Bem, eu pensei que o problema se estava a resolver, mas parece que não. Qual não foi o meu espanto quando, ao chegar à 45ª página do nº 146 [Abril 2008] do Courrier Internacional, me deparo com um artigo traduzido do Yediot Aharonot, de Telavive, com o titulo “Como aterrorizar Gaza sem matar”. Logo o título fez-me repudiar o artigo (e a headline «Gases lacrimogéneos e música ensurdecedora… Para acabar com os tiros de “rockets” do Hamas, o comentador israelita Guy Bekhor propõe soluções no mínimo curiosas» ainda mais), mas eu li-o e agora venho aqui falar um pouco sobre o assunto com vocês.
Acho que, em primeiro lugar, os media passam uma imagem muito distorcida do conflito israelo-palestiniano. Penso que qualquer pessoa que não se interesse pelo assunto e não o aprofunde pensará, com base em tudo o que se houve na TV, rádio e imprensa, que os palestinianos são uma cambada de terroristas que gostam de se fazer explodir contra os israelitas.
Mas a questão não é assim tão simples.
O povo da palestina está ligado, como todos estamos, à sua terra, ao seu país (ou nação, chamem-lhe o que quiserem). E a sua terra é onde se localiza actualmente Israel, desde há quase um milénio e meio. O seu país é a Palestina, aquele pedaço de terra entre o Mediterrâneo e a Jordânia, delimitada na fronteira este pelo Rio Jordão e pelo Mar Morto, com uma área pouco superior à do Alentejo. É um facto, e é desumano retirar a nação a um povo. E foi o que os judeus lhe fizeram. Começaram a fixar-se na Terra Santa contra a vontade do povo palestiniano. “Pá”, é certo que aquela é a Terra Santa e que é a terra destinada aos judeus e tudo mais, mas os palestinianos também são gente, e não são mais ou menos que os outros. O que está lá a acontecer desde há meio século é um autêntico genocídio. Não há outro nome para o que os israelitas (se calhar é melhor chamar-lhes israelitas em vez de judeus, porque os judeus não são todos israelitas; ainda assim, é importante frisar que nem todos os israelitas concordam com o que está a acontecer, e a outros tantos é feita uma lavagem cerebral permanente por parte dos media) fizeram (e ainda fazem) ao povo palestiniano. Já ouvi apontarem o Holocausto nazi como uma desculpa, o que é totalmente absurdo. Quanto muito, por terem vivido o Holocausto, e por o terem sentido na pele, deveriam saber o quão horrível isso é e esforçarem-se ao máximo para que isso não voltasse a acontecer. Não por culpa deles. Mas, ainda assim, é importante deixar claro que o Holocausto em nada foi responsável pelo genocídio do povo palestiniano. Quer dizer, não posso afirmar isto como uma verdade absoluta, até porque não sou um perito num assunto, mas pelo menos foi o que Moshe Mizrahi, um cineasta israelita apoiante da paz, disse a Kenizé Mourad quando esta lhe perguntou se, caso «…não tivesse existido o Holocausto, pensa[va] que teria havido um Estado judaico?»; passo a citar a resposta: «Absolutamente. Os alicerces do Estado de Israel já existiam na Palestina nos anos 30. Cinco a seis mil judeus viviam na Palestina, camponeses, operários, falavam hebraico, língua morta há dois mil anos. A entidade nacional na Palestina existia bem antes do Holocausto. O conflito judaico-palestiniano, as revoltas palestinianas de 1929 e de 1936 contra a colonização judaica, a Haganah, que depois deu origem ao exército israelita, tudo isso existia bem antes do Holocausto. O Holocausto só fez com que o processo se acelerasse, não o criou» (excerto presente na obra O Perfume da Nossa Terra, de Kenizé Mourad, uma jornalista francesa, em que é relatada a estada da autora/jornalista na Palestina e Israel, durante a qual falou com inúmeros militantes e vítimas, tanto palestinianas como israelitas, do conflito).
Mas afinal, o que fizeram de tão mal os israelitas?
Se bem sei, a imigração em massa de judeus para a Terra Santa remonta ao final do século XIX. O povo palestiniano sempre se opôs e, de certa forma, a administração britânica sempre a foi tentando conter. Depois da guerra, enfraquecida por ela e pelos conflitos dentro da própria Palestina, a Grã-Bretanha vê-se obrigada a entregar a administração daquele território à ONU. Perante o aumento dos conflitos, em 1947, a ONU deliberou a partição daquele país em dois estados: o Estado Judeu, que ficava com 53% dos territórios, e o Estado Árabe, que ficava com 47%. Tendo em conta que havia apenas 700 mil judeus para 5 milhões de palestinianos, não foi muito justo. Mas ainda assim, era aceitável.
