Friday, December 26, 2008

E aqui estou eu...

...novamente à frente de um ecrã em branco, com vontade de voltar a escrever.

Meio ano se passou e, confesso, tenho algum receio de que o blog não volte a ter a mesma adesão que outrora teve. Mas aqui estou, de volta, com vontade de tornar a dar voz aos meus pensamentos.


Quando era criança, acreditava que existia uma pessoa essencial, uma espécie de núcleo de personalidade em volta do qual os factores superficiais se alteravam e evoluíam sem tocar na integridade de quem realmente somos. Mais tarde compreendi que isto era um erro de percepção, causado pelas metáforas com que estamos habituados a emoldurar-nos. Aquilo a que chamamos personalidade não é mais do que o contorno passageiro de uma das ondas à minha frente. Ou, abrandando-a até uma velocidade mais humana, o contorno de uma duna de areia. Forma como resposta a estímulos. Vento, gravidade, educação. Programas genéticos. Tudo sujeito à erosão e à mudança.

[Carbono Alterado, Richard Morgan, SdE, 2008]


E, assim como uma duna, também eu mudei. Este ano foi uma enorme tempestade, que levou grande parte da areia que me constituia, e trouxe muita mais. Uma mudança que me tornou mais humano, mais emocional. Uma enorme mudança, sim, maz uma mudança que me aprazeu imenso.
Com este regresso, quero trazer um Anagrama Anárquico mais emocional, mais virado para mim. Com isto não quero dizer que vou deixar de falar do que acontece todos os dias à nossa volta, apenas que vou dar-me um pouco de mais atenção =p
E aproveitei e trouxe-vos um novo estilo e um novo banner, com a imagem de uma galáxia tão pequena no nosso imenso Universo, mas tão grande comparada com a nossa pequenez.


Espero que tenham tido um bom dia de Natal ;)

Sunday, July 27, 2008

[Esp. Tuga] «O Sétimo Selo» na Tailândia

Como já tinha referido aqui anteriormente, um colega meu propôs-me a criação de um blog generalista, o Espaço Tuga, em que eu estaria encarregue da parte cultural. Eu aceitei participar, e dentro dos 7 posts do blog, 4 foram sobre futebol, 2 sobre música (um deles da minha autoria) e 1 sobre livros (escusado será dizer que fui eu que o escrevi). Parece que para a juventude portuguesa uma coisa generalista é algo sobre futebol - como o Euro acabou, o blog está parado há um mês. Morreu, ponto.
O meu objectivo não é encher o meu perfil de blogger com blogs que morrem ao fim dos primeiros posts, ainda mais sobre futebol, por isso desassociei-me dele.
Deixo-vos aqui o único post que acho que vale a pena ficar para a posteridade:

22/07/2008

"O Sétimo Selo", o último livro da autoria de um dos mais conhecidos e aclamados jornalistas, repórteres e romancistas portugueses, José Rodrigues dos Santos, vai ser traduzido para tailandês. Segundo o Público, a tradução vai ser editada pela Nan Mee Books, ainda não havendo data de edição.
«"O sétimo selo", que vendeu em Portugal cerca de 140 mil exemplares, já garantiu edições na Alemanha, Grécia, Roménia, Brasil e mais recentemente Itália. »

Para provar que não somos bons apenas em futebol...



Acho que é uma boa deixa para dar a minha opinião sobre o livro, num dos próximos posts.

Tuesday, July 22, 2008

E a Lâmpada acende-se

Tenho deixado tanta coisa por dizer, mas não posso deixar de fazer uma breve menção a um pequeno artigo publicado no Nova Fantasia.
Parece que o guião da série Filhos da Lâmpada, do P. B. Kerr, está a ser escrito. :) Esta é uma série que, apesar de não ser soberba, me marcou a minha fase mais infanto-juvenil de leituras e é sem dúvida uma excelente notícia que possa ser adaptada para o Grande Ecrã (ainda que nem sequer tenham escolhido o realizador).

Estou a torcer para que o projecto vá para a frente =D

Tuesday, July 8, 2008

E aqui vai um dos meus excelentes textos (not)

Fiz este texto para um RPG que estou a "co-organizar"e como até gostei dele decidi deixá-lo aqui para vocês opinarem.
Pus-lhe o título de "A Fundação", mas não me agrada totalmente. Talvez arranje algo melhor entretanto.
Aqui vai:

Acho que nunca senti tanto frio e tanto medo na minha vida. A lua escondeu-se atrás das nuvens de Inverno, o vento cortante não nos deixa sequer abrir os olhos e o inquietante silêncio gelado é quebrado apenas pontualmente por sons ainda mais inquietantes. Toda a água que encontramos está congelada, há já mais de dez dias.
Já somos só sete. Fherin foi mortalmente ferido por um gaert há quatro dias e, com ele, são onze os companheiros que tivemos de enterrar durante o nosso percurso. Mas aqui já não chegam gaerti. É demasiado frio para eles. Espero estarmos seguros.
Talvez aqui consigamos que a nossa honra seja restituída. Matei, é certo, mas aquele ser não tinha o direito de viver. Não depois de ter violado a minha filha. Não era um homem. Devia ter deixado que o Rei fizesse justiça, mas não consegui evitar fazer justiça com as minhas próprias mãos. Todos nós errámos, mas temos direito a uma nova oportunidade. E vamos aproveitá-la, por Iogon, se não vamos.
Falarei com Heir e Darni, exploraremos a região, arranjaremos condições para aqui nos estabelecermos.
Prosperaremos.

V'heirt


(Nestas duas semanas após os exames ainda não escrevi practicamente nada. E já se passaram quase 20% das férias. -.-')

Monday, July 7, 2008

O que não me afecta

Recebi este desafio pelo Tiago (do Reflexões Exteriores) há já algum tempo, mas não o esqueci. Simplesmente achei que ainda não era altura. Agora acho que se adequa, até porque estou num dia em que fui inundado de emoção :) Aqui vai:
O Desafio "O Que Não Me Afecta" consiste em nomear seis factos/realidades que não me afectam ou interessam e, depois, passar o desafio a 6 blogs. Vamos então começar... pelo início:

1. Não me importo que pensem mal de mim por me estar a divertir com verdadeiros amigos meus numa espécie de baloiços, algures num parque infantil de uma cidade fantasma.

2. Não me importo de comer 6 fatias de pizza enquanto a catarina come 2 ^^ lol

3. Não me importo de manchas no meu blog, mas preferia que elas fundamentassem melhor as suas opiniões (manchas com opiniões fundamentedas, ah ah, que piada lol)

4. Não me importo que pensem que eu sou idiota, aliás, até nem está muito longe da verdade xD

5. Não me importo que o Sócrates faça merda... desde que não esteja no Governo 8-)

6. Não me importo de deixar o sexto ponto em branco, porque não estou a ver a mais nada.

Agora passando à nomeação das pessoas contempladas pela minha generosa (e hoje muito egocêntrica) mente... Passo o desafio à Catarina, do NTNNM, e ao Ker, dos Sonhos Cor-de-Ro... Rubeáceos, (obrigado por tudo ao casal mais fofo de Portugal xD); à leto, d' As Ameias do Crepúsculo; à canochinha, da Estante de Livros; ao PayNe, d' O Eterno Aprendiz e ao H2omem, do... H2omem.



Ainda estou extasiado com o dia de hoje. Foi... *sem palavras*

Friday, June 27, 2008

Um Quarto de Aniversário

É verdade...
Hoje, num dos dias mais quentes dos últimos tempos, o blog faz 3 meses. Quando vocês chegarem a casa depois de um dia passado sob o sol escaldante de inícios de Verão, ligarem o PC e, eventualmente, vierem ao meu blog, vão logo ficar com vontade de me parabenizar (ou não). Pois bem, eu vou já tirar-vos essa vontade (Viva a inveja, ou não xD): eu passei todo o dia em casa, muito fresquinho (sem quaisquer tipo de ar-condicionados diabólicos), sentado à frente do computador, a ler e comentar blogs, a escrever e a comer (que nem um javardo). Basicamente, o que faz o típico adolescente durante as férias, com a pequena diferença de que eu utilizo a minha capacidade cerebral a pensar em algo mais que futebol.
Mas voltando à verdadeira razão de ser do post, o aniversário do blog, não sei muito bem o que sentir. Se é verdade que me deu muito prazer escrever blogações como o Yeshi or! e saber que escrever sobre o Conflito Israelo-Palestiniano não foi completamente em vão, também é verdade que, por vezes, não escrevi aqui por pura preguiça e, por isso, ficou muita coisa por dizer. Para além disso, não opinei em relação aos últimos livros que tenho lido (O Sétimo Selo, Glaxmente, Elric) nem em relação aos últimos filmes que tenho visto.
Enfim...
Não estou propriamente radiante com o que fiz no blog, mas também não estou, de forma alguma, desiludido.

De qualquer forma, estatisticamente, o AA foi um sucesso.
Passo a explicar - nos 42 dias em que tive as estatisticas do Google Analytics activadas (períodos 12-19Abril e 25Maio-hoje) o blog teve:
- 790 visitas (média de quase 19 por dia) distribuidas por
- 282 visitantes;
- uma média de permanência de 3m02s;
- 1352 visualizações de páginas (média de 1,71 por visita)



E algumas destas visitas (mais precisamente 123), surpresa das surpresas, vieram pelo google!
E é sempre bom ver que, dentro das palavras/expressões chave através das quais utilizadores vieram dar ao blog, "consequências do conflito israelo-palestiniano" é uma das que tem tempo de permanência mais alto! :-D Ah!, e saber que, através de uma procura no google por "claudio ramos divorciou-se", uma pessoa veio ter ao meu blog, é sempre um motivo de orgulho.
Já agora, obrigado: à leto, d' As Ameias do Crepusculo; à insana kath, da Insanidade Maquiavélica; à Patrícia, que tem uma Espécie de Criatividade; aos Prémios de Edição; ao Jorge Reis-Sá, idóneo habitante da Rua da Castela; ao Luís Filipe Silva, que tem uma TecnoFantasia; à Shadows, a Dona das Sombras que procura os Incoerentes Caminho Rumo à Harmonia; à WhiteLady3, d' Este meu Cantinho...; à Oriana, com Ideias Dispersas; ao Kerhex, o Azigoth Destruidor que têm Sonhos Rubeáceos; ao tiago', que elabora Reflexões Exteriores; à equipa do Correio do Fantástico; à Sílvia Allô Allô e ao Jorge, eterno portador da Lâmpada Mágica, donos de sites/blogs através dos quais algumas pessoas chegaram ao AA.

