutar por aquilo que apreciamos.

Abraço...
Carla

Luís R. said...

Reitero a pergunta que já alguns fizeram, e que é: onde ler isto tudo? Podes publicar uns excertos, nem que sejam parágrafos que julgues exemplificativos de boa escrita? Também estou curioso em relação ao trabalho do Carlos Eduardo.

Francisco Norega said...

Luís,
Pois, o problema é mesmo os fóruns não "transpirarem". Penso que, se "Os Grandes" querem que o género vingue no mercado português, o sacrifício de ler alguns fóruns é uma coisa mínima, em vez de escreverem artigos atrás de artigos sobre o estado do Fantástico. ;)
Quanto ao Hedonê, creio que é uma obra soberba, tanto em termos de história como de escrita, ainda que precise de levar uma revisãozita. Mas eu falo do texto mais aprofundadamente num próximo post, já que o Luís pediu alguns excertos :)
Quanto a estes celeumas, bem, vou ter que concordar que pior é o silêncio. Afinal, já se começaram a tirar conclusões desta discussão.

Carla,
Obrigado! Há que não permanecer calado. ;)

Luís,
Já respondi ao Rogério com alguns links. Mas vou escrever um novo posts com exemplos concretos ;)


Abraço e obrigado a todos pelos comentários!

Paulo J Fonseca said...

Estamos lá Francisco! Concordo em grande parte com o que tu dizes, mas eu arrisco-me a ir mais longe. Convido-te a ler o meu texto, publicado no nº 2 da Alterwords, salvo erro, onde abordo esta temática de forma mais abragente.

Rogério Ribeiro said...

Bom, Paulo, imagino que o convite era extensível a todos...

Não posso dizer que concorde com quase nada do que escreveste, aliás, já o tinha dito a propósito de alguns dos teus posts no blog.
http://idreaminfrared.blogspot.com/2009/07/o-sindroma-literario.html

Custa-me que já te queixes tanto, quando a maior parte do caminho que me parece, como leitor, que ainda tens de percorrer, como escritor, depende tanto de ti.

Cumprimentos,
Rogério

Rogério Ribeiro said...

Francisco,

por alguma das razões um dos conselhos que mais se dá aos escritores aspirantes é de investirem bastante na escrita do inicio da história. É aí que reside o "anzol" para o leitor. Não serve de nada que o livro seja genial a partir da página 100 se o leitor não aguenta passar da 50. Da mesma forma, duvido que algum júri leia TODAS as páginas de TODOS os livros submetidos...

Há que abandonar essa ideia de que o júri de um concurso deve fundamentar as suas decisões, providenciando inclusivé conselhos de escrita. Quem submete uma obra deve ter a noção do que está a fazer, e do seu grau de preparação. Pena que muitos não tenham, já que, pelo que ouvi dizer, as obras incompletas submetidas ao prémio Bang não foram só uma nem duas...

Um abraço,
Rogério

Leto of the Crows - Carina Portugal said...

Rogério,

As pessoas que enviam textos inacabados deveriam ter consciência disso e evitar fazê-lo, é bem verdade. Eu também era para participar no prémio Bang! e não o fiz por essa mesma razão (não que tivesse hipótese).

Mas no que conta aos conselhos dos júris, penso que não custaria assim tanto dar uma palavrinha ou outra por e-mail. Acredito que os escritores conheçam os seus erros, mas podem não saber resolvê-los. Apontar os erros não serve de muito quando não se sugere uma forma de os ultrapassar. É o mesmo que dizer "isto está mal, porque aquilo não pode ser assim" e depois perguntam "Então como é que pode ser?" e respondem "Olha, arranja-te." Na minha opinião, as críticas são muito construtivas, quando bem feitas. Não chega dizer para ler e escrever mais e mais, porque acredito que imensa gente o faz. Convém mergulhar um pouco mais fundo e chegar ao cerne da questão. Ou pelo menos dar pistas de como lá chegar.

Rogério Ribeiro said...

OK, isso está tudo muito bem, mas o que digo é que um concurso não é o sitio indicado para se ir à procura disso!
Pede-se aos amigos ou aos professores, entra-se para grupos de escrita e crítica, vão-se a cursos de escrita criativa, etc. Mas não esperem isso de um júri de um concurso! Não é, nem pode ser a sua obrigação.
Primeiro, porque provavelmente ninguém lhes paga para isso (ou sequer para avaliarem as obras, mesmo sem fazerem "relatório por escrito"). Depois, porque nem todos as pessoas gostam de "ouvir as verdades"; não sendo incomum más reacções perante até criticas construtivas (acreditem, já me aconteceu na net!). Terceiro, porque o acto de julgar reveste-se de características objectivas e subjectivas, que variam de pessoa para pessoa...

Luís R. said...

Leto:

"Mas no que conta aos conselhos dos júris, penso que não custaria assim tanto dar uma palavrinha ou outra por e-mail."

Os júris de concursos não são constituído para essa função, por isso acho absurdo que se espere ou se exija um contributo educativo da sua parte.