Menos de meio ano depois, já em 1948, é assinada a Declaração de Independência do Estado de Israel, de forma alguma aceite pelo povo palestiniano. Por isso mesmo, no dia seguinte Israel é atacada por sete exércitos de países da Liga Árabe. Israel, ainda actualmente conhecida por ter um dos melhores exércitos do mundo, derrota-os e grande parte dos 750 mil palestinianos que se haviam refugiado nos países vizinhos ficam impedidos de voltar às suas terras.
Não vale a pena discutir aqui quem tem razão e quem não tem. Provavelmente, por mais que se discutisse, não se chegaria a um consenso. Não consigo precisar datas agora, mas o mais grave começou mais recentemente. Mesmo nos dois territórios que supostamente constituem o Estado Árabe, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os israelitas insistem em manter as suas tropas/autoridades/whatever. Já não bastava terem ficado com metade do território palestiniano com uma população equivalente a pouco mais de 10% da nativa como também insistem em não deixar a outra metade em paz. A Autoridade Nacional Palestiniana supostamente detém o controle sobre assuntos de segurança e civis nas áreas urbanas palestinianas (chamadas "Área A"), e controle civil sobre as áreas rurais palestinianas ("Área B") mas, ainda assim, a autoridade israelita proíbe, por exemplo, a construção de casas fora dos limites das aldeias palestinianas (a orla das casas já construídas), destruindo sem piedade qualquer habitação erigida fora delas.
E, para não falar dos quase-constantes-e-intermináveis recolheres obrigatórios, é desumano o isolamento a que os israelitas sujeitam os territórios palestinianos (mais a Faixa de Gaza que a Cisjordânia), quer seja em termos de abastecimento de água e combustíveis (não permanentemente, pelo menos até agora; mas parece que não está fora de questão fazê-lo: «seria necessário, como é evidente, (…) cortar de uma vez por todas o fornecimento de combustíveis a Gaza (…)», diz Guy Bekhor, no artigo do Courrier que referi no início deste texto, o que assusta), quer seja em vias de comunicação (neste ponto, é importante referir a destruição da pista de aterragem do Aeroporto Yasser Arafat, em Gaza, pelas Forças de Defesa de Israel, que por isso esteve activo por apenas dois anos – assim, no que toca a transportes aéreos, a Faixa de Gaza está apenas acessível por helicópteros, visto só ter um heliporto operacional).
Poderia ainda referir mais inumanidades por parte dos israelitas, como por exemplo a necessidade de um visto que pode demorar semanas (meses? anos?) a ser concedido para viajar da Cisjordânia para a Faixa de Gaza (ou o inverso), mesmo por motivos de saúde, mas vou ficar-me por aqui. E isto tudo nos territórios que, segundo os acordos que eles assinaram, fariam parte de um Estado Árabe, totalmente independente, no qual para além disso insistem em manter (e criar) colonatos israelitas.
E não se pode dizer que seja falta de vontade de negociar por parte dos palestinianos, que despenderam vários anos na elaboração de acordos que, no final de tudo, o governo israelita não aceita ou não cumpre.
E depois os media ainda têm o descaramento de passar uma imagem negativa dos palestinianos bombistas!!! Eles gastam anos das suas vidas em negociações infrutíferas e depois querem o quê? Que se rendam à vontade dos israelitas, que ainda têm o prazer de publicar artigos em que sugerem inundar «toda a Faixa de Gaza de gases lacrimogéneos, a intervalos cada vez mais curtos», ensurdecer os palestinianos com «altifalantes gigantescos [que] emitiriam ruídos aterradores de sirenes de alarme, explosões e gritos estridentes, de dez em dez minutos, 15 em 15 e, em seguida, de hora a hora», e regar os «militantes do Hamas com tinta vermelha», com o objectivo de fazerem com que os civis, «esgotados por não conseguirem dormir, com os olhos a arder por causa dos gases lacrimogéneos, as orelhas a zumbir e a roupa manchada de tinta vermelha», parassem com as suas próprias mãos os ataques “terroristas” do Hamas. Mas o pior é que a imprensa traduz e publica estes artigos, classificando as soluções sugeridas como «curiosas».