E mais espantoso que tudo, posso afirmar que o AA já é internacional, pois teve visitas de 5 continentes (sim, cinco: América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia, e África - só faltava da Oceânia), mais propriamente de Portugal, Brasil, EUA, Coreia do Sul, Luxemburgo, Irlanda, Itália, Espanha e Moçambique. O pior é que a média de tempo no blog destes últimos quatro países é... ermmm... 0 segundos. LOL
Mas pronto, é sempre bom saber que uma pessoa do Luxemburgo visitou o meu blog 1 vez e ficou cá 55 segundos =D

Outras curiosidades:
- 76,67% dos visitantes usa IE; 20,17% usa Firefox; 1,49% Opera e 1,12% Safari,
- o Windows arrasa tudo, com 98,51% dos Sistemas Operativos das "máquinas" aqui do pessoal, estando a Macintosh atrás com 1,24% e sobrando apenas 0,25% para o Linux,
- as blogações mais "populares" em termos de visitas são a Yeshi or!, a Prémio resulta da parceria dos BookTailors e da LER e a Conflito Israelo-Palestiniano e
- as blogações mais "populares" em termos de tempo na página são a sobre a Rachel Corrie e a Yeshi or!.


Weeeeeeeeeee!!!!!


PS: Que trabalheira! -.-'

Os Homens e os Outros

Mas podeis ver que existem momentos em que todos os homens pecam por acções, por omissões, ou simplesmente porque nos alegramos pelo sofrimento dos nossos inimigos. Talvez nem fôssemos homens se não o fizéssemos.

p.34, O Sangue dos Inocentes (Júlia Navarro)


[espirrado pela anaaaatchim! aqui]

Wednesday, June 25, 2008

"Desta água não beberei" e outras novidades

No princípio, achava os blogs uma grande treta. Egocêntricos, anti-democráticos, etc etc etc. E depois comecei a visitá-los assiduamente, a comentar, a participar em discussões, a tê-los em mais consideração... e criei o meu.
Pá, é um blogue pessoal, nada de mais. Não tem mal nenhum. Absurdo era começar a ter vários, como algumas pessoas têm para aí, listas com quatro, cinco, dez, se for preciso, como se fossem necessários vários sitios para falarmos sobre nós e sobre as nossas opiniões. Mas pronto, cada um sabe de si, não tenho nada a ver com isso.
Aqui há uns dias um colega meu disse-me que estava a pensar criar um blogue generalista e, como eu sou o "cromo dos livros" lá da turma, pediu-me para eu tratar da parte da cultura/literatura. Eu aceitei, é claro, passando a ter o Espaço Tuga na minha lista de blogs.
Entretanto, um projecto relaccionado com a publicação gratuita de alguns dos meus trabalhos começou a formar-se na minha cabeça, portanto é provável que nas próximos semanas apareça ainda outro blog na minha lista.
E, quem sabe, não poderei contribuir para outros blogues conjuntos, como o Correio do Fantástico ou o Geração de Luta, futuramente.
"Nunca digas nunca." Acho que agora percebi verdadeiramente o sentido do provérbio.

PS: E já que falamos em "publicação gratuita de alguns dos meus trabalhos", é com muito orgulho que anuncio que fui publicado pela primeira vez de forma não-amadora, no site TecnoFantasia.com. Este site é organizado por Luís Filipe Silva, um dos nomes mais importantes da FC portuguesa, o qual explorarei num dos próximos post. Para ler directamente aqui.
(Já viram como eu sou tão pouco egocêntrico? Uma das coisas mais importantes para mim nas últimas semanas, refiro-a num PS. xD)


Quanto à minha ausência nas últimas semanas...:
Bem, nos últimos tempos acabaram as aulas, deram-nos uma semana de descanso que era suposto ser de estudo, estudou-se um bocadinho, tivemos exames (cagativos), referendou-se o Tratado de Lisboa (na Irlanda), aconteceram muitissimas outras coisas, umas mais importantes, outras menos, e eu acabei por largar o blogue.

Não é que não tenha tido tempo, que tive, mas as coisas que me interessam começaram a acontecer aos jorros e, ao ir adiando os posts, fui ficando com cada vez mais assunto, ao mesmo tempo que o tempo escassiava, pois os exames aproximavam-se. Por isso mesmo, decidi deixar as ideias (e o blogue) de molho e, depois dos exames, escrever uma big blogação a resumir a minha opinião sobre os mais recentes acontecimentos.
Os exames já passaram e o post já começou a ser escrito, mas como há muito para dizer (escrever), a preguiça tem falado mais alto. Espero tê-lo pronto nos próximos dias ;)

Monday, June 2, 2008

Prémio resulta da parceria dos BookTailors e da LER

Uma parceria da Revista LER e dos BookTailors resultou num Prémio prometedor que se subdivide em vários "pequenos prémios". De entre as 24 categorias dos Prémios de Edição há espaço para tudo: desde capas a traduções, passando por revisões e editoras revelação.
[Regulamento]


(vídeo retirado daqui)

Sunday, June 1, 2008

Yeshi or!

«Deus disse: "Faça-se luz!" E a luz foi feita.» Trocado por miúdos, nasceu o Universo - deu-se o Big Bang.
E por falar em Bang!, acaba de sair o número 4 da "Única Revista Portuguesa de [Literatura de] Aventura e Fantástico" (segundo eles, mas há mais, principalmente e-zines), editada em forma digital pela Saída de Emergência (uma das minhas editoras preferidas do momento).
Apesar de um mês e tal atrasada, chegou. E de que forma! Depois de 64 páginas nos primeiros três números (0, 1 e 2) e 88 no nº 3 (e primeiro em formato digital), neste último número somos presenteados com 104 páginas de puro fantástico :-)


Desta vez, lado a lado com excelentes escritores portugueses (Inês Botelho, entre outros) e brasileiros (Wolmyr Alcantara), aparecem os mestres Lovecraft, com o conto Ele, e Allan Poe, com Os Óculos. Miguel Garcia (que mantém o Chicago 1900) e Nuno Travesso estreiam-se por estas bandas e, com A Encomenda, Inês Botelho dá os primeiros passos na ficção curta, depois de ter escrito a trilogia O Ceptro de Aerzis e o Prelúdio.

José Manuel Lopes (autor de Fragmentos de Uma Conspiração) participa neste número com um' A Pintura Junto ao Mar e João Barreiros marca também presença na revista continuando o que começou em FANTASCOM (onde ele "satirizou" Filipe Faria [para não dizer "gozou" lol]), um conto de que não gostei especialmente mas que vou fazer um esforço para ler até ao fim, para poder dar uma opinião fundamentada.

A acompanhá-los temos Oberon, escrito pelo brasileiro Wolmyr Alcantara, do qual falarei mais à frente.


No lado da não ficção temos 3 artigos de 3 nomes incontornáveis do fantástico português: David Soares, Luís Filipe Silva e António de Macedo.

David Soares (autor d' A Conspiração dos Antepassados, entre outros - mantém O Sonho de Newton) classifica Grendel com 5 Estrelas. Este romance, em que John Gardner conta o épico de Beowulf do ponto de vista do anti-herói, chama por mim desde que saiu e este artigo só me fez ficar mais curioso. E fulo por não poder esbanjar todo o dinheiro do mundo em livros xD (De referir a mestria com que David Soares escreveu o pequeno artigo, conseguindo em pouco mais de uma página cativar, atrevo-me a dizer, qualquer leitor.)

António de Macedo (autor dos Contos do Androthélys e d' A Conspiração dos Abandonados, entre [muitos] outros), por sua vez, presenteia-nos com um artigo sobre Cidades Míticas, em que nos leva a caminhar pelos Jardins Suspensos da Babilónia, a sonhar com Zion (do Matrix) e a deambular pela maravilhosa Kadath, directamente saída do imaginário de Lovecraft. Há ainda espaço para a referência a Pasárgada, a Amaurotum (a capital da Nova Insula Utopia) e a Shangri-La (entre outras cidades míticas), assim como para uma abordagem sobre a misteriosa espiral logarítmica, a sua relação com a proporção divina e as suas manifestações na natureza.
Tudo isto numa escrita absolutamente deliciosa, coerente e fluída.