Admito que dar uma palavrinha talvez não fosse difícil se a concurso estivessem 10 ou 20 obras. Mas e se fossem 100 ou 200? E se fossem 500? E teriam de assinar todos os elementos do júri, ou bastaria um? E concordariam todos com a eventual crítica ao autor? E de súbito, aquilo que parecia não custar muito, começa a dar trabalho e a roubar tempo a quem tem prazos para cumprir. (Além disso, o júri não pode contactar directamente o autor quando os manuscritos são avaliados anonima ou pseudonimamente, como foi com o caso do prémio Bang.)

"Acredito que os escritores conheçam os seus erros, mas podem não saber resolvê-los. Apontar os erros não serve de muito quando não se sugere uma forma de os ultrapassar."

Esse é o trabalho de um professor de escrita criativa ou, em última instância, de um editor.

Quando estás a tratar com um texto supostamente "terminado", deixas de ter qualquer obrigação orientadora ou educativa para com o escritor. Uma crítica é muitas vezes válida apenas no contexto dessa obra, pela mesma razão que não há fórmulas universais para o sucesso. A menos que o autor planeie voltar a escrever o mesmo livro, a crítica não lhe servirá de muito, porque o que não funciona num lado pode muito bem resultar noutro.

Leto of the Crows - Carina Portugal said...

Quando me referi aos conselhos, não estava a exigi-los, seria somente uma questão de amabilidade. Se não do júri, então que fosse das pessoas que fazem questão de "deitar abaixo" os jovens escritores portugueses.

Porque nem é o facto de não darem os conselhos que me entristece, são as críticas, que, no final, acabam por não ir dar a qualquer lado.

Lamento se ofendi susceptibilidades, não foi minha intenção e muito menos por em causa o trabalho dos júris ou de outra alta patente. Não passo de uma reles pseudo-escritora com a mania xD

Luís R. said...

Não me estava a referir a ti quando falei das exigências --- só falei nisso para contemplar quem já as fez no passado.

E falando por mim, se faço questão de deitar alguma coisa abaixo, só se for os círculos de adulação acrítica que por aí proliferam. Quando vejo textos deficientes ao nível do português escrito e ao ponto da incompreensibilidade, que dizer de positivo? "Ao menos não me deu cancro?"

De resto, ver o que eu já disse sobre obras terminadas e publicadas. A menos que me peçam conselhos, não tenho a obrigação nem a soberba de andar a "educar" escritores.

Mas já que as workshops de escrita criativa vieram à baila, acho que seria uma boa altura para o Luís Filipe Silva reactivar a mailing list do Escritores-FC que, curiosamente, sucumbiu por inactividade dos participantes. A ver se desta vez há mais interessados . . .

Francisco Norega said...

Paulo,
Li o teu artigo e, concordando com algumas coisas e discordando de outras, acho que não vale a pena estar a tentar apontar culpados, mas trabalhar para um futuro melhor para o género :)

Leto,
«Acredito que os escritores conheçam os seus erros, mas podem não saber resolvê-los. Apontar os erros não serve de muito quando não se sugere uma forma de os ultrapassar.»
Mas também haverá erros de que os escritores não terão consciência. E é importante apontá-los, assim como sugerir formas de os ultrapassar.

Rogério,
Tens toda a razão. No entanto é preciso dizer isso aos novos autores, dar-lhes dicas. E não como juri de concursos, mas como membro do fandom e primeiro interessado na subsistência do género. ;)
E... bem, abordarei o assunto em maior profundidade num post próprio :)

Paulo J Fonseca said...

Não posso dizer que concordo contigo, Rogério. Mas já lá iremos... Gostaria de saber onde tens feito comentários sobre o meu blogue, porque não os conheço e gostaria de os conhecer. Quanto ao que disseste, gostaria de esclarecer: eu não me queixo, eu relato a realidade. Quem é escritor sabe que tem um longo caminho a percorrer, um caminho que não é de A a B, mas sim de A até onde conseguirmos chegar. É um trilho de evolução que eu palmilho com prazer e devoção. Não confundas as minhas «queixas», como lhe chamaste, com falta de maturidade, ou com os desabafos de alguém que esperava ter a «papinha toda feita». Eu sempre soube que seria dificil, e por essa razão, apenas agora me atrevi a tentar publicar. Concordo que é o escritor quem tem de esforçar, mas não posso compactuar com os compadrios que andam por aí...

Pedro Almeida said...

O Fantástico em Portugal tem problemas, obviamente. Creio que o pior é mesmo aquela ideia algo generalizada de que é coisa para miúdos. Acho que é algo que ainda não está de todo ultrapassado.

Depois é a falta de uma crítica da especialidade que seja visível. Basicamente, em publicações de imprensa, só mesmo o trabalho do João Seixas na revista "Os Meus Livros" sobressai. Mas tirando esta, a "Ler", o "Jornal de Letras" (ambas demasiado presunçosas para se dignarem sequer a mencionarem nos lançamentos, livros do género) e suplementos de jornal que por vezes passam despercebidos (ainda os existem ?), não há uma tradição de publicação crítica literária que chegue ao público (também porque talvez isso nem interesse ao público). E é por aí que também amadurece o género e que o permite crescer.

Há tanto por onde pegar, enfim. A nossa pequenez enquanto povo, que tende a enaltecer somente uns selectos quantos e a descartar os restante. A falta de um imaginário mitológico. Tantas coisas.