E a comunidade internacional permanece impávida «porque os judeus têm influência e as pessoas receiam ser rotuladas de anti-semitas. Mas, somos nós, judeus, os responsáveis hoje do anti-semitismo. Fazemos que as pessoas duvidem do valor moral do judaísmo» (disse Jeremy Milgrom, um rabino contra a guerra, quando entrevistado por Kenizé Mourad – mais um excerto d’ O Perfume da Nossa Terra). Eu não duvido do valor moral do judaísmo (pessoalmente, duvido mais do valor moral católico), duvido é do valor moral dos membros da “alta sociedade” israelita que escondem a verdade dos membros das camadas mais baixas (que nem sequer se perguntam porque será que os palestinianos se rebelam contra os israelitas e se fazem explodir em centros urbanos importantes), com total apoio dos media (e não só nacionais).
Eu, com esta blogação, quero mostrar a verdade ao povo português. Não que esta vá ser lida por muita gente; provavelmente metade dos que se decidirem a começar a lê-la (que vão ser poucos, presumo) não chegarão a esta parte final, tal é o tamanho disto. Mas, para tentar que essa minoria ainda seja um pouco significativa, vou enviar um mail a introduzir a blogação e o blog, pedindo que reenviem. Mesmo que já conheçam o blog e eu já vos tenha falado deste texto é provável que, no momento em que estejam a ler isto, já tenham recebido um mail, e espero que o tenham reenviado a todos os vossos contactos. Pode ser que, assim, se vá tomando conhecimento da situação real deste confl... hum… genocídio.
Mas pronto, se nada mudar nos próximos 20 anos, que é o mais provável, não há que ter preocupações, já que cerca de metade dos 2,5 milhões de habitantes da Cisjordânia tem menos de 15 anos e, na Faixa de Gaza (pedaço de terra com 360 km2, onde foram encavalitados 1,5 milhões de habitantes – se quiserem utilizar um termo de comparação, o Algarve tem cerca de 5000 km2), 48% da população tem menos de 14 anos. Portanto, com um crescimento populacional extremamente elevado e com rapazes a verem os seus amigos a servirem de alvos aos soldados israelitas, é normal que o ódio em relação aos israelitas se mantenha (ou cresça?). E é como disse o rabino israelita contra a guerra, que já referi: «Daqui a cinquenta anos os palestinianos serão mais numerosos que nós, seremos uma minoria a governar a maioria, o que não poderá durar e redundará inevitavelmente em desastre.»
Eu sou totalmente a favor da paz, mas não condeno os palestinianos que apenas matam civis porque não têm possibilidades de matar militares. Sim, tenho pena dos israelitas que morrem devido aos ataques bombistas, mas é a única forma de eles resistirem, por isso apoio-os totalmente.
Mas se nada se conseguir resolver nos próximos 50 anos, que é o que vai acontecer se houver uma continuidade na (in)acção dos países ocidentais, eles finalmente terão uma grande superioridade numérica, por isso vão ter alguma hipótese.
Que tudo se resolva pelo melhor, de preferência pela via pacífica, e o mais rápido possível!
Acho que, em primeiro lugar, os media passam uma imagem muito distorcida do conflito israelo-palestiniano. Penso que qualquer pessoa que não se interesse pelo assunto e não o aprofunde pensará, com base em tudo o que se houve na TV, rádio e imprensa, que os palestinianos são uma cambada de terroristas que gostam de se fazer explodir contra os israelitas.
Mas a questão não é assim tão simples.
O povo da palestina está ligado, como todos estamos, à sua terra, ao seu país (ou nação, chamem-lhe o que quiserem). E a sua terra é onde se localiza actualmente Israel, desde há quase um milénio e meio. O seu país é a Palestina, aquele pedaço de terra entre o Mediterrâneo e a Jordânia, delimitada na fronteira este pelo Rio Jordão e pelo Mar Morto, com uma área pouco superior à do Alentejo. É um facto, e é desumano retirar a nação a um povo. E foi o que os judeus lhe fizeram. Começaram a fixar-se na Terra Santa contra a vontade do povo palestiniano. “Pá”, é certo que aquela é a Terra Santa e que é a terra destinada aos judeus e tudo mais, mas os palestinianos também são gente, e não são mais ou menos que os outros. O que está lá a acontecer desde há meio século é um autêntico genocídio. Não há outro nome para o que os israelitas (se calhar é melhor chamar-lhes israelitas em vez de judeus, porque os judeus não são todos israelitas; ainda assim, é importante frisar que nem todos os israelitas concordam com o que está a acontecer, e a outros tantos é feita uma lavagem cerebral permanente por parte dos media) fizeram (e ainda fazem) ao povo palestiniano. Já ouvi apontarem o Holocausto nazi como uma desculpa, o que é totalmente absurdo. Quanto muito, por terem vivido o Holocausto, e por o terem sentido na pele, deveriam saber o quão horrível isso é e esforçarem-se ao máximo para que isso não voltasse a acontecer. Não por culpa deles. Mas, ainda assim, é importante deixar claro que o Holocausto em nada foi responsável pelo genocídio do povo palestiniano. Quer dizer, não posso afirmar isto como uma verdade absoluta, até porque não sou um perito num assunto, mas pelo menos foi o que Moshe Mizrahi, um cineasta israelita apoiante da paz, disse a Kenizé Mourad quando esta lhe perguntou se, caso «…não tivesse existido o Holocausto, pensa[va] que teria havido um Estado judaico?»; passo a citar a resposta: «Absolutamente. Os alicerces do Estado de Israel já existiam na Palestina nos anos 30. Cinco a seis mil judeus viviam na Palestina, camponeses, operários, falavam hebraico, língua morta há dois mil anos. A entidade nacional na Palestina existia bem antes do Holocausto. O conflito judaico-palestiniano, as revoltas palestinianas de 1929 e de 1936 contra a colonização judaica, a Haganah, que depois deu origem ao exército israelita, tudo isso existia bem antes do Holocausto. O Holocausto só fez com que o processo se acelerasse, não o criou» (excerto presente na obra O Perfume da Nossa Terra, de Kenizé Mourad, uma jornalista francesa, em que é relatada a estada da autora/jornalista na Palestina e Israel, durante a qual falou com inúmeros militantes e vítimas, tanto palestinianas como israelitas, do conflito).