Por fim, podemos ler um artigo sobre a antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados, da pena de Luís Filipe Silva (autor da GalxMente, de milhentas ficções curtas e do blog Efeitos Secundários).
Os textos sobre a quase nula produção de ficção ciêntifica e a difícil subsistência do género em Portugal, escritos num tom quase "penoso", apesar de os autores não serem em grande número, abundam. O início deste Antologias, Fantasias & Odisseias faz-nos adivinhar um artigo no mesmo registo mas o Luís rapidamente muda de assunto. Começa a falar, então, sobre uma antologia. Mas esta não é uma antologia qualquer - é a Antologia da Nova Literatura Fantástica em Língua Portuguesa, uma antologia que coloca lado a lado autores que escrevem desde ficção ciêntifica e surrealismo a realismo mágico e história alternativa, portugueses e brasileiros (e colocaria autores das comunidades lusófonas africanas e asiáticas se houvesse material de qualidade, certamente), sem fazer quaisquer distinções. Logo a seguir, o Luís Filipe Silva, que organizou a antologia com o Jorge Candeias, transporta-nos repentinamente para uma "realidade alternativa", falando-nos das "dores de parto" que teria sofrido se tudo isto tivesse acontecido há uma década.
Felizmente não aconteceu como o LFS relata - não houve necessidade de infindáveis horas ao telefone nem de dezenas de cartas trocadas para fazer o livro, tendo tudo sido tratado através da internet. No entanto, e apesar de todas as inovações trazidas pelo aparecimento da net, as mentalidades mantiveram-se (quase) inalteradas, ou seja, a receptividade das(os) editoras(es) em relação a projectos inovadores como este continua (quase) nula. E o que é que isto significa? Publicação de autor. É verdade, o LFS, para não deixar a meio este projecto, teve de recorrer a uma print-on-demand, que significou de antemão uma fraca visibilidade no mercado. O lançamento da obra foi bem conseguido, integrado na edição de 2007 do mais importante evento do fantástico em Portugal, o ForumFantástico, apesar de, de entre todas as possibilidades, ter ficado com o pior dia e hora (19h30 da 5ªfeira de abertura). Quanto a livrarias onde comprar já nem se fala - parece que o LFS conseguiu que o livro fosse colocado à venda numa livraria lisboeta mas, para além disso, nada - só encomendando pela lulu.com.
Mas nem tudo é mau - este conjunto de 14 contos vai estar à venda na banca da Saída de Emergência na Feira do Livro de Lisboa até dia 15 de Junho. Ou seja, são 11 contos (e noveletas) excelentes por menos de 17€ (é provável que o preço ronde os 13,5€, caso tenha os habituais 20% de desconto) - 11, pois 3 dos 14 não são nada de especial (e um deles é péssimo, na minha opinião).
E agora voltando à revista (já vos devo ter dado seca suficiente lol), é a altura ideal para falar de Oberon, o conto de Wolmyr Alcantara presente na Bang! em representação da antologia. Não creio que seja dos melhores - na verdade, de entre os 11 contos bons, não o colocaria nos primeiros 6 - mas é agradável de ler, mesmo para aqueles a que o brasileiro escrito pode fazer um pouco de confusão (como eu), e a história é boa. (E é uma escolha que sempre dá um ar mais internacional à Bang!.) Se não ficaram suficientemente convencidos com este meu paleio todo dêem-me o beneficio da dúvida e dêem uma olhadela ao conto. É fácil, é grátis e... é bom. Depois considerem que há vários contos melhores (na minha opinião) e pensem em comprar o livro =P Iniciativas destas precisam de vingar no panorama português, para ver se se começa a criar uma estrutura forte e estável no mercado editorial para os livros do género.

Podem fazer download e ler a revista aqui.


E fico-me por aqui, com a promessa de vos chatear mais um bocado quando ler todos os contos publicados na revista. lol

Friday, May 30, 2008

Dossier sobre o Acordo

Depois de ler a seguinte blogação é caso para perguntar:
Agora?

(Que mania que os portugueses têm. Fica tudo para a última da hora... neste caso, para depois.)

Tuesday, May 27, 2008

E pimba! Lá se vai mais um avião... e 30 000 casas.

Pois, parece que o último relatório do Índice Mundial da Paz sempre estava certo. Pelo menos no que toca à Rússia - parece que eles não vão muito à bola com a Geórgia... e pimba! Lá se foi um avião (não tripulado) Georgiano.

Mas a Rússia, é claro, desmente. Mesmo contrariando o relatório da ONU. [Público]



Já agora, desta feita sobre o tão falado (pelo menos por mim lol) conflito entre os israelitas e palestinianos, mas ainda sobre notícias do Público, soube que os israelitas decidiram destruir umas meras 3000 casas aos palestinianos (deve ter acabado o campeonato de futebol deles e ficaram sem nada para fazer, ou algo do género). Em plena Cisjordânia, definida como uma das áreas que integrariam o Estado Árabe pela ONU, em 1948.
... Nem sei o que dizer...

Monday, May 26, 2008

A Feira do Livro de Lisboa e a LeYa (Luís Graça)

Mais vale nem começar a falar sobre o que acho da absurda situação deste ano, mas não podia deixar de citar aqui o comentário de Luís Graça no Blogtailors. Simplesmente fantástico.

«Mudar só por mudar não leva a muito.
Vale mais deixar o que está bem do que mudar para inovar e conseguir "inventar" novos problemas.

No primeiro dia da Feira do Livro houve cinco ou seis pessoas que tropeçaram nos stands da Leya.
Entre os quais eu.

Como existe um espaço entre a rampa e o estrado, não é nada difícil bater com o pé no estrado e sair de cabeça direito aos livros. Não é a minha forma favorita de mergulhar na literatura.

Com o pagamento centralizado, obriga-se o comprador a fazer um sobe-e-desce. Esclareceram-me que podemos andar com os livros na mão de um stand para o outro e só no final nos temos de dirigir à caixa de pagamento (são seis).

Ora, como esta se situa num topo, fácil será de concluir que será obrigatório um sobe-e-desce, dê lá por onde der. Se a pessoa começar a comprar nos stands de baixo, terá sempre de subir para pagar. Se quiser continuar a descer a feira já efectuou três percursos (duas descidas e uma subida).


Como a zona de pagamento tem pouco espaço, será fácil concluir que as pessoas terão de ficar à chuva ou ao sol enquanto não conseguem pagar. Mesmo com seis caixas. Será muito fácil quando houver pouca gente. Mais complicado aos fins-de-semana. Ou seja, as seis caixas não evitarão as "molhadas".

Quanto às meninas, são giras e simpáticas. E gostam de pipocas e de banda desenhada. Só debati o tema do "Manga" entre a juventude. Não falei de pipocas.

E como é que se carregam os livros de um lado para o outro?

Mais: o comprador-que-ainda-não-comprou-o-livro estará sempre "debaixo de olho". Quem ajuiza da boa fé das pessoas?
Se uma pessoa encontrar um amigo e se distrair, pode muito bem sair da zona da Leya e passar por ladrão.

Também não vejo grande vantagem nos equipamentos todos iguais, com pólo vermelho com o símbolo da Leya. O que interessa ao comprador é identificar a editora. Se em todo o lado têm o pólo da Leya, falta informação ao comprador.

Para mais quando o pólo vermelho não é capaz de nos dar uma informação tão simples quanto esta:
"Este livro vai ficar em livro do dia?".

Aconteceu-me logo no primeiro dia. Independentemente da simpatia e da educação das "camisetas rojas", não me conseguiram dar uma informação tão simples quanto esta. Nem sabiam quem a podia dar.

Também ainda não estava disponível uma calendarização das sessões de autógrafos.

(E o site da Feira do Livro não está actualizado. Por exemplo, é anunciada --- na sua editora, na zona dos autógrafos, através de cartaz --- uma sessão de Vasco da Graça Moura para as 18 horas de domingo, 25. No site da Feira do Livro ainda não constava essa informação)

Resumindo e concluindo: a mudança dos stands não evita uma série de problemas.
Esteticamente, não me choca nada. Mas também não adianta nada.

E o espaço disponível em cada stand é muito reduzido. Quando houver muitos visitantes, uns terão de esperar para subir, outros de esperar para descer a rampa. O que não acontece num restaurante da minha zona chamado "A rampa". E muitas mãos haverá por cima dos ombros, para chegar aos livros. Espaço para abrir um álbum de BD é coisa que não existe em abundância.
Prevejo, mais do que chuva, muito choque de costas com costas.
Mas pode ser que as colisões involuntárias ainda dêem em algum casamento feliz.

"Lembras-te, querido? Conhecemo-nos na Feira do Livro de Lisboa. Tu estavas a ler um álbum do Astérix e deste-me um encontrão. Eu tinha acabado de tropeçar à entrada do stand e tinha estragado uma sandálias de marca, acabadinhas de comprar no Corte Inglés. Quem diria que havíamos de ser tão felizes?".

Mas pode ser que eu tenha mau feitio e seja um bota-de-elástico avesso à mudança.
»


Resumindo: a LeYa faz uma fita do caraças (só por se achar melhor que os outros - que não é, nem mesmo em termos económicos, pelo menos no que toca à Bertelsmann), põe em risco a realização da Feira do Livro de Lisboa, atrasa a data de início da Feira, e no final de contas apresenta-se com estes caixotes da treta. Não valia mais ter ficado quieta?


PS: Não vou apelar a boicote nenhum, pois acho que cada um faz aquilo que a sua consciência dita, mas a LeYa que não espere que eu meta os pés na "pracinha chique" deles (isto é, se eu conseguir sequer pôr os pés na feira lol). Sou contra senhores [leya-se Paes do Amaral e afins] que gostam de fazer birrinhas por tudo e por nada, isto é, por um "negócio" que, por acaso, tratam como se do negócio do calçado se tratasse.
Enfim... Acho que já falei mais do que devia xD



Já agora, alguns posts para ler:
- O Mercado Editorial Português, no BlogTailors
- Caixotim e a Feira do Livro, também no BlogTailors

Sunday, May 25, 2008

Estou chocado

É verdade, estou chocadíssimo. E porquê? Porque estamos bem posicionados num estudo internacional. E não, não é um estudo do tipo "Países com maior taxa de analfabetismo".

Li o artigo na Edição do metro de quarta-feira (a hiperligação é para a edição lisboeta porque não está disponivel na net a nacional) que apanhei quando estava a entrar em coimbra na manhã de quarta-feira, para não varia atrasado para as muito interessantes aulas de educação física e não podia deixar de o comentar.

Passo a citar, então:

RELATÓRIO Portugal é um dos dez países mais pacíficos do mundo, segundo o último relatório do Índice Mundial da Paz divulgado ontem em Londres e que coloca no primeiro lugar a Islândia e no último o Iraque.
No índice, que avalia o pacifismo de 140 países e o seu nível de tranquilidade, Portugal aparece no sétimo lugar, a seguir à Irlanda e antecedendo a Finlândia.
Por ordem decrescente, os países menos violentos são, de acordo com o relatório, a Islândia, Dinamarca, Noruega, Nova Zelândia, Japão, Irlanda, Portugal, Finlândia, Luxemburgo
e Áustria.
“O mundo aparece ligeiramente mais pacífico este ano”, sublinhou num comunicado Steve Killelea, autor do índice.

“É encorajador, mas precisamos de pequenos passos feitos individualmente pelos países para que o mundo faça mais progressos no caminho da paz”, assinalou o filantropo australiano.


Quanto a mim, estou satisfeito pela classificação do nosso país no estudo. Quem não deve ter ficado contente é o Paulo Portas (e os submarinos que comprou para apagar os fogos).