Mas afinal, o que fizeram de tão mal os israelitas?
Se bem sei, a imigração em massa de judeus para a Terra Santa remonta ao final do século XIX. O povo palestiniano sempre se opôs e, de certa forma, a administração britânica sempre a foi tentando conter. Depois da guerra, enfraquecida por ela e pelos conflitos dentro da própria Palestina, a Grã-Bretanha vê-se obrigada a entregar a administração daquele território à ONU. Perante o aumento dos conflitos, em 1947, a ONU deliberou a partição daquele país em dois estados: o Estado Judeu, que ficava com 53% dos territórios, e o Estado Árabe, que ficava com 47%. Tendo em conta que havia apenas 700 mil judeus para 5 milhões de palestinianos, não foi muito justo. Mas ainda assim, era aceitável.
Menos de meio ano depois, já em 1948, é assinada a Declaração de Independência do Estado de Israel, de forma alguma aceite pelo povo palestiniano. Por isso mesmo, no dia seguinte Israel é atacada por sete exércitos de países da Liga Árabe. Israel, ainda actualmente conhecida por ter um dos melhores exércitos do mundo, derrota-os e grande parte dos 750 mil palestinianos que se haviam refugiado nos países vizinhos ficam impedidos de voltar às suas terras.
Não vale a pena discutir aqui quem tem razão e quem não tem. Provavelmente, por mais que se discutisse, não se chegaria a um consenso. Não consigo precisar datas agora, mas o mais grave começou mais recentemente. Mesmo nos dois territórios que supostamente constituem o Estado Árabe, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os israelitas insistem em manter as suas tropas/autoridades/whatever. Já não bastava terem ficado com metade do território palestiniano com uma população equivalente a pouco mais de 10% da nativa como também insistem em não deixar a outra metade em paz. A Autoridade Nacional Palestiniana supostamente detém o controle sobre assuntos de segurança e civis nas áreas urbanas palestinianas (chamadas "Área A"), e controle civil sobre as áreas rurais palestinianas ("Área B") mas, ainda assim, a autoridade israelita proíbe, por exemplo, a construção de casas fora dos limites das aldeias palestinianas (a orla das casas já construídas), destruindo sem piedade qualquer habitação erigida fora delas.
E, para não falar dos quase-constantes-e-intermináveis recolheres obrigatórios, é desumano o isolamento a que os israelitas sujeitam os territórios palestinianos (mais a Faixa de Gaza que a Cisjordânia), quer seja em termos de abastecimento de água e combustíveis (não permanentemente, pelo menos até agora; mas parece que não está fora de questão fazê-lo: «seria necessário, como é evidente, (…) cortar de uma vez por todas o fornecimento de combustíveis a Gaza (…)», diz Guy Bekhor, no artigo do Courrier que referi no início deste texto, o que assusta), quer seja em vias de comunicação (neste ponto, é importante referir a destruição da pista de aterragem do Aeroporto Yasser Arafat, em Gaza, pelas Forças de Defesa de Israel, que por isso esteve activo por apenas dois anos – assim, no que toca a transportes aéreos, a Faixa de Gaza está apenas acessível por helicópteros, visto só ter um heliporto operacional).
Poderia ainda referir mais inumanidades por parte dos israelitas, como por exemplo a necessidade de um visto que pode demorar semanas (meses? anos?) a ser concedido para viajar da Cisjordânia para a Faixa de Gaza (ou o inverso), mesmo por motivos de saúde, mas vou ficar-me por aqui. E isto tudo nos territórios que, segundo os acordos que eles assinaram, fariam parte de um Estado Árabe, totalmente independente, no qual para além disso insistem em manter (e criar) colonatos israelitas.
E não se pode dizer que seja falta de vontade de negociar por parte dos palestinianos, que despenderam vários anos na elaboração de acordos que, no final de tudo, o governo israelita não aceita ou não cumpre.
E depois os media ainda têm o descaramento de passar uma imagem negativa dos palestinianos bombistas!!! Eles gastam anos das suas vidas em negociações infrutíferas e depois querem o quê? Que se rendam à vontade dos israelitas, que ainda têm o prazer de publicar artigos em que sugerem inundar «toda a Faixa de Gaza de gases lacrimogéneos, a intervalos cada vez mais curtos», ensurdecer os palestinianos com «altifalantes gigantescos [que] emitiriam ruídos aterradores de sirenes de alarme, explosões e gritos estridentes, de dez em dez minutos, 15 em 15 e, em seguida, de hora a hora», e regar os «militantes do Hamas com tinta vermelha», com o objectivo de fazerem com que os civis, «esgotados por não conseguirem dormir, com os olhos a arder por causa dos gases lacrimogéneos, as orelhas a zumbir e a roupa manchada de tinta vermelha», parassem com as suas próprias mãos os ataques “terroristas” do Hamas. Mas o pior é que a imprensa traduz e publica estes artigos, classificando as soluções sugeridas como «curiosas».
E a comunidade internacional permanece impávida «porque os judeus têm influência e as pessoas receiam ser rotuladas de anti-semitas. Mas, somos nós, judeus, os responsáveis hoje do anti-semitismo. Fazemos que as pessoas duvidem do valor moral do judaísmo» (disse Jeremy Milgrom, um rabino contra a guerra, quando entrevistado por Kenizé Mourad – mais um excerto d’ O Perfume da Nossa Terra). Eu não duvido do valor moral do judaísmo (pessoalmente, duvido mais do valor moral católico), duvido é do valor moral dos membros da “alta sociedade” israelita que escondem a verdade dos membros das camadas mais baixas (que nem sequer se perguntam porque será que os palestinianos se rebelam contra os israelitas e se fazem explodir em centros urbanos importantes), com total apoio dos media (e não só nacionais).
Eu, com esta blogação, quero mostrar a verdade ao povo português. Não que esta vá ser lida por muita gente; provavelmente metade dos que se decidirem a começar a lê-la (que vão ser poucos, presumo) não chegarão a esta parte final, tal é o tamanho disto. Mas, para tentar que essa minoria ainda seja um pouco significativa, vou enviar um mail a introduzir a blogação e o blog, pedindo que reenviem. Mesmo que já conheçam o blog e eu já vos tenha falado deste texto é provável que, no momento em que estejam a ler isto, já tenham recebido um mail, e espero que o tenham reenviado a todos os vossos contactos. Pode ser que, assim, se vá tomando conhecimento da situação real deste confl... hum… genocídio.
Mas pronto, se nada mudar nos próximos 20 anos, que é o mais provável, não há que ter preocupações, já que cerca de metade dos 2,5 milhões de habitantes da Cisjordânia tem menos de 15 anos e, na Faixa de Gaza (pedaço de terra com 360 km2, onde foram encavalitados 1,5 milhões de habitantes – se quiserem utilizar um termo de comparação, o Algarve tem cerca de 5000 km2), 48% da população tem menos de 14 anos. Portanto, com um crescimento populacional extremamente elevado e com rapazes a verem os seus amigos a servirem de alvos aos soldados israelitas, é normal que o ódio em relação aos israelitas se mantenha (ou cresça?). E é como disse o rabino israelita contra a guerra, que já referi: «Daqui a cinquenta anos os palestinianos serão mais numerosos que nós, seremos uma minoria a governar a maioria, o que não poderá durar e redundará inevitavelmente em desastre.»
Eu sou totalmente a favor da paz, mas não condeno os palestinianos que apenas matam civis porque não têm possibilidades de matar militares. Sim, tenho pena dos israelitas que morrem devido aos ataques bombistas, mas é a única forma de eles resistirem, por isso apoio-os totalmente.
Mas se nada se conseguir resolver nos próximos 50 anos, que é o que vai acontecer se houver uma continuidade na (in)acção dos países ocidentais, eles finalmente terão uma grande superioridade numérica, por isso vão ter alguma hipótese.