De qualquer forma, este estudo parece-me um pouco... tendencioso. Israel em décimo? E o Iraque e o Afeganistão em 1º e 4º, respectivamente, sem os EUA no "top"? Que eu saiba para se fazer uma guerras têm de existir dois lados. E se é certo que não eram países muito calminhos antes, a intervenção militar dos EUA só foi agravar a situação. Já para não falar no facto de aqueles atrasados mentais terem bases militares espalhadas pelos 4 cantos do mundo.
Mas também não admira... Os Estados Unidos devem ter posto um gajo lá na chefia do Índice Mundial da Paz, por isso...
Ah!, e agora reparei noutra coisa... Onde está a China?

Saturday, May 24, 2008

Pode ser que assim as pessoas acreditem

Às vezes as situações passam-nos muito ao lado porque "não é connosco". Pode ser que este e-mail abra os olhos, pois aconteceu com uma "pessoa ocidental".



(adaptado de um power point que a minha mãe recebeu por mail e me reencaminhou; editado no paint.net)



E agora, mancha, vais dizer o quê? Que o condutor da escavadora era míope?

Saturday, May 17, 2008

Gaza

Enquanto que, quanto ao acordo, ao que parece é de vez, no que toca à situação em gaza, está tudo na mesma.

Por é que eu digo isto? Vejam aqui.

Friday, May 16, 2008

Será que desta é de vez?

Ao que parece, o Acordo Ortográfico foi aprovado no Parlamento. Com a (possivel futura) aprovação deste em todos os PALOP podemos concluir, portanto, que vamos ficar com as seguintes grafias:
- a do Acordo, que numa considerável parte dos casos previstos prevê duas grafias;
- a dos portugueses que não concordam com o Acordo e vão continuar a escrever como sempre escreveram;
- a dos brasileiros que não concordam com o Acordo;
- a dos cabo verdianos que não concordam com o Acordo;
- a dos guineenses que não concordam com o Acordo;
- a dos São Tomé e Príncipeenses que não concordam com o Acordo;
- a dos angolanos que não concordam com o Acordo;
- a dos moçambicanos que não concordam com o Acordo e
- a dos timorenses que não concordam com o Acordo.

Concluindo:
VIVA A UNIFICAÇÃO DO PORTUGUÊS!!!!

Oportunismos


É verdade, esta nova secção nas estantes está a crescer. E de que maneira.


Daqui a nada compramos a Sábado para lermos literatura a sério e vamos às livrarias para comprar textos de jornalistas.

Engraçado...

Tuesday, May 13, 2008

“Acordo Ortográfico terá consequências desastrosas”

É o título duma entrevista a António Emiliano, publicada na edição do Metro de 3ª feira passada (página 4), no âmbito da polémica do Acordo Ortográfico. Este senhor, co-redactor de uma petição lançada há pouco tempo, com muita parra e pouca uva, em que não se diz nada do que é preciso, em que os que a escreveram se preocuparam mais em utilizar um registo de lingua elitista, só para parecer bem, recheando o texto de expressões como "aviltamento inaceitável", "identidade multissecular" e "riquíssimo legado civilizacional e histórico", que três quartos da população jovem, alfabeta mas iliterada, não percebe, e não explicando nada do porquê de se estar contra o acordo.
Pelo contrário, numa entrevista substancialmente menos importante do que uma petição dirigida aos Ex.mos Senhor Presidente da República Portuguesa, Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa e Senhor Primeiro-Ministro de Portugal, este senhor tem o cuidado de explicar a posição e dar alguns exemplos de alterações absurdas, enquanto na petição...
E o pior disto tudo é que esta, só por ser assinada por personalidades "importantes" como José Pacheco Pereira, António Lobo Xavier, Mário Cláudio, Paulo Teixeira Pinto, Vasco Graça Moura e Zita Zeabra e por nela ser utilizado um palavreado caro, recebe logo o previlégio de ser referida em dastaque num dos principais jornais diários gratuitos do país, enquanto outras petições (como esta), muito mais bem formuladas, são ignoradas.
A primeira pode não contar com a minha assintatura, apesar de com pouco menos de duas semanas já contar com quase 35000 assinaturas, mas quanto a esta última petição que referi, tenho orgulho de ser um dos 5548 que já assinaram.

É por estas e por outras que o país não sai de onde está - as pessoas e a imprensa dão mais valor ao palavreado caro e bonito do que à mensagem e ao conteúdo de petições coerentes e fundamentadas que certas mentes preocupadas com o futuro do país e da nossa língua se preocupam a escrever.
Enfim...


PS: Já agora, para darem umas boas gargalhadas, aconselho a leitura da seguinte blogação no Só me apetece cobrir!



CARPE DIEM!

Sunday, May 4, 2008

Para quem quiser saber um pouco mais sobre mim...

Então é o seguinte, para quem não me conhece muito bem e gostava de saber mais sobre mim vou deixar aqui um formulário de apresentações do fórum Reino da Escrita, da autoria da Erinamis, a Rainha do Reino.

Formulário a ser preenchido:
(suprimi uma das questões, que estava relaccionada apenas com o Reino)
Nickname: nome pelo qual querem ser conhecidos
Data de nascimento: podem omitir o ano
Estilo de escrita: prosa, poesia ou texto dramático? Escrita criativa ou ensaios?
Escrevo há... há quanto tempo se começaram a interessar pela escrita?
Nível de escrita: quantificado ou não (0-10), acham que têm dificuldades na escrita? Se sim, a que níveis?
Nível de crítica: está habituado a criticar outros textos? Têm espírito crítico? De que modo costuma criticar?
Um livro que me influenciou: opcionalmente, poder-se-à explicar porquê
Citação de destaque: uma frase que se relacione convosco ou que gostem por uma razão qualquer
Bebida preferida:
Pergunta que falta aqui neste questionário e sua resposta:

(Espaço livre para uma apresentação personalizada)

---

Formulário Respondido:
Nickname: eragon
Data de nascimento: 9 de Março
Estilo de escrita: well... escrevo um pouco de tudo - prosa, poesia e texto dramático; escrita criativa e ensaios. A poesia (escrevi muito pouca) é uma grande treta; aquilo que já escrevi de texto dramático acho que está entre o bom e o muito bom (mas foi muito pouco) e, quanto à prosa, é aquilo que escrevo mais - contos, noveletas (estou a acabar uma) e tenho alguns projectos que um dia poderão vir a ser romances (aqui romances é em termos de tamanho, e não de género literário, atenção).
Escrevo há... 7 anos. À partida poderiam pensar que é pouco, mas tendo em conta que eu tenho apenas 14 anos, já é considerável. Lembro-me de já no segundo ou terceiro ano do 1º ciclo do ensino básico escrever empolgadamente para os concursos "Uma Aventura... Literária". Cheguei a ganhar uma ou duas menções honrosas.
Nível de escrita: 6.5 - ainda tenho muito que pedalar. No entanto acho que tenho vindo a melhorar quase que... exponencialmente - de texto para texto vai havendo um grande variação de qualidade e, às vezes, dentro do próprio texto. Dificuldades? Sinceramente, já não sei. Eu sempre pensei que tinha dificuldade nos diálogos, mas no projecto que tenho entre mãos têm-me saído bem; as descrições vão saindo umas melhores, outras piores, e eu, que pensava ser bom em escrever textos cheios de acção, estou a bloquear no final da tal novela que estou a escrever, que por sinal é recheado de acção.
Nível de crítica: Bem, eu considero-me um bom crítico. É claro que não sou extraordinário, como seria difícil com esta idade, mas as criticas frequentes que elaboro para o meu fórum (O Cantinho dos Livros) têm feito melhorar este aspecto. Essencialmente, e deve ser o que é suposto eu dizer aqui, gosto de fundamentar as minhas criticas e dar sugestões, dando sempre a minha opinião sincera.
Um livro que me influenciou: Um? Acho que somos influenciados por tudo o que lemos, seja bom ou mau - no primeiro caso ficamos com um exemplo para seguir, no segundo com um exemplo do que não fazer. Um que se enquadra no segundo caso chama-se "O Portal dos Sonhos", da Catarina Araújo, que li recentemente e que não aconselho a ninguém; no primeiro caso podia referir:
- o Eragon (não por ser uma obra extraordinária, mas por me ter despertado o bichinho da leitura - é sempre um grande marco, o primeiro livro "grande" que lemos);
- o Neverwhere;
- a Trilogia Bartimaeus;
- a série Filhos da Lâmpada;
- O Senhor dos Anéis;
- o Jonathan Strange & o Sr. Norrel;
- o Filha da Floresta;
- o Lobo Branco;
- o Stonehenge e... de momento não me ocorre mais nada.
(não necessariamente por esta ordem)
Citação de destaque: É mais fácil destruir um átomo que um preconceito e Não sei como será a Terceira Guerra Mundial, mas sei como será a Quarta - com paus e pedras, ambas do Einstein. Podem parecer apenas citações bonitas, mas dizem muito sobre mim:
1º que tudo, são do Einstein, uma pessoa que eu admiro muito, que considero um exemplo a seguir. Em suma, é o meu ídolo.
2º que tudo, e um bocado em seguimento do primeiro ponto, eu adoro física, não só da parte dos planetas (que venero, ao ponto de querer seguir astrofísica), mas também dos átomos. Mas da primeira citação, para além de se poder concluir que eu adoro física, pode-se ainda retirar outra coisa sobre mim - detesto a nossa sociedade, cheia de possessões vitais, discriminações, preconceitos, injustiças e tudo o mais (e isso reflecte-se muito na vertente fantástica da minha escrita)
3º que tudo, não basta eu detestar a sociedade em que vivemos, sou também excessivamente (será?) pessimista em relação ao futuro da humanidade - o que se reflecte também na minha escrita, mas desta feita na vertente "FCífica".
Bebida preferida: Não vou responder, mas posso adiantar que sou um Sumólico Anónimo. =P
Pergunta que falta aqui neste questionário e sua resposta:
Com que nome assinas os teus textos?
Francisco Norega.

Não basta ter-vos maçado já com respostas intermináveis que já desistiram de ler, como vou falar aqui mais um bocadinho sobre mim:

Não, no início não era o verbo. Era o Eragon. (Muah!)
Eu nunca vivi num mundo cor-de-rosa, não que eu me lembre. A minha mãe não se massacrou para me manter num mundo cor-de-rosa enquanto eu era criança, não, mas também não andou aí a apregoar-me os males do mundo - eu é que sempre fui um rapaz muito curioso e facilmente dei com o verdadeiro mundo em que vivemos. Com uns 9 ou 10 anos passei uma fase muito instável emocionalmente, relacionada com o meu ódio para com a sociedade, mas felizmente acabou rápido (a fase, não o ódio lol). Por essa altura li o meu primeiro "livro grande" - o Eragon - e descobri o verdadeiro prazer da leitura (antes lia mas eram essencialmente livros sobre o mundo natural, dinossauros e coisas assim - histórias era muito raro [nem mesmo das colecções "Uma Aventura" e "Os Cinco" gostava, pois achava-as muito básicas]).
Foi uma autêntica reviravolta, começando a descobrir cada vez mais livros e autores, e ganhando um novo propósito para viver - pelos vistos podemos tentar mudar alguma coisa, nem que seja através dos livros. Apesar de ter começado a escrever antes dessa fase conturbada, foi depois de ter começado a ler que comecei a ter ideias mais sérias para textos literários, textos esses que começaram a ter sempre (ou quase) uma critica à sociedade em que vivemos, directa ou indirectamente.
Mas isso de ler muito e escrever com pouco mais de 10 anos não é nada bom, pois acabamos por ser um pouco excluídos (e, por vezes, auto-excluimo-nos propositadamente). Por consequência, comecei a virar-me para a internet para encontrar outras pessoas que partilhassem os meus gostos.
E encontrei, acabando por me tornar "Chefinho", depois de ter criado um dos mais abrangentes fóruns portugueses sobre literatura que há aí (olha a modéstia lol) - O Cantinho dos Livros.
Há coisa de uns meses resolvi criar outro fórum, desta feita sobre mundos construídos, por estar a entusiasmar-me cada vez mais com a criação do meu mundo (que já não é só meu =D). O ConWorlds teve alguma adesão inicial mas acabou por abrandar, ao ponto de quase parar. Quase. É claro que não vai ficar assim para sempre, até porque as férias de Verão se aproximam :)
De qualquer forma, com o forum quase parado, tive de arranjar outra coisa com que ocupar o tempo (para não ser mal interpretado, informo que estou a ser irónico) e, por isso, resolvi criar um blog - o AA :: Anagrama-Anárquico, que não é de forma alguma politicamente correcto, cómico ou linear, ou seja, reflecte a minha imagem.
E, basicamente, a minha vida é isto. (Não, na verdade não é, pois há muitos pontos que eu ainda podia desenvolver [a parte menos egocêntrica, referente à família e amigos], mas está a fazer-se tarde e eu estou a ficar com sono, e etc, etc, etc)

De qualquer forma, tudo isto deu para concluir que eu sou um bocado parvo e, sobretudo, chato - quando me dão espaço para escrever/ falar está tudo lixado XD (ou melhor, só está lixado quem é casmurro o suficiente para ler as minhas coisas até ao fim lol)


Para além disto havia ainda uma outra parte, o "Curriculum", que está feito mas não está perfeito, e que depois colocarei aqui.


PS: Espero que tenham gostado ;-)

Thursday, May 1, 2008

Neo-Nazismo

Acabei de ouvir na rádio que milhares de pessoas se manifestaram hoje em Hamburgo e Nuremberga, contra as conferências (acho que não é bem este o termo) neo-nazis, que se realizavam em simultâneo nas duas cidades.
Fiquei chocado.
Com que direito é que alguém pode afirmar que a sua raça é superior a outra? Como é que há gente que consegue defender o extremínio de seres humanos, seja qual for a sua raça, cor, religião, idade, sexo, altura, peso, whatever? Regimes autoritários (aka ditaduras), ainda que muito dificilmente, podem ser toleradas, agora apoiar-se o nazismo depois do que aconteceu na 2ª Guerra Mundial (que aconteceu mesmo, ao contrário do que o presidente do Irão diz [não é Ker?]) é puro atraso mental! Queria ver se lhes fizessem o mesmo. Era engraçado, não lhe dar comida durante dois dias e fazê-lo trabalhar 20 horas por dia com uma arma apontada à cabeça.
Podia ser que metessem algum juízo na cabeça, aqueles atrasados mentais.

Tuesday, April 29, 2008

Vida de Cão

Well, há bocado estava a vir para casa e vi uma senhora a, supostamente, passear o cão. A questão é que algumas pessoas levam os cães a passear e depois andam a arrastá-los pela corrente em vez de lhes darem liberdade, como é suposto. Nunca percebi isto muito bem: se se leva um cão a passear, é suposto deixá-lo andar ou tratá-lo como um adereço, levando o cão para onde o dono quer? Depois admiram-se que os cães começam a ter comportamentos violentos e que se sentem "presos" em casa. Queria ver se deixassem as pessoas em casa 5/6 do dia e no pouco tempo que as deixavam sair as levassem presas por uma corrente, sem ter em minima consideração o pescoço de, supostamente, os nossos "amigos"/"companheiros"/whatever.

(Post sobre a semana passada ainda a ser escrito :P)

PS: Eu até podia criar uma etiqueta de nome Coisas Muito Importantes que Não se Enquadram em Mais categoria Nenhuma especialmente para este post, só para ter piada, mas acho que vou mesmo colocar como Coisas Sem Grande Importância.

Monday, April 28, 2008

Ausência

Só para dizer que, depois de 5 dias sem (praticamente) tocar na net, voltei (no sábado à noite).
Depois de ter começado a escrever um post e já ir a um bom bocado, o PC foi abaixo e eu tive de recomeçar, por isso é que ainda não o viram. De qualquer forma é só para avisar que está uma blogação a ser preparada.

;-)

Saturday, April 26, 2008

Uma Semana Sem Posts, Mas Cheia de... Coisas!

Então passo a explicar o porquê da minha inactividade durante esta semana:
Vontade não me faltou, mas eu andava muito lento com o Nas Sombras de Coimbra (sempre que vinha ao PC perdia-me nos blogs e foruns, e acabava por não escrever nada lol [<- yay! isto é para rir!]) que, para o ter pronto um bom bocado antes do prazo, tive de me privar da net enquanto não o acabasse. Efectivamente, ainda não o acabei, mas já não aguentava mais - desde segunda-feira só vim à net uma vez por causa de um trabalho de História e meia-dúzia de vezes por causa do texto. Depois de ter passado o dia de ontem e o de hoje a escrever (2000 palavras ontem e 2500 hoje + revisões :D), já não podia ver páginas cheias de palavras escritas por mim à frente. Tinha de vir alimentar o meu vício. E por isso, aqui estou eu. O texto já está quase no final, mas não deu mesmo para o acabar hoje, por isso fica para amanhã. Para além de que se está a afastar demasiado da história recheada de acção que tinha idealizado para enviar para o concurso. Penso que, sendo apenas um quinto da história acção pura, fiquei ainda com menos hipóteses.



E como acho que não consigo fazer uma blogação sem falar em coisas sérias, deixo-vos aqui um link de um texto pequenino, mas bom de ler. Não, Não é Normal



Ah!, e quanto ao já falado Life Must Go On In Gaza and Sderot, há um post novo. Comentei-o (saí-me bem com o inglês, até :-D [tive uma pequena ajuda da minha mãe XD]) e li os comments. De alguns gostei, de outros nem tanto.

Pela "negativa" (da minha perspectiva), gostava de citar o escrito por "Bernhard":

i live in Ashkelon...

as long as the State of Israel existed...

its people have been targeted by terrorists...

in the North, in the Center and in the South...

Sderot is no exception...

as long as the leaders of hamas, hizbollah, lebanon, syria and iran exist...

forget about peace...

Épá... Como é que é? Desde que o Estado de Israel existe, dizes tu? Que eu saiba foram os israelitas que foram ocupar a Palestina, que eu saiba foram os israelitas que tiraram aos palestinianos as suas terras. E que eu saiba não são só israelitas que sofrem com o conflito, são também palestinianos. Mas acho que aqui a nacionalidade não interessa, pois os que levam com rockets palestinianos em cima e servem de alvo aos soldados israelitas são principalmente inocentes


... e o escrito por um "anónimo":

I feel for your desire to have peace. Being fired upon from both sides will do that; however, where is the outcry in Gaza for peace. The people in Gaza elected the Hamas and unfortunatly for them; they, got what they asked for. Why don't they complain to the Hamas leaders. If they stop firing rockets at Isreal, the reprisals will stop. If it does not stop, then the world opinion will force it to stop. Were are the leaders in Gaza asking for peace; I don't see any.

Tuesday, April 15, 2008

Abril é Mês de Luta!

ABRIL É MÊS DE LUTA!

· Porque pagamos 950 euros de propina;
· Porque a Acção Social Escolar é insuficiente;
· Porque nos querem retirar dos orgãos de gestão;
· Porque o Processo de Bolonha diminui a qualidade do nosso ensino;


PORQUE EXIGIMOS

UM ENSINO SUPERIOR

QUE SEJA PÚBLICO GRATUITO

E DE QUALIDADE!

(um cartaz afixado na UC

reprodução exacta do texto)



Realmente... Já viram ao ponto a que isto chegou? É que para além de tudo o que eles referiram, ainda podemos deduzir que o Ensino Português (logo desde a Primária) é uma grande porcaria... É que nem sequer lhes ensinaram que devem separar os vários elementos de uma oração através de vírgulas...

(Chamem-me picuinhas, mas quem elaborou o cartaz devia ter um mínimo cuidado... É que está espalhado aos sete ventos aqui na Universidade, em folhas de tamanhos desde A3 a A0...)

Saturday, April 12, 2008

Mas afinal, quem quer a guerra?