Que tudo se resolva pelo melhor, de preferência pela via pacífica, e o mais rápido possível!
(Primeira imagem retirada da wikipédia, mapa editado por mim, e últimas três imagens tiradas daqui)
15 comments:
A sua blogação está muito interessante, monsieur Francisco, e penso que ilucidativa
(digo "penso" porque eu e a política mundial nunca nos demos muito bem. Vivemos em mundos muito distantes)
É de facto lamentável as acções dos israelitas. E muitos gostariam de por um fim a tais conflitos. Mas o que podemos fazer? Cada nação é consumida por um egoísmo férreo. Não apoio Israel, porém não estou do lado da Palestina. Não gosto de mortes, seja com que desculpa for. Um deles terá de ceder, mais cedo ou mais tarde.
Pode ser realmente injusto ficar sem a sua nação, vê-la ser consumida. Mas o que acontecerá se alguém realmente cruel deixar cair "por mero acaso" uma bomba atómica sobre a Faixa de Gaza? (uma visão um pouco apocalíptica, digamos)
A desistência pode ter um tom demasiado desonroso, no entanto as vidas inocentes que são desperdiçadas importam-me mais que qualquer honra ou orgulho.
Obrigado ^^
Eu acho que não há que haver cedências. Se os israelitas deixassem em paz os palestinianos, de uma vez por todas, deixando que as suas autoridade governem a Cisjordânia e a Palestina, todos ficariam contentes. Pelo menos da grande generalidade. Se eles ao menos cumprissem a Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas (em que a Palestina foi divida em dois estados) não teria que haver cedências, apenas paz e mutualidade.
Mas o que acontecerá se alguém realmente cruel deixar cair "por mero acaso" uma bomba atómica sobre a Faixa de Gaza?
Omg... que ideia... Nem quero pensar em tal coisa. O mais provável era a comunidade internacional não fazer nada... :-/ Era mesmo muito mau. São 1.5 milhões de habitantes... :-S
(Onde é que foste buscar essa ideia? XD Que ideia mais... diabólica?)
Onde fui buscar a ideia? Bem, não deitaram uma bomba atómica sobre Nagasaki e outra sobre Hiroshima?
Tendo em conta a malvadez que se repercute de algumas "anomalias" humanas, vejo-os bem capazes de espalhar o caus em grandes porporções e de forma catastrófica.
(secalhar é melhor apagar a blogação para não dar ideias xD)
Claro, mas repetir tal inumanidade era demasiado. Eles não teriam coragem...
(pois, já tinha pensado nisso xD)
Eu li! Muahahah!
E agora a sério. Concordo com a Leto. Claro que os israelitas deviam deixar os palestinianos em paz, mas ao atacá-los apenas ajudam a que estes fiquem mais enraivecidos. Torna-se uma bola de neve, e ninguém vai parar antes de ter o que quer.
[Esta word verification é manhosa como tudo.]
Por outro lado, também não vejo o que possa ser feito para parar isto.
O que está entre parêntesis seria no final do comment, supostamente. Parece que não é só a verficação de palavras que é manhosa.
Bem... o que dizes é bem verdade. Só gostava que, ao menos, eles deixassem os territórios do "Estado Árabe" em paz. Já nem pedia mais.
E já agora, que a imprensa internacional deixasse de classificar artigos com sugestões completamente bárbaras como curiosos.
De resto, gostava que esta discussão se prolongasse, com várias opiniões, por isso não se detenham em comentar por causa das datas :-P
Não te conheco (pessoalmente) mas curti a tua busca pela verdade.
E admiro a maneira como passaste ao lado da opinião pública para formar a tua opinião plenamente argumentada.
E escuso-me a comentar muito do que disseste porque está completo. No entanto, posso deixar as minhas pérolas de sabedoria.
No meio disto tudo estão os Estados Unidos que apoiam Israel incondicionalmente porque lhes interessa muita da informacão que os agentes da Mossad conseguem. Já para não falar na instabilidade naquela zona...
Depois, espero sinceramente que possas e que nunca tenhas medo de viajar. Ir lá! Sentir as pessoas à tua volta, falar com elas e perceber que em qualquer parte do Mundo onde estejas um ser humano é igual a ti e a todos que conheces (Creio já saberes isso, mas outra coisa é veres com os teus olhos).
E para terminar... Espero que algum dia consigas ver o Mar Morto do lado Jordão... aliás, deves tentar subir ao Monte Nebo, de onde supostamente (sim, sou ateu) Moisés viu a terra prometida e logo ali vais perceber porque é que aquele pedaco do tamanho do alentejo é a terra prometida...
Porque basicamente é o unico pedaco de terra das redondezas que é plano e tem água.
Dá para dizer que o Moisés não era profeta... o gajo tinha era olho para a imobiliária.
Mas pronto, com este ultimo comentário já feri as susceptibilidades de muita gente que muito provavelmente não lê isto.
Abraco e continua a escrever! Ahh e tenta fazer um ou outro post com piada! ;)
P.S.: Eu também tenho um blog... :P Não é tão fixe como o teu... mas tem um video! :P
Escreveste muito e não disseste nada de novo. Apesar de referires que não pretendes ver quem tem ou não razão, a verdade é que, depois de ler o teu post, fico com a sensação de um lado estar os mocinhos (árabes) e do outro os vilões (os judeus). Esta terminologia não é nova, já os nazis usavam, bem como todos os participantes dos polgroms.
Parece que leste um livro "O Perfume da Nossa Terra" de Kenizé Mourad, assumes que atingiste a verdade total e desceste à terra para espalhar essa sabedoria junto aos enganados portugueses.
Aconselho uma leitura mais cuidada e diversificada de obras relativas a este assunto.
A partir do que estudei, as conclusões a que cheguei sobre o tema há muito que são as mesmas:
Os Israelitas, a certa altura decidiram viajar, uns ficaram a maior parte foi. Espalharam-se primeiro pela Europa, depois pelo resto do mundo (E.U.A., Canadá, Austrália, etc...).
No final da 2ª Guerra Mundial, descoberta do Holocausto (que ao contrário do que diz o idiota do ministro do Irão aconteceu mesmo) alguém achou que era melhor arranjar um palácio cehio de panele...erm...um Estado para os Judeus que muito tinham sofrido na Europa.
Meanwhile, os Palestinianos, povo árabe que acabou por ocupar a "Terra (que para eles também é) Santa", viviam felizes na Palestina.
Os Europeus e Estadunidenses lembram-se de aquela terra já foi dos Judeus, então a solução é "botá-los todos lá pó meio" e fazer daquele território um Estado onde convivessem as três "grandes" religiões monoteístas: Judaísmo, Islamismo e Cristianismo; em paz e amor.
Porém, a coisa não correu bem, porque meses depois os Judeus passaram a ser Israelitas e o território já era Israel, tudo através duma bel(ic)a declaração de independência unilateral!
Lol.
Coitados dos Palestinianos, que foram apanhados de surpresa e até se engasgaram! Eis que então surgem os E.U.A., eternos salvadores, que propõem uma divisão de territórios ficando os palestinianos com Gaza de um lado e com outra zona (esqueci-me do nome XD) do outro. Jerusálem? Essa (supostamente) seria partilhada por ambos.
Resultado: Nunca ninguém quis ouvir a opinião dos Palestinianos, e quem ouviu foi calado ou não o levaram a sério.
Saldo: Incontáveis mortos em atentados terroristas perpetrados por Palestinianos (só conseguem fazer atentados, pois não têm o apoio de ninguém), e mais mortos em Raides feitos pelos orgulhosos Israelitas (sim, estes podem fazer Raides, porque tÊm o apoio dos E.U.A.! XD).
No fim, o conflito só acabará quando uma das Nações for aniquilada.
Não há cordo possível, não por causa do extremismo de uns e da inflexibilidade de outros, mas pela inércia da comunidade internacional em ver a injustiça de que os Palestinianos são vitimas; e pela "há muitas décadas existente" estupidez dos E.U.A. que continuam a fornecer armas a Israel, a dar apoio logistico aos seus raides e a patrocinar pretensas tentativas de negociação de paz entre as partes (enquanto ás escondidas vendem as M4's ao pessoal lá da Judeia).
Ricardo "Kerhex" Silva
Tragam lixívia para apagar o mancha! XD
bubulindo (posso chamar-te H2? :-P), antes de mais obrigado pelo comentário :-D
E sim, gostava de ir lá, ver como são as coisas in loco, sem possiveis deturpações da imprensa, quer israelita quer palestiniana. E quanto à parte de serem humanos como nós, não preciso de ir lá para ver. Somos todos iguais!!!