Estive a passear por este vasto mundo de bloggers e entretanto dei com um destaque de um blog chamado Life Must Go On In Gaza and Sderot que me chamou imediatamente a atenção. O blog é feito em parceria por um palestiniano e um israelita, que vivem em Gaza e em Sderot, respectivamente. São ambos apoiantes da paz e, só pela forma com que mostram a necessidade da paz fiquei logo agarrado ao blog, apesar de ser em inglês. Cada vez me convenço mais de que me subestimo em relação ao meu inglês: apesar de a minha expresão não ser a melhor, li o blog na perfeição (ainda não o li todo). Achei especialmente curioso como cada um deles diz que o seu grupo de amigos anseia pela paz e pensa que os "outros" não o querem. Com uma leitura superficial do blog torna-se perfeitamente evidente que há uma grande manipulação da informação por parte dos media. E isso ainda se torna mais evidente quando se vêm sequências de comentários do género: "Desculpa lá, 75% do controlo dos recursos é da responsabilidade do Hamas; eles é que vos fazem pensar que somos nós, israelitas, que bloqueamos a Faixa de Gaza" e "Não, os media israelitas é que fazem pensar isso, porque efectivamente a culpa é deles".
Mas o que é importante reter de tudo isto é que, mesmo com os governos a mandar as culpas uns para os outros nos seus jogos mesquinhos, os dois povos estão unidos pela paz, mesmo que não na totalidade. Em 2003 (se bem me lembro a data de publicação de O Perfume da Nossa Terra), segundo a ideia que ficou retida na minha mente, os israelitas pela paz eram uma minoria mas, pelo que ando a ver, essa minoria começa a crescer.
Estaremos, finalmente, a caminhar para a Paz? É que os apoiantes da guerra estão cada vez mais desacreditados, mesmo dentro da comunidade israelita, segundo percebi....

VIVA A PAZ!



Já agora, encontrei também uma lista de bloggers e entradas israelitas em inglês, segundo sei permanentemente actualizada: English Writing Israeli-bloggers.


Ver também o post principal sobre o Conflito Israelo-Palestiniano e a respectiva discussão, se faz favor ;-)


(imagem tirada de Free Palestine!)

Wednesday, April 9, 2008

Acordo Ortográfico

Eu tenho andado interessado neste assunto, e tenho ouvido falar muito sobre este acordo. Tenho navegado muito pela net e tenho-me deparado com inúmeros comentários baseados num diz-que-disse interminável e acho que nem mesmo nos noticiários se tem dito coisas acertadas. Eu próprio fundamentei as opiniões que tenho deixado por aí no diz-que-disse, e grande parte do diz-que-disse está absurdamente errado.
Até pareceria mal se eu não deixasse aqui um texto opinativo sobre o tão badalado Acordo Ortográfico e por isso decidi aproveitar um post que eu elaborei para O Cantinho dos Livros, muito elucidativo (mas não totalmente correcto – quer dizer, penso que este que vos apresento já está).
Não vou enumerar os pontos errados que se pensam os principais do Acordo, que afinal não é acordo nenhum, pois vai haver duas grafias diferentes para as mesmas palavras, dependendo da sua pronúncia. Isto tem toda a lógica, mas só torna o acordo ortográfico ainda mais absurdo. O seu objectivo é unificar as várias línguas descendentes do português arcaico (têm uma origem comum, mas como eu não deixo de afirmar, foram adoptadas por povos diferentes, em continentes diferentes, e sofreram as mais diversas evoluções e influências), que tem uma base comum mas o próprio vocabulário é extremamente divergente de língua para língua. E mesmo no vocabulário comum, a forma como os vocábulos são ditos varia de língua para língua. Como se pode concluir, este acordo unificador não tem lógica, logo desde início, e ainda por cima não unifica nada, pois a ortografia de imensas das palavras contempladas no acordo vão ser variáveis de país para país.

Penso que o seguinte texto vos pode esclarecer melhor sobre o acordo, como fez comigo:


A ORTOGRAFIA DE TODOS
(Irma González [linguista])

Não é preciso sermos sociolinguistas para constatarmos que as portuguesas e os portugueses (académicos e extra-académicos) não aceitam como justificada a actualização da norma ortográfica da língua.
O debate sobre o último acordo ortográfico para os oito países que usam a língua portuguesa (com uma população aproximada de 230 milhões de falantes) tem-se diluído, entre os cidadãos do mundo lusófono no contexto europeu, em dados e informações de cientificidade e rigor linguístico duvidosos.
Isto porque a questão que sobrevoa a problemática da implementação do texto de 1990 - pretensamente unificado ou unificador - é, na minha opinião, a colonização linguística que as pessoas vislumbram nesta ideia de unificação. E digo colonização porque as alterações propostas têm sido avaliadas à luz das transformações que provoca a irrupção da variedade brasileira da língua no espaço europeu, facto que é inequivocamente aliado do crescente desconhecimento das regras do sistema linguístico e do próprio acordo por parte dos portugueses (1).
Explica-se, deste modo, que em certas notícias se afirme que «[o] acordo ortográfico consagrará de facto, a ser ratificado pelo Parlamento, a substituição do português pelo brasileiro»(2).
Tem-se referido, só para citar dois exemplos, que, em Portugal, passará a escrever-se "fato" em vez de "facto" embora se pronuncie o c , por uma questão de renúncia face aos brasileiros que escrevem e dizem "fato". E, ainda, que «os portugueses deixarão de escrever "húmido"; para usar a nova ortografia - "úmido".(3)», em atenção à tradição ortográfica do Brasil. Nada de mais falso(4).
Na verdade, o acordo ortográfico não introduz uma completa homogeneidade na grafia das palavras em língua portuguesa, é um facto, mas tenta reduzir ao mínimo as diferenças existentes entre as suas variedades. Ou seja, tendo uma ortografia similar para todos, pretende-se uma escrita em harmonia com uma norma única, mas apenas nos casos em que a grafia não entra em contradição com a pronúncia culta (norma-padrão) de cada variedade. E esta devida ressalva vale igualmente para o Brasil como para Portugal.
Esse foi, quanto a mim, o desígnio orientador dos investigadores que tiveram a espinhosa missão de redigir o problemático acordo.
Assim, no que a "cedências" específicas de Portugal, PALOP e Timor (tendo este último aderido em 2004) face ao Brasil diz respeito, esta ortografia propõe a eliminação de algumas sequências consonânticas interiores, como cê e pê efectivamente não pronunciados, por exemplo, com o qual palavras como "acção" e "arquitecto"; "adopção" e "Egipto" passarão a ser escritas, respectivamente: "ação" e "arquiteto"; "adoção" e "Egito". Mas não propõe, como se tem ignotamente afirmado, que em vocábulos consagrados nas pronúncias como tal, do tipo "pacto" ou "rapto", se passe incongruentemente a escrever "pato" e "rato"!
Paralelamente, no português do Brasil as alterações específicas passam, efectivamente, pela supressão do trema (não usado em Portugal desde o acordo de 1945) e do diacrítico (acento gráfico) em ditongos ei de palavras graves, presente na ortografia brasileira em vocábulos como "idéia" e "européia". Já a supressão do acento em ditongos oi (do tipo "heróico" e "jibóia") afecta de igual modo a tradição ortográfica de ambos os países (Portugal e Brasil).
O acento circunflexo, igualmente maltratado nos confusos entendimentos sobre o acordo, é também eliminado nas palavras com acento na penúltima sílaba (chamadas paroxítonas ou graves) terminadas em oo, como "vôo" e "enjôo", usado apenas no Brasil, e da 3ª pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo de verbos como "crer", "ler", "dar", "ver" e seus derivados, que passarão a escrever-se, em Portugal como no Brasil, "creem", "leem", "deem" e "veem", respectivamente.
Não se prevê, como é evidente, a eliminação de circunflexo nas 3ªs pessoas do plural das formas verbais "ter" e "vir" no presente do indicativo ("têm" e "vêm", portanto) e suas derivadas «a fim de se distinguirem de tem e vem 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs pessoas do singular do imperativo»(5).
Ora, o que interessa reter desta formulação é que resulta insustentável continuar a afirmar que este acordo ortográfico pretende obrigar os portugueses a escrever de um modo que não falam, por se tratar de uma dominação brasileira ou de uma concessão à academia sul-americana, que não pretende aceitar as evidências linguísticas do outro lado do Atlântico. Ainda por cima, com o argumento invocado da liderança política e económica, sem se questionar pelo facto de uma língua não se impor nem pela economia nem pela política, mas sim pelo seu legado cultural(6). Portugal, convém recordar, é quem tem o mérito da criação de um sistema linguístico e da divulgação da matriz de onde surgiram os hábitos verbais e culturais dos brasileiros. A História confirma-nos isso (7).
Em suma, para além das questões de Linguística pura da ortografia em causa (que poderemos discutir mais tarde) - que me obrigam a admitir que certas decisões académicas são, senão inexplicáveis, pelo menos discutíveis - é preciso reconhecer que não há, intrinsecamente, uma intencionalidade de coacção linguística que determine a subjugação do português europeu na expansão neo-imperialista dos brasileiros. Pelo menos desta vez e neste acordo ortográfico, não.

Notas:
1.Vejam-se, a propósito das minhas afirmações, os comentários à implementação do acordo no portal www.sol.sapo.pt , onde aparecem opiniões deste tipo: 1) «[a]agora, sem mais nem para quê, uns traidorezitos apelidados de eruditos querem dar de fiado a estabelecida língua portuguesa a esses pobres indígenas que se estabeleceram na parte mais ocidental da Europa»; 2) «(...) actualmente (ao contrário do séc. XVI) quem é que coloniza quem? até nas telenovelas... e o poderio económico que aí vem? fazem um furo e descobrem 8 mil milhões de barris... o 5º território mais extenso do mundo... "bué" de recursos naturais... Eh pá, isto são factos». Disponível em:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=66779
2.Cfr. «Un acuerdo entre siete Estados revoluciona la ortografía de la lengua portuguesa. Las nuevas normas consagrarán de hecho la sustitución del portugués por el brasileño» Por Nicole Guardiola - Lisboa - 07/01/1991- Disponível em www.elpais.com
3.Cfr. «Acordo Ortográfico: O que vai mudar quando estiver em vigor. Os efeitos não serão imediatos - mas a disposição recentemente anunciada pelo governo português de aprovar até ao final do ano o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa poderá ter desfeito algumas dúvidas, atenuado reticências, dissipado mesmo suspeições de "bloqueio"». Por Lusa - 11/11/2007 - Disponível em www.diariodigital.sapo.pt
4.Note-se que não há referência alguma à palavra "húmido" no texto do acordo. Das supressões de h propostas, nenhuma afecta a ortografia portuguesa e, ainda, são salvaguardados os casos em que, por força da etimologia, há a manutenção do grafema. Logo, o vocábulo em causa, podemos inferir, mantém a ortografia actual. Cfr. Base II - «DO H INICIAL E FINAL», in Texto oficial do Acordo Ortográfico de 1990.
5.Cfr. Base IX, 5º, c) do texto oficial do Acordo Ortográfico de 1990.
6.Se o argumento da superioridade económica como factor de imposição linguística fosse válido, não se explicaria que apesar do potencial militar, científico, etc. dos ingleses do Séc. XIX, o francês continuasse a ser a ÚNICA língua cultural e de "elite" desse século e de boa parte do seguinte, na Inglaterra inclusivamente.
7.Lembre-se que o Marquês de Pombal impôs o uso obrigatório do português em território brasileiro, mas essa imposição foi quase desnecessária pois a língua já se encontrava aí generalizada ao tempo do Padre António Vieira e suas doutrinas. No Oriente no séc. XVI, só para citar outro exemplo da expansão lusófona, quando a língua franca era o português, todo o rei local dominava a língua ou dispunha de um intérprete de português. Porque quem controlava os meios de comunicação, a nível marítimo - para trocas, diplomacia e viagens -, eram os portugueses. D. Manuel I enviava para África e Oriente «mestres de ler e escrever» com o encargo de lá abrirem escolas onde se instruíssem as crianças, e com eles seguiam carregamentos não apenas de catecismos, mas também de livros de leitura em língua portuguesa.

Como disse, e volto a repetir, considero absurdo o Acordo. Quer dizer, em comparação com o que se anda a espalhar aos 4 ventos, este acordo unificador é o paraíso, até porque as alterações até são relativamente lógicas, e as que não o são são mentiras, boatos. Mas de unificador é que não tem nada, porque vamos continuar, e muito bem, a escrever de maneiras diferentes, com base na pronúncia erudita de cada um dos países.

Outra questão que é muito levantada pelos editores tem como base o prejuízo que eles vão ter em revisão e reedição das suas obras. "É pá", em caso de editoras de livros de estudo e manuais escolares, tudo bem, mas em editoras de livros de ficção não tem lógica nenhuma que isso se faça. Também temos regras de pontuação e não somos obrigados a segui-las (vejam-se os livros do Saramago), por isso acho que não tem lógica obrigar-se os autores a escrever segundo o Novo Acordo Ortográfico.
Da minha parte, nunca esperem ver nada publicado de acordo com o Acordo.

Quanto ao K, W e Y, que vão passar a, oficialmente, fazer parte do nosso alfabeto...
O W, esse, nunca pertenceu ao nosso alfabeto, mas o K e o Y, antes da Reforma Ortográfica de 1911, a ele sempre haviam pertencido. Até essa data, o y era muito usado no português (em palavras como physica, lyra, lyrio, physiologia e estylo).
Portanto o que está a acontecer é um retorno às origens, ainda que continuemos a escrever física, lira, fisiologia e estilo XD
---
Noticia publicada no site da Leya:

LeYa Notícias
Texto vai lançar os primeiros Dicionários do Acordo Ortográfico

[10/03/2008]
Na sequência da ratificação plena do novo Acordo Ortográfico, concluída na passada semana, em Conselho de Ministros, a Texto Editores vai lançar, na próxima sexta-feira, dois dicionários conforme este Novo Acordo e um pequeno guia que visa dar a conhecer as alterações ortográficas por ele introduzidas. As três edições contaram com a colaboração de João Malaca Casteleiro.
Atenta às modificações que o agora plenamente ratificado Acordo Ortográfico irá introduzir na língua portuguesa, a Texto Editores preparou e vai lançar no mercado, esta semana, dois dicionários e um guia elaborados conforme o Novo Acordo Ortográfico. A partir da próxima sexta-feira, 14 de Março, estarão disponíveis o «Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» e o «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico», bem como um pequeno guia intitulado «Atual – O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português». As três obras contaram com a colaboração do Professor, Investigador e Linguista Doutor João Malaca Casteleiro e do seu colaborador Pedro Dinis Correia.
Os dois dicionários que a Texto agora lança são as primeiras obras lexicográficas elaboradas segundo o novo Acordo Ortográfico de 1990 e representam um marco importante na afirmação da lusofonia, uma vez que, dando corpo ao Novo Acordo, seguem, de forma sistemática, as normas nele consagradas, tanto para a variante lusoafricana como para a variante brasileira do Português. Além disso, estas obras foram totalmente actualizadas do ponto de vista lexicográfico e reflectem uma criteriosa e adequada modernização vocabular e uma significativa inclusão de vozes originárias do Brasil e dos países africanos de língua oficial portuguesa.
O «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» integra mais de 250 mil entradas, locuções, idiotismos e vozes da fraseologia e constitui uma obra alargada, de luxo, em caixa de dois volumes, de 1024 páginas cada um, e vendida unicamente como conjunto. Esta edição apresenta um aspecto gráfico inovador, com capa em pele branca, títulos gravados em relevo a prata e bronze e num tamanho superior ao habitual. Esta edição terá um P.V.P. de 139,90 Euros.
Por sua vez, com 125 mil entradas, locuções, idiotismos e vozes da fraseologia, o «Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Conforme Acordo Ortográfico» integra-se na família de Dicionários e Obras de Referência da marca UNIVERSAL e apresenta-se como uma edição para uso diário em ambiente académico, profissional ou outro. O P.V.P. deste dicionário será de 38, 50 Euros.

O livro «Atual – O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português» é um guia acessível e de consulta rápida sobre as principais mudanças no acordo. Apresentará um preço de 4, 90 euros.
Estas três obras são hoje as únicas no mercado elaboradas conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.


Bem, o acordo ainda não está aprovado e está a gerar muita controvérsia entre o povo português (mesmo associações como a APEL estão contra – ver discurso do representante [Rui Beja] aqui - de salientar a parte em que ele disse que, com a implementação deste Acordo, o trabalho levado a cabo durante mais de três décadas para a elaboração do maior e mais completo dicionário da nossa língua, o «Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa», teria sido em vão; «Foi obra! Continua a ser obra! Caso este Acordo Ortográfico viesse a ser aplicado, passaria a ser lixo para largas dezenas de milhares de portugueses que o adquiriram; sem qualquer ganho para a língua portuguesa!», disse ainda.) e, por isso, acho precipitada a acção da LeYa. Já adquiri o Houaiss e, mesmo que o Acordo venha a ser implantado, vou escrever como sempre escrevi, pelo que o dicionário não passa a ser lixo, não para mim. Agora, caso o Acordo não ande para a frente, será sim um grande prejuízo para a LeYa.
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Outra coisa que detestei nele foi o facto de ser considerado obrigatório para todos os nove países com língua oficial portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor) quando três deles o ratificassem.
Não é, definitivamente, democrático. Devia ser com maioria, pelo menos.
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Atenção ainda a outro pormenor: aqui as ortografias divergentes são as do Brasil, de um lado, e as de Portugal, dos PALOP, dos locais de língua oficial portuguesa na Ásia e Timor, do outro. Isto é, o único país que está “contra” nós é o Brasil.
O Acordo só irá para a frente se formos parvos.

O Estado da Literatura em Portugal (II)

Um pouco na continuação de O Estado da Literatura em Portugal, gostaria de citar um post publicado às 12h07 no Blogtailors - O Blogue da Edição, chamado "Nova Secção nas Estantes".

Não podia concordar mais.

Monday, April 7, 2008

O Estado da Literatura em Portugal

«Não sou um escritor de referência, mas daqui a 10 livros... quem sabe?"
Cláudio Ramos, à VIP (citado ontém na revista do 24horas, p. 06).

Primeiro foi a Carolina Salgado, agora o Cláudio Ramos... Nem sei o que dizer.


PS: Quero ver se hoje ou amanhã repondo aos comentários às blogações anteriores ;-)

Saturday, April 5, 2008

Conflito Israelo-Palestiniano

Bem, eu pensei que o problema se estava a resolver, mas parece que não. Qual não foi o meu espanto quando, ao chegar à 45ª página do nº 146 [Abril 2008] do Courrier Internacional, me deparo com um artigo traduzido do Yediot Aharonot, de Telavive, com o titulo “Como aterrorizar Gaza sem matar”. Logo o título fez-me repudiar o artigo (e a headline «Gases lacrimogéneos e música ensurdecedora… Para acabar com os tiros de “rockets” do Hamas, o comentador israelita Guy Bekhor propõe soluções no mínimo curiosas» ainda mais), mas eu li-o e agora venho aqui falar um pouco sobre o assunto com vocês.

Acho que, em primeiro lugar, os media passam uma imagem muito distorcida do conflito israelo-palestiniano. Penso que qualquer pessoa que não se interesse pelo assunto e não o aprofunde pensará, com base em tudo o que se houve na TV, rádio e imprensa, que os palestinianos são uma cambada de terroristas que gostam de se fazer explodir contra os israelitas.
Mas a questão não é assim tão simples.
O povo da palestina está ligado, como todos estamos, à sua terra, ao seu país (ou nação, chamem-lhe o que quiserem). E a sua terra é onde se localiza actualmente Israel, desde há quase um milénio e meio. O seu país é a Palestina, aquele pedaço de terra entre o Mediterrâneo e a Jordânia, delimitada na fronteira este pelo Rio Jordão e pelo Mar Morto, com uma área pouco superior à do Alentejo. É um facto, e é desumano retirar a nação a um povo. E foi o que os judeus lhe fizeram. Começaram a fixar-se na Terra Santa contra a vontade do povo palestiniano. “Pá”, é certo que aquela é a Terra Santa e que é a terra destinada aos judeus e tudo mais, mas os palestinianos também são gente, e não são mais ou menos que os outros. O que está lá a acontecer desde há meio século é um autêntico genocídio. Não há outro nome para o que os israelitas (se calhar é melhor chamar-lhes israelitas em vez de judeus, porque os judeus não são todos israelitas; ainda assim, é importante frisar que nem todos os israelitas concordam com o que está a acontecer, e a outros tantos é feita uma lavagem cerebral permanente por parte dos media) fizeram (e ainda fazem) ao povo palestiniano. Já ouvi apontarem o Holocausto nazi como uma desculpa, o que é totalmente absurdo. Quanto muito, por terem vivido o Holocausto, e por o terem sentido na pele, deveriam saber o quão horrível isso é e esforçarem-se ao máximo para que isso não voltasse a acontecer. Não por culpa deles. Mas, ainda assim, é importante deixar claro que o Holocausto em nada foi responsável pelo genocídio do povo palestiniano. Quer dizer, não posso afirmar isto como uma verdade absoluta, até porque não sou um perito num assunto, mas pelo menos foi o que Moshe Mizrahi, um cineasta israelita apoiante da paz, disse a Kenizé Mourad quando esta lhe perguntou se, caso «…não tivesse existido o Holocausto, pensa[va] que teria havido um Estado judaico?»; passo a citar a resposta: «Absolutamente. Os alicerces do Estado de Israel já existiam na Palestina nos anos 30. Cinco a seis mil judeus viviam na Palestina, camponeses, operários, falavam hebraico, língua morta há dois mil anos. A entidade nacional na Palestina existia bem antes do Holocausto. O conflito judaico-palestiniano, as revoltas palestinianas de 1929 e de 1936 contra a colonização judaica, a Haganah, que depois deu origem ao exército israelita, tudo isso existia bem antes do Holocausto. O Holocausto só fez com que o processo se acelerasse, não o criou» (excerto presente na obra O Perfume da Nossa Terra, de Kenizé Mourad, uma jornalista francesa, em que é relatada a estada da autora/jornalista na Palestina e Israel, durante a qual falou com inúmeros militantes e vítimas, tanto palestinianas como israelitas, do conflito).
Mas afinal, o que fizeram de tão mal os israelitas?
Se bem sei, a imigração em massa de judeus para a Terra Santa remonta ao final do século XIX. O povo palestiniano sempre se opôs e, de certa forma, a administração britânica sempre a foi tentando conter. Depois da guerra, enfraquecida por ela e pelos conflitos dentro da própria Palestina, a Grã-Bretanha vê-se obrigada a entregar a administração daquele território à ONU. Perante o aumento dos conflitos, em 1947, a ONU deliberou a partição daquele país em dois estados: o Estado Judeu, que ficava com 53% dos territórios, e o Estado Árabe, que ficava com 47%. Tendo em conta que havia apenas 700 mil judeus para 5 milhões de palestinianos, não foi muito justo. Mas ainda assim, era aceitável.
Menos de meio ano depois, já em 1948, é assinada a Declaração de Independência do Estado de Israel, de forma alguma aceite pelo povo palestiniano. Por isso mesmo, no dia seguinte Israel é atacada por sete exércitos de países da Liga Árabe. Israel, ainda actualmente conhecida por ter um dos melhores exércitos do mundo, derrota-os e grande parte dos 750 mil palestinianos que se haviam refugiado nos países vizinhos ficam impedidos de voltar às suas terras.
Não vale a pena discutir aqui quem tem razão e quem não tem. Provavelmente, por mais que se discutisse, não se chegaria a um consenso. Não consigo precisar datas agora, mas o mais grave começou mais recentemente. Mesmo nos dois territórios que supostamente constituem o Estado Árabe, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os israelitas insistem em manter as suas tropas/autoridades/whatever. Já não bastava terem ficado com metade do território palestiniano com uma população equivalente a pouco mais de 10% da nativa como também insistem em não deixar a outra metade em paz. A Autoridade Nacional Palestiniana supostamente detém o controle sobre assuntos de segurança e civis nas áreas urbanas palestinianas (chamadas "Área A"), e controle civil sobre as áreas rurais palestinianas ("Área B") mas, ainda assim, a autoridade israelita proíbe, por exemplo, a construção de casas fora dos limites das aldeias palestinianas (a orla das casas já construídas), destruindo sem piedade qualquer habitação erigida fora delas.
E, para não falar dos quase-constantes-e-intermináveis recolheres obrigatórios, é desumano o isolamento a que os israelitas sujeitam os territórios palestinianos (mais a Faixa de Gaza que a Cisjordânia), quer seja em termos de abastecimento de água e combustíveis (não permanentemente, pelo menos até agora; mas parece que não está fora de questão fazê-lo: «seria necessário, como é evidente, (…) cortar de uma vez por todas o fornecimento de combustíveis a Gaza (…)», diz Guy Bekhor, no artigo do Courrier que referi no início deste texto, o que assusta), quer seja em vias de comunicação (neste ponto, é importante referir a destruição da pista de aterragem do Aeroporto Yasser Arafat, em Gaza, pelas Forças de Defesa de Israel, que por isso esteve activo por apenas dois anos – assim, no que toca a transportes aéreos, a Faixa de Gaza está apenas acessível por helicópteros, visto só ter um heliporto operacional).
Poderia ainda referir mais inumanidades por parte dos israelitas, como por exemplo a necessidade de um visto que pode demorar semanas (meses? anos?) a ser concedido para viajar da Cisjordânia para a Faixa de Gaza (ou o inverso), mesmo por motivos de saúde, mas vou ficar-me por aqui. E isto tudo nos territórios que, segundo os acordos que eles assinaram, fariam parte de um Estado Árabe, totalmente independente, no qual para além disso insistem em manter (e criar) colonatos israelitas.
E não se pode dizer que seja falta de vontade de negociar por parte dos palestinianos, que despenderam vários anos na elaboração de acordos que, no final de tudo, o governo israelita não aceita ou não cumpre.
E depois os media ainda têm o descaramento de passar uma imagem negativa dos palestinianos bombistas!!! Eles gastam anos das suas vidas em negociações infrutíferas e depois querem o quê? Que se rendam à vontade dos israelitas, que ainda têm o prazer de publicar artigos em que sugerem inundar «toda a Faixa de Gaza de gases lacrimogéneos, a intervalos cada vez mais curtos», ensurdecer os palestinianos com «altifalantes gigantescos [que] emitiriam ruídos aterradores de sirenes de alarme, explosões e gritos estridentes, de dez em dez minutos, 15 em 15 e, em seguida, de hora a hora», e regar os «militantes do Hamas com tinta vermelha», com o objectivo de fazerem com que os civis, «esgotados por não conseguirem dormir, com os olhos a arder por causa dos gases lacrimogéneos, as orelhas a zumbir e a roupa manchada de tinta vermelha», parassem com as suas próprias mãos os ataques “terroristas” do Hamas. Mas o pior é que a imprensa traduz e publica estes artigos, classificando as soluções sugeridas como «curiosas».
E a comunidade internacional permanece impávida «porque os judeus têm influência e as pessoas receiam ser rotuladas de anti-semitas. Mas, somos nós, judeus, os responsáveis hoje do anti-semitismo. Fazemos que as pessoas duvidem do valor moral do judaísmo» (disse Jeremy Milgrom, um rabino contra a guerra, quando entrevistado por Kenizé Mourad – mais um excerto d’ O Perfume da Nossa Terra). Eu não duvido do valor moral do judaísmo (pessoalmente, duvido mais do valor moral católico), duvido é do valor moral dos membros da “alta sociedade” israelita que escondem a verdade dos membros das camadas mais baixas (que nem sequer se perguntam porque será que os palestinianos se rebelam contra os israelitas e se fazem explodir em centros urbanos importantes), com total apoio dos media (e não só nacionais).
Eu, com esta blogação, quero mostrar a verdade ao povo português. Não que esta vá ser lida por muita gente; provavelmente metade dos que se decidirem a começar a lê-la (que vão ser poucos, presumo) não chegarão a esta parte final, tal é o tamanho disto. Mas, para tentar que essa minoria ainda seja um pouco significativa, vou enviar um mail a introduzir a blogação e o blog, pedindo que reenviem. Mesmo que já conheçam o blog e eu já vos tenha falado deste texto é provável que, no momento em que estejam a ler isto, já tenham recebido um mail, e espero que o tenham reenviado a todos os vossos contactos. Pode ser que, assim, se vá tomando conhecimento da situação real deste confl... hum… genocídio.
Mas pronto, se nada mudar nos próximos 20 anos, que é o mais provável, não há que ter preocupações, já que cerca de metade dos 2,5 milhões de habitantes da Cisjordânia tem menos de 15 anos e, na Faixa de Gaza (pedaço de terra com 360 km2, onde foram encavalitados 1,5 milhões de habitantes – se quiserem utilizar um termo de comparação, o Algarve tem cerca de 5000 km2), 48% da população tem menos de 14 anos. Portanto, com um crescimento populacional extremamente elevado e com rapazes a verem os seus amigos a servirem de alvos aos soldados israelitas, é normal que o ódio em relação aos israelitas se mantenha (ou cresça?). E é como disse o rabino israelita contra a guerra, que já referi: «Daqui a cinquenta anos os palestinianos serão mais numerosos que nós, seremos uma minoria a governar a maioria, o que não poderá durar e redundará inevitavelmente em desastre.»
Eu sou totalmente a favor da paz, mas não condeno os palestinianos que apenas matam civis porque não têm possibilidades de matar militares. Sim, tenho pena dos israelitas que morrem devido aos ataques bombistas, mas é a única forma de eles resistirem, por isso apoio-os totalmente.
Mas se nada se conseguir resolver nos próximos 50 anos, que é o que vai acontecer se houver uma continuidade na (in)acção dos países ocidentais, eles finalmente terão uma grande superioridade numérica, por isso vão ter alguma hipótese.
Que tudo se resolva pelo melhor, de preferência pela via pacífica, e o mais rápido possível!


(Primeira imagem retirada da wikipédia, mapa editado por mim, e últimas três imagens tiradas daqui)