Abraco e continua a escrever! Ahh e tenta fazer um ou outro post com piada! ;)
XD Vou tentar, vou tentar, mas é-me um pouco dificil fazer posts sobre questões internacionais com piada... quer dizer, as que sairiam seriam muito provavelmente secas, por isso é melhor não as colocar aqui (a kath e outros que me aturam que o digam lol)
P.S.: Eu também tenho um blog... :P Não é tão fixe como o teu... mas tem um video! :P
LLLOOOLLL
E o(s) teu(s) blog(s) são muito fixes :-P Têm bem mais piada que este XD
Quanto ao teu post, mancha, vou-te responder com a maior das sinceridades, não querendo transmitir agressividade nenhuma. Sinceramente. O que eu quero é dialogar e ouvir opiniões várias e divergentes (se possivel) sobre todos os assuntos de que falemos aqui. Quando se trata de assuntos de natureza internacional que são deturpados pela imprensa é sempre bom ter a mente aberta e não pensar que se detem a verdade absoluta. Mas temos aqui um problema: a única versão que me parece plausivel que conheço é a que expliquei na blogação. Como já disse, acho que somos todos iguais e, se pensarmos um bocadinho, nenhum de nós se ia fazer explodir no meio de uma multidão se não tivesse uma razão para isso. Seguindo a lógica, tem de haver uma razão para eles fazerem o que fazem. E não deve ser por o exército israelita ser bonzinho, de certeza.
E se ficaste tão ofendido assim com este texto, pedia-te que fosses mais explicito a mostrar a outra versão da história. Eu, no livro, vi testemunhos tanto de israelitas como de palestinianos, e grande parte deles dizia a mesma coisa, pelo que me parece pouco plausivel que não seja verdade, pois os israelitas não se iriam incriminar a si mesmos porque sim. Mas eu no livro, dos poucos que já encontrei sobre o assunto, vi algo especifico, enquanto que no teu comentário não vi nada que me pudesse fazer pensar de outra forma.
E não vale a pena comparares-me(nos) a nazi(s), que a mim é-me igual ao litro. Eu tive o cuidado de utilizar sempre que podia os termos israelitas e israelo-palestiniano em vez de judeus e judaico-palestiniano porque acho que são coisas completamente diferentes. Não tem nada a ver com religião (e por acaso até acho o judaísmo bastante interessante). O que está aqui em jogo são manipulações de informação por parte dos media e do governo (não posso ter a certeza se será o israelita ou o palestiniano que deturpa a verdade, mas inclino-me mais para o primeiro).
Anyway, gostava de voltar a frisar que não tenho nada contra os judeus nem contra uma grande percentagem de israelitas, civis; tenho é ficado com uma crescente aversão aos media e governos israelitas, com base nas únicas informações concretas a que tive acesso.
De resto, agradeço ao Ker e ao bubulindo (mais uma vez) por trazerem um pouco de humor ao blog ;-)
Obrigado.
Abraços, beijinhos e muitas mentes abertas ;-)
.Francisco Norega.
(a despedida foi muito estupida -.-')
Ah, e já agora, quando eu disse que não valia a pena estarmos a discutir quem é que tinha razão referia-me à situação inicial, em 1948, quando a Liga Árabe ataca o recém-formado estado judeu, nada mais.
Depois de ler o Comentário do "mancha" no meio de tantas boas opiniões apeteceu-me dar-lhe um valente pontapé.
Primeiro, que eu tenha percebido, trata-se de uma expressão de opinião pessoal.
Segundo, se queres novidades sobre o conflito no médio-oriente, faz-te à estrada. Amigo na era das novas tecnologias nada é novo a não ser a nossa propria opinião das coisas, a não ser que sejas daqueles que gosta de verdades feitas, daquelas que compras na loja ou na tv e não é preciso fazer mais nada.
Terceiro. Tens o nick perfeito. porque te descreve mesmo bem.
Desculpa Francisco, mas não me pode calar, sabes como sou.
A minha opinião so sobre o Conflito Israelo-Palestiniano é muito simples: o grandes puxam a brasa a sua sardinha e os pequeninos ficam a chorar as consequencias.
Fico triste ao saber que o berço de algumas das maiores religiões dos nossos tempos está em guerra porque ninguém consegue fazer o que os seus profetas lhe indicaram sem guerras.
Note-se que não tenho uma religião em concreto mas que respeito todas. Também não vou dizer que sou ateia, porque acredito que haja uma qualquer força superior que nos move.
E pronto ja estou a divagar para fora do topico.
Mas o que realmente sinto é tristeza e decepção para com a fraca capacidade que os homens tem para resistir a tentação e à ganancia ao ponto de destruir civilizações inteiras e colocar povos uns contra os outros lançando banhos de sangue nas ruas, deixando crianças orfãs e mães e pais sem filhos. Não há bons nem maus. Apenas fanatismo no seu extremo, guerras que se arrastam por séculos e séculos de genocidios e crimes contra a humanidade mas em especial contra eles próprios.
Paz!
Malta se querem saber quem é o mancha visitem este link: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx
Chorem de tanto rir, XD!
Abraço